O bom, velho
Spiderman
O infindável
recomeço das origens dos heróis da Marvel – e também da DC… – pode obedecer
a diversos desideratos: a colagem a um filme prestes a estrear, a sua
actualização no tempo para se adaptar a novas gerações, um reboot do universo,
um regresso após a morte…
No caso de Spidey
a intenção era recuperar o espírito juvenil adolescente da criação original,
adaptado aos dias de hoje.
Por isso nele (re)encontramos Peter Parker de volta à escola
(de onde na verdade aqui nunca saiu), ainda atormentado por Flash Thompson, nas
primeiras (tímidas e insípidas) aproximações a Gwen Stacy. Um Peter Parker já
mordido por uma aranha radioactiva, às voltas com os primeiros – e ainda
lineares – vilões, nas suas primeiras versões: Dr. Octopus, Homem-Areia, Duende
Verde, Lagarto, Abutre…
Um Peter Parker dividido entre os estudos, a procura de um
trabalho para ajudar a Tia May a pagar as contas, a vender as primeiras fotos
ao Daily Bugle, na sua faceta de
Homem-Aranha que lhe toma cada vez mais tempo.
Um Peter Parker protagonista de histórias simples, lineares,
que não obrigam ao conhecimento de décadas de saga e recomeços, para mais
recheadas de acção e humor.
Histórias contadas por Robbie Thompson sempre de forma
diferente, entrando directamente na acção ou com preâmbulos de diferente
extensão, começando (quase) no final, ou fazendo vários rodeios até lá chegar.
Primer Dia, que
compila os comics #1 a #6 da versão
EUA, apresenta uma característica que muitos leitores abominam e outros tantos
questionam: desenhadores diferentes, mais a mais com estilos gráficos se não
opostos, pelo menos completamente díspares.
O inicial, de Nick Bradshaw, muito pormenorizado, a obrigar
a leitura atenta, mas também feito de planos generosos e de uma planificação
muito dinâmica, com diversas splash pages,
que frequentemente ultrapassa os limites que as vinhetas deviam impor, e a
sequência, assinada pelo português André Lima Araújo, mais limpo e contido, mais
‘europeu’ (atrevo-me a escrever), de leitura mais directa e próximo de uma
divisão das pranchas tradicional, mas com as vinhetas a conduzirem o leitor ao
ritmo e na sequência que ele estabeleceu.
Ambos eficazes, ambos apelativos, um e outro certamente com
diferentes apreciadores, ambos contribuindo decisivamente para este regresso às
origens do bem, velho Spiderman de que todos gosta(va)m e recordam.
Spidey #1: Primer día
Colecção 100% Marvel HC
Inclui Spidey #1 a #6 (EUA, 2016)
Robbie Thompson
(argumento)
Nick Bradshaw e André
Lima Araújo (desenho)
Panini Comics
Espanha, Março de
2017
ISBN: 9788490949030
175 x 265 mm, 144 p. cor, capa dura
15,00 €
(imagens da edição original norte-americana; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua
extensão)
A questão de desenhadores diferentes foi algo que me irritou sobremaneira no StarWars da Planeta Agostini...
ResponderEliminarJá disse várias vezes que não sou seguidor de comics (no sentido de bd made in america), pelo que não estava habituado
E simplesmente odiei isso
Nos comics e normal e o exemplo Star Wars nem e dos melhores a troca mal se nota,e muito pior se compares com este exemplo ou por exemplo o recente Suicide Squad rebirth,e uma coisa comum em comics,etc
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