Parece inevitável. Volto, mais uma vez, à questão da
história, que recentemente serviu de base a uma série de textos aqui no blog.
O mote - mais um diferente – é desenvolver a história quando
o sucesso bate à porta.
Espreitem o que escrevi, já a seguir.
Abri o texto com um “parece inevitável” e possivelmente é
mesmo, porque a história, para mim, é o mais importante de uma banda desenhada
(um livro, um filme, uma série…).
No caso presente, Death Note arrancou com muita força, mas aparentava uma duração curta - apenas umas 1000 pranchas,
algo irrisório para a escrita em manga…
A verdade é que o sucesso – Death Note tornou-se um manga de
culto – aparentemente levou (os autores? os editores? ambos?) à introdução de
novos desenvolvimentos que, no entanto, provocaram uma quebra no ritmo e na
história (por volta dos volumes #5 e #6).
Relembro que na origem deste manga está um caderno que
permite ao seu dono matar quem quiser desde que escreva nele o nome dessa
pessoa. Associado a esse caderno está um deus da morte – um shinigami – e uma
série de regras quanto à forma de matar.
Tendo-se tornado possuidor por acaso de um desses cadernos,
perdido pelo seu shinigami, Light Yagami decide utilizá-lo para tornar o mundo
um local melhor, desatando a matar criminosos. Isso acaba por dar nas vistas,
levando a polícia japonesa a criar uma força própria para investigar o caso,
que integra o pai de Light, liderada pelo misterioso L.
Grande parte da história até aqui fez-se do confronto mental
entre essas duas grandes inteligências – Light e L – descrito de forma
brilhante e atractiva.
Agora, ultrapassada essa fase – terão que ler o volume #7
para descobrir como – a história levou uma grande volta, das quais a mais
importante é o facto de Light passar a estar face a dois adversários igualmente
inteligentes. Ou seja, os autores tiveram que imaginar novas personagens, situações e cenas, sem perder a estrutura e a coerência do que já estava para trás.
E, passada a indecisão já citada, tudo indica que reencontraram o
rumo e o ritmo da narrativa e esta
volta a ganhar força – acredito eu, pois nunca vi o anime derivado da
BD e só nesta edição da Devir descobri Death Note – a caminho do final.
Não só pela nova dimensão que o duplo confronto lhe confere,
mas pela forma como é acentuada a caracterização de Light, que vive cada vez
mais em função do desafio, tornando marginais as (aparentemente) boas intenções
que inicialmente o motivaram e levando-o a usar aqueles que mais de perto o
rodeiam como meros peões no seu (cada vez mais) perigoso jogo,
Se a opção tomada foi de certeza compensadora em termos
financeiros – Death Note duplicou, pelo menos…, o número de páginas e de
volumes -, neste momento estou inclinado para afirmar que em termos artísticos
e narrativos, apesar da oscilação sentida a meio – acabou por também ser
positiva.
Faltam quatro volumes (sensivelmente um ano?) para o
confirmar.
#7 – Zero
#8 – Alvo
Tsugumi Ohba
(argumento)
Takeshi Obata
(desenho)
Devir
Portugal, Novembro
de 2013/Fevereiro de 2014
130 x 190 mm, 200
p., pb, brochado
9,99 €
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