Em nome dos ‘Zé Ninguém’
Policial negro de contornos indefinidos, este O Cemitério dos Esquecidos é -
ajustadamente - protagonizado por John Doe - literalmente um ‘Zé Ninguém’ - que
tenta pôr um nome nas lápides anónimas de um cemitério nova-iorquino.
O que o move, as razões da sua demanda, desse serviço que
presta às (vítimas e às suas) famílias, são desconhecidos quando abrimos o
livro e assim continuarão no final. Pelo meio, cruza-se com gente perigosa -
marginais e forças da lei - e, desculpem a expressão, ‘põe nome aos bois’,
sejam eles os desgraçados que a vida ávida despojou de tudo, até da sua identidade,
ou aqueles que para isso contribuíram.
Narrativa com pressupostos originais, negra como o desenho
carregado e sombrio de Azaceta, O
Cemitério dos Esquecidos proporciona uma leitura curiosa, feita de uma só
vez e, para além das suas qualidades intrínsecas, esbate - mais uma vez - as
diferenças - que alguns vêem intransponíveis - entre as obras segundo as suas
origens, leia-se aqui ‘comics americanos e BD franco-belga’.
É, apenas - ‘apenas’ - uma leitura singular aos
quadradinhos, original e estimulante q.b., para proporcionar um momento
agradável se lhe quisermos dedicar uma hora do nosso tempo.
O Cemitério dos Esquecidos
Mark Waid (argumento)
Paul Azaceta (desenho)
G. Floy
Portugal, Janeiro de 2018
170 x 260 mm, 104 p., cor, capa dura
12,00 €
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as
aproveitar em toda a sua extensão)
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