Surpreendentemente - e contrariando a informação na respectiva página oficial do Facebook - chegou ontem aos quiosques e bancas nacionais o primeiro volume da Colecção Integral Astérix e As Leituras do Pedro já o leram.
Já
a seguir, a resposta a todas as perguntas sobre uma colecção que
começa mal, apesar de ser muito aconselhável…
E começa mal logo pela disparidade entre a informação oficial - ausente no site da colecção - e a realidade. E também pelo lançamento simultâneo de duas colecções que terão algum público em comum - esta e Os Heróis Mais Poderosos da Marvel - o que poderá atenuar o efeito de compra por impulso que o preço convidativo dos volumes iniciais sempre provoca.
E começa mal logo pela disparidade entre a informação oficial - ausente no site da colecção - e a realidade. E também pelo lançamento simultâneo de duas colecções que terão algum público em comum - esta e Os Heróis Mais Poderosos da Marvel - o que poderá atenuar o efeito de compra por impulso que o preço convidativo dos volumes iniciais sempre provoca.
Mas,
sem mais delongas, passemos à análise concreta
deste volume inicial.
Formato
Os
álbuns medem 225 x 295 mm, tal como a edição da ASA. A capa é
dura em ambos os casos, mas a actual edição é mais encorpada,
não só pelas 16 páginas adicionais do caderno de extras, mas
também porque o papel é de gramagem superior.
A
opção por papel mate e não
brilhante como o da ASA, beneficia as cores e descansa
a leitura, mas sei que se
trata apenas de uma questão de preferência pessoal.
Para
além disso, neste quesito
específico, a edição da Salvat tem uma mancha de página
ligeiramente superior - ou margens menores, como preferirem - o que
garante um aumento de cerca de 5 % na reprodução das pranchas.
Tradução
A
edição da Salvat é em português - e não em brasileiro como
alguns temiam - e utiliza a tradução - e a nomenclatura - actual da
ASA. Como faz sentido.
Se
por este lado nada há a apontar, o caderno de extras revela alguns
problemas.
Por
um lado, faltou uma revisão (mais cuidada?) para eliminar alguns
erros.
Por
outro, não houve o cuidado de utilizar a versão dos álbuns nas
citações feitas. A título de exemplo, no final da página 61 é
referido um diálogo de O Combate dos Chefes:
“Mais vale ser um elefante do que um ranhoso...” No álbum lê-se:
“Mais vale ser ligeiramente
avantajado do que raquítico...”
Finalmente,
ao longo destes
textos
são feitas referências a outros álbuns, inferindo-se
delas, nalguns casos, que já
foram publicados nesta colecção. Sendo Astérix e
Latraviata o primeiro, isso
apenas serve para baralhar o leitor e para acentuar a falta de uma
revisão (capaz).
Alguns
poderão dizer que são apenas questões de pormenor, mas uma
colecção deste tipo justificava outra atenção - fica o alerta
para álbuns futuros.
Legendagem
Se
esta edição da Salvat utiliza a tradução da ASA, o mesmo não se
passa com a legendagem, que parece ter sido refeita. Com algumas
vantagens, como por exemplo no balão em ‘3D’ da 3.ª vinheta da
página 11 e nalgumas ‘rearrumações’ do texto nos balões, mas
com o desaparecimento sensível e lamentável dos pontos de
interrogação inclinados que são imagem de marca de Uderzo.
Cronologia
Uma
das grandes críticas que tem sido apontada à Colecção Integral
Astérix é a (des)ordem de publicação dos álbuns, aparentemente sem qualquer critério.
Numa
colecção deste género, para mais num país com pouca tradição no
que à BD diz respeito, isso é normal.
Do
ponto de vista comercial, a publicação por ordem cronológica
implicava começar por álbuns graficamente menos conseguidos, o que
poderia afastar alguns leitores. Por outro lado, poderia levar alguns
a comprar apenas a fase de Goscinny e Uderzo, incontestavelmente
superior, sem perda - total - do efeito ‘lombada com
imagem’. A mistura
‘anárquica’ de todas as fases e autores - curiosamente numa
ordem diferente da colecção similar francesa, o que potenciou os
problemas de citações referidos acima - evita este entrave à
editora. A solução poderia ter sido publicar os álbuns fora de
ordem, mas com a numeração cronologicamente correcta, mas isso não
evitaria um rol de outro tipo de críticas.
Conteúdo
Chamar
‘integral’ a uma colecção que
deixa
de fora (os) dois (últimos) álbuns é, no mínimo, uma mentira.
Poderá haver razões contratuais
que a
tal obriguem, mas os leitores mereciam ser
devidamente informados e não
serem tomados
por parvos.
Incluir
nela dois álbuns ilustrados - o excelente Obélix caiu no
caldeirão do druida quando era pequeno e
Os 12 trabalhos de Astérix
- para perfazer os 38 álbuns (de BD) existentes, é apenas tentar
reforçar o logro para os compradores.
Os
extras incluídos - 18 páginas no total - são a grande vantagem desta colecção e o que me
leva a recomendá-la a quem ainda não a tem, ou ainda tem espaço e
dinheiro para duplicar existências.
Ao
estilo dos pequenos livros que acompanhavam As Figuras de Tintin - para que alguns
leitores percebam melhor do que falo - os extras abordam a génese
das obras, situam-nas no tempo, no espaço e na História e/ou
incluem esboços e desenhos preparatórios ou
acessórios. Para um leitor
eventual poderão não ser relevantes, mas para quem gosta de BD são
um atractivo adicional.
Preço
Os
álbuns da ASA custam 10,90 €. Os desta colecção
da Salvat, que trazem mais 16 páginas, custam 10,99 €. É verdade que aqueles se
compram com 10 % de desconto, mas os conteúdos extra - e os brindes para os assinantes (gostava bem de ter aqueles suportes para livros!) - justificam bem
a diferença.
Uma vez que os dois primeiros álbuns têm um preço promocional - respectivamente 2,99 € e 6,99 € - o custo total da colecção será de 404,62 €, divididos por 19 meses.
Periodicidade
A colecção é quinzenal.
Uma vez que os dois primeiros álbuns têm um preço promocional - respectivamente 2,99 € e 6,99 € - o custo total da colecção será de 404,62 €, divididos por 19 meses.
Periodicidade
A colecção é quinzenal.
Astérix
e Latraviata
Custa
escrevê-lo, mas dificilmente a Colecção Integral Astérix poderia
ter começado pior.
Álbum
de 2004, penúltimo assinado a solo por Uderzo, quando a série
entrara claramente em fase descendente, contém uma série de
traições ao espírito original da série - a
introdução dos pais dos heróis, os ‘efeitos especiais’ da
poção que ‘cura’ Astérix, a forma como trata Latraviata após
a beber,
o golfinho que o salva… - que deturpam o posicionamento dos heróis
e deturpam a sua forma de ser.
Não
sei como é que um leitor actual, que não cresceu com Astérix, ‘lê’
este álbum, mas para leitores que o descobriram décadas atrás,
ainda sob a égide de Goscinny, aqueles aspectos são difíceis de
engolir.
Apesar
disso - mas sendo de todo inaceitável - a história em si, que
tem por base o conflito entre César e Pompeio, apresenta
consistência e coerência e Uderzo - como evidencia nalguns
dos seus outros álbuns a solo - até poderia ser um bom
argumentista. A seu favor tem
a recuperação de personagens de álbuns anteriores - com destaque
para Falbala e Tragicomix - as piadas recorrentes - no álbum e na
série, a forma como a narrativa decorre a dois tempos - na aldeia
gaulesa e em Condate, onde estão os pais dos heróis - a introdução
de uma personagem com identidade falsa, com conhecimento do leitor
desde o início, deixando-o pendente do momento da sua revelação…
Tivesse
ele optado
por criar um novo herói e não em continuar
as aventuras
do pequeno
guerreiro gaulês…
Astérix
e Latraviata
Colecção
Integral Astérix #1
Albert
Uderzo
Salvat
Portugal,
6 de Janeiro de 2020
225
x 295 mm, 64 p., cor, capa dura
2,99
€ (preço especial de lançamento)
Para não falar que existe um balão com o texto fora do lugar.
ResponderEliminarSim, é verdade...
EliminarBoas leituras!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarE que já é repetição da colecção Salvat antiga com "novo" nome de 2005.
ResponderEliminarPodia ter começado pior com o O céu cai-lhe em cima da cabeça o auge do trash.
"E também pelo lançamento simultâneo de duas colecções que terão algum público em comum - esta e Os Heróis Mais Poderosos da Marvel "
ResponderEliminarEstá pouco ainda podem trazer mais uma ou 2 tipo Conan,Tex,Batman da Agostini do Brasil vamos saturar ao máximo as bancas
Integral de Thorgal é que era... No seguimento da edição de Comanche
ResponderEliminar