Adaptar
Tenho tido uma relação desigual com as obras de Marcelo
Quintanilha.
Descobri-o - agradavelmente - em Sábado dos meus amores (2009), reencontrei-o no muito interessante Tungsténio
(2014), fiquei deslumbrado com o avassalador Talco de Vidro (2015) e, depois, desiludido com Hinário Nacional (2016).
O Ateneu (2012), um
regresso ao passado criativo do autor pela Polvo, é uma adaptação literária que
proporcionou o ‘nosso’ reencontro mais recente.


Quanto à fidelidade ao original - se de alguma forma a utilização
do texto de Pompeia para isso contribui - penso que ela foi conseguida, com
Marcelo Quintanilha a explorar graficamente os subentendidos da narrativa de 1888,
sem nunca tornar explícitas as insinuações, os sentidos dúbios, as referências
e as alusões desta história passada num colégio interno para rapazes.
A opção por um grafismo diferente - algo que Quintanilha tem
feito regularmente, adequando o seu traço a cada relato - aqui mais barroco e
algo indefinido, a que se acrescenta a opção por vinhetas de pequenas dimensões,
muitas vezes preenchidas apenas com grandes planos ou pormenores ampliados,
ajuda a compor o tom, acentuando a ‘confidencialidade’ que perpassa pelo texto
original.

O Ateneu
Marcelo Quintanilha
A partir do texto de
Raul Pompeia
Polvo
Portugal, Novembro de 2017
190 x 260 mm, 84 p., cor, capa mole com badanas
ISBN: 978-989-8513-73-1
13,99 €
(imagens retiradas de Granadilha Semanal, o blog de Marcelo Quintanilha; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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