Tentando
tornar mais abrangente - e menos personalizado - o balanço de 2019
que As Leituras do Pedro estão a levar a cabo durante este mês de
Janeiro, foi pedido aos responsáveis das editoras portuguesas com
mais títulos lançados no ano passado, que destacassem (até) três
dos seus títulos e três títulos de outras editoras que gostariam
de ter sido eles a editar.
As
respostas estão a ser publicadas aqui por ordem de recepção, pelo
que já a seguir podem descobrir a a opinião de Ricardo Magalhães,
editor da Ala dos Livros.
Edições
da Ala dos Livros
Escolher
algumas das obras que publicámos na Ala dos Livros em 2019, apesar
de não serem muitas, será sempre injusto para as outras que não
são escolhidas. Por esse motivo esta escolha baseia-se apenas na
importância das obras no percurso da editora ou na forma como
contribuíram para o que consideramos uma evolução na actividade
editorial.
Sem
uma ordem específica de preferência entre estas, que não a
alfabética, das obras publicadas pela Ala dos Livros, destacamos:
A
Morte Viva
Oliver
Vatine e Alberto Varanda
Comanche
Integral 1
Greg
e Hermann
Eu,
Louco
Antonio
Altarriba e Keko
A Morte Viva foi uma obra importante para nós no sentido em que
permitiu colocar em prática, desde o processo de escolha e
negociação do título à sua edição, alguns dos aspectos que
gostaríamos que fossem centrais nas nossas edições. A decisão de
juntar elementos da edição a cores com outros da edição de
formato especial a preto e branco surgiu do que nos pareceu uma
possibilidade de tornar aquela edição diferente, com conteúdos
adicionais, mantendo o tipo de edição que consideramos melhor se
enquadrava no momento da editora e do mercado. O processo de procura
do equilíbrio entre as duas vertentes foi, para nós, muito
importante e contribuiu para definirmos o que pretendemos venha a ser
a imagem da Ala dos Livros.
A
série Comanche tem para nós a particularidade, que poucos leitores
conhecem, de ainda ter sido em parte delineada e idealizada na sua
concepção e divisão, com conselhos do nosso avô Jorge Magalhães.
De certa maneira trata-se também da “sua edição” de uma série
da qual sabemos que gostava muito, e esperamos que seja como ele
gostaria de a ter feito. O volume 1 desta série foi também, como
segundo título de uma nova editora, uma aposta muito forte - até
pelo tipo de edição e formato - o que, como é normal, terá
deixado alguns leitores com dúvidas sobre o que poderia fazer a Ala
dos Livros.
Eu,
Louco é um daqueles livros que por vezes aparecem e somos capazes de
ler para além das imagens. Tendo já trabalhado na tradução do
livro anterior da trilogia, e conhecendo pessoalmente o António
Altarriba, não podíamos deixar passar este título. É um livro
forte e profundo que consegue traduzir de forma brilhante (ou
obscura?) todo o universo de sensações de uma mente perturbada e
atormentada pela sua consciência.
Livros de outras editoras
Novamente
sem ordem de preferência (ou sequer alfabética neste caso), em
relação a publicações de outras editoras, escolhemos 4 títulos:
Indeh
Ethan
Hawke e Greg Ruth
G.
Floy
Conversas
com os Putos e com os professores deles
Álvaro
Polvo
Sentinel
Luís
Louro
Asa
Andrómeda
Zé
Burnay
Edição
de autor e A Seita
Uma
das obras que já tínhamos visto e nos chamou a atenção ainda
antes de ser publicada entre nós foi Indeh. Se no que se refere ao
argumento talvez o tema seja complexo de abordar e de desenvolver
(embora não possa dizer que não esteja bem conseguido), em termos
gráficos é uma obra soberba. Uma excelente edição do José de
Freitas.
Conversas
com os Putos e com os professores deles, do Álvaro, é um dos livros
mais hilariantes (e preocupantes!) que se pode ler. Um género muito
pouco trabalhado e que o Álvaro consegue “apanhar” em pleno.
Vale bem a pena a leitura deste e dos anteriores pela forma como
analisam de forma tão actual (e por vezes quase sarcástica) uma
realidade que, sobretudo para quem também sabe o que é trabalhar no
ensino e formação, consegue ser assustadora. E como ele vos poderá
garantir, aquilo é mesmo a realidade…
O
Luís Louro é daqueles autores de quem dificilmente conseguimos
falar de forma totalmente objectiva. Não só é nosso conhecido como
um amigo de há muitos anos. Além disso, faz parte do restrito
grupos de poucos autores que conseguem ter um universo de cenários e
personagens tão próprios e especiais que se tornam absolutamente
cativantes. Neste Sentinel voltou ainda por cima a presentear-nos com
a participação especial de mais uma caricatura da família e meter
o nosso pai no meio do enredo. Mais do que “de artista” é “de
mestre”. É com grande satisfação que vemos o grande
reconhecimento do público que o Luís obteve (novamente!) em 2019.
Outro
título muito interessante é Andrómeda, do Zé Burnay e que ficou
muito bem retratado na exposição no Amadora BD. Todo o enorme
trabalho anterior na divulgação, promoção e criação da edição
original só podia resultar na mais que merecida edição em
português. Outro daqueles títulos que poderíamos considerar
seriamente.
(clicar
nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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