08/03/2013

La merveilleuse odyssée d’Oliver Rameau et de Colombe Tiredaille











Greg (argumento)
Dany (desenho)
Éditions du Lombard
Bélgica, 1984
220 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado



Numa determinada terça-feira, eram 9h17, dois passageiros desciam do comboio na estação de Turelurette. O facto era tão estranho quanto esta embirrante mania da exactidão se revelaria daí para a frente nesta belíssima série aos quadradinhos que uma imagem vista de relance num blog (a que não consegui regressar para o citar aqui) me deu uma vontade irresistível de reler.
Como resultado, trago hoje o álbum de estreia – a sua história foi originalmente publicada em 1968 – e prometo voltar com outro(s).
Os dois passageiros referidos davam pelos nomes de Oliver Rameau e M. Pertinent, eram auxiliares de notário e com eles, aos poucos iremos descobrir um mundo de sonho, poesia e fantástico, onde se entra tomando um comboio de paragens facultativas, cujo bilhete se paga em beijos ou sorrisos e de que parte da linha é subaquática, para chegar a um lugar onde há uma secretária “que quase não dá erros de ortografia”, armaduras a pescar, flores que nascem em pedras, governantes que só pensam em comer e dormir, habitantes tão curiosos como fantásticos como uma sineta, um espantalho andante ou uma fatia de tarte de creme, e onde se pode pescar a lua no fundo dos rios…
São estas as primeiras impressões de um país chamado Rêverose - Sonharosa na versão portuguesa da revista TIntin - e cuja capital é Halucinaville, um país onde pensar é deprimente, onde todos se divertem, se alimentam dos seus sonhos e de coisas intangíveis como raios de luar ou brilho do sol, em suma um lugar onírico onde só podem chegar os poetas e os puros de espírito, em tudo o oposto do “verdadeiro-mundo-onde-nos-aborrecemos”, a certeira designação que os seus habitantes dão ao local onde nós, leitores, infelizmente, vivemos, nos aborrecemos e preocupamos tanto.
Em “La merveilleuse odyssée d’Oliver Rameau et de Colombe Tiredaille” que serve, antes de tudo, de introdução à série, a aventura começa quando o protagonista é levado pelos ares pelo pássaro Razibous, que tem a particularidade de ter na extremidade do bico uma máquina de rapar cabelo, com a qual, para se alimentar, faz razia nas cabeças (não) pensantes do país.
Forma-se então uma expedição de socorro em que, juntamente com o prático M. Pertinent e a bela Colombe Tiredaille, podemos encontrar um limpa-chaminés clássico, uma elegante bailarina, um leão falante, um anão de jardim com o seu carrinho de mão ou uma domadora.
Como sempre acontece (nos sonhos) o gentil e corajoso Oliver, a deslumbrante Colombe e os seus surpreendentes amigos, vão viver belas aventuras e acabar por vencer os perigos pela força da amizade, da entreajuda e da poesia.
Dany com um traço solto e sedutor, dá vida ao sonho e à poesia que Greg trabalha com imensos trocadilhos, muito humor, uma sátira mordaz ao nosso quotidiano e uma pitada de aventura fantástica.
Série publicada em Portugal na revista Tintin, sem igual no panorama da BD franco-belga de então, Oliver Rameau conta 11 álbuns – que tenho em edições diferentes da Lombard, da P&T e da Dargaud! – entretanto integralmente compilados em quatro tomos pelas Éditions Joker, que incluem também as histórias curtas da série e cuja (re)leitura aconselho vivamente.


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