O Papiro de César,
36.º álbum das aventuras de Astérix, é colocado à venda hoje, para alegria dos muitos
fãs da série, que esperavam por esta história há dois anos.
A autoria, pela segunda vez, está entregue ao argumentista
Jean-Yves Ferri e ao desenhador Didier Conrad, aprovados por Albert Uderzo,
forçado a abandonar a série devido à idade e a problemas de saúde, e Anne , filha
de René Goscinny, pela estrutura editorial e pelos leitores, depois do bom
acolhimento que teve Astérix
entre os Pictos, há dois anos, que vendeu 5,4 milhões de exemplares,
aumentando para mais de 365 milhões de álbuns as vendas totais de Astérix em
todo o mundo.
A pré-apresentação pública aconteceu na semana passada, na
Torre Eiffel, em Paris, mas na verdade, para além da divulgação da capa, pouco
mais foi revelado, continuando a nova aventura, até ontem à meia-noite,
conhecida apenas de um pequeno número de pessoas directamente ligadas à sua
criação, produção e distribuição, todas elas obrigadas a acordos de
confidencialidade muito rígidos. Desta vez, nem sequer a imprensa teve direito
a leitura prévia, sendo essa primazia concedida “aos leitores que fizeram o
sucesso da personagem e do seu universo”.
Apesar disso, está confirmado que desta vez Astérix e Obélix
ficarão confinados à sua Gália natal, mantendo a tradição de intercalar uma
aventura ‘caseira’ com uma grande viagem, como foi o caso da ida à Caledónia
(Escócia) no álbum anterior.
Sabe-se igualmente que a intriga gira em torno de um papiro
relacionado com A Guerra das Gálias,
o livro (realmente) escrito por Júlio César, mantendo-se assim a base histórica
da série, e da tentativa de manter em segredo um erro nele incluído: a
afirmação de que César conquistou toda a Gália. E, claro, que haverá confrontos
com piratas e romanos, como não poderia deixar de ser.
O 36.º álbum das aventuras de Astérix e Obélix tem uma
tiragem inicial de 4 milhões de álbuns, metade dos quais destinados ao mercado
de língua francesa, e o português é uma das 20 línguas diferentes em que ele
está disponível a partir de hoje, tendo algumas livrarias aberto à meia-noite
para atender os fãs mais impacientes!
Em França, o álbum está disponível em três versões
diferentes: a tradicional, por 9,95 € ; um álbum de luxo, com fac-simile e
desenhos inéditos, tiragem de 12 mil exemplares, vendido por 35,00 € ; um
estojo, com o álbum, croquis e o guião (112 p.), com uma tiragem limitada de
1500 exemplares, numerados e assinados pelos autores, que custará 199,95 €.
Novas personagens
O núcleo duro dos protagonistas das aventuras de Astérix
está definido particamente desde a sua estreia, em Outubro de 1959 e é
constituído por Astérix, Obélix, o druida Panoramix, o chefe Matasétix, o bardo
Cacofonix e mais um punhado de gauleses (e gaulesas). Faltava apenas Ideiafix,
o cão de Obélix, que foi adoptado aquando de A Volta à Gália, em 1965.
Para além destes, Júlio César, para sua grande dor de
cabeça, é a única personagem recorrente ao longo dos álbuns, embora outras
façam várias aparições, como acontece com a rainha Cleópatra e o seu belo
nariz.
Em O Papiro de César,
Ferri e Conrad introduzem oito novas personagens, mas apenas duas assumem importância
decisiva no desfecho da história.
O primeiro é Bónus Vendetudus, conselheiro de César, que
desempenha o papel de principal vilão na narrativa e cujo visual foi inspirado
em Jacques Séguéla, o célebre publicitário francês.
Quanto a Gerapolémix, inspirado em Julian Assange (e que
esteve para se chamar Wikilix), tenta revelar a mentira existente em A Guerra
das Gálias.
Se os voltaremos a encontrar ou não, é algo que para já está
no segredo dos deuses.
O novo álbum terá um triplo lançamento no nosso país, pois
estará disponível nas versões portuguesa e mirandesa, em que se intitula L Papiro de César, e também numa edição pop-up.
Em relação à versão em mirandês, não é a primeira vez que isto acontece, pois outros dois
álbuns já tiveram edição neste idioma: Astérix L Gaulês (Astérix o gaulês, o
álbum inicial da série) e L Galaton (O Grande Fosso, o primeiro que Uderzo assinou
a solo).
No total, as aventuras do pequeno guerreiro gaulês, já foram
traduzidas em 111 idiomas e dialectos.
Efeito Astérix
Para além de afastar – no mercado francófono em especial - para
datas mais oportunas o lançamento de outros livros, para fugirem à sombra do
mediatismo do novo Astérix, o novo álbum fez reacender o interesse pelo
universo criado por Goscinny e Uderzo.
Entre outros casos passíveis de serem citados, ficam dois
exemplos: a edição
especial da revista Geo, intitulada L'Histoire
de la Gaule vue par nos héros, e
a emissão filatélica (e não só) dos correios alemães.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de
22 de Outubro de 2015)
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