Depois
de uma série de anos em crescimento e de atingir valores nunca
vistos, o mercado português de BD apresentou em 2019 uma quebra.
Significativa. Ou não.
Nota
prévia
Os
números que se seguem resultam de uma contabilidade feita por As
Leituras do Pedro
e José de Freitas e da sua comparação - e
ajuste - com
a listagem do site Bedeteca Portugal, mas dizem respeito apenas
a
edições com efectiva distribuição comercial. De fora, ficam, por
isso, as edições de autor, os fanzines, os prozines, as edições
institucionais de distribuição limitada…
A
listagem, actualizada mensalmente, não está isenta de lacunas e é
natural que possa faltar uma ou outra edição. Ela está publicada
no final desta entrada e todas as correcções são bem-vindas!
Os
números
Que,
curiosamente correspondem quase integralmente, às 68 edições que a
falida Goody lançou no ano transacto. Ou seja, olhando por um prisma
diferente - os números, sendo exactos, muitas vezes podem ser lidos
conforme queremos… - podemos afirmar que em 2019 até houve um
ligeiro crescimento na edição de BD e que ‘apenas’ se perdeu o
mercado de quiosques e bancas. O que, concordo, não deixando de ser
mau, pode indiciar que o leitor de bancas é um nicho à parte. Ou
que as editoras não os conseguiram conquistar para os livros…
Deixando
de lado esta questão, parece ter havido uma estabilização do
mercado, sendo evidente que este conclusão apenas poderá ser
validada se tiver reflexo também nas
tiragens e no
número de exemplares vendidos, factor de que existem poucos
dados.
Os próximos anos ajudarão a dar uma resposta mais cabal.
Para
além destas edições, há que considerar ainda os 37 volumes das
colecções de bancas/assinatura: Príncipe Valente e Colecção
definitiva do Homem-Aranha, que não sendo edições portuguesas - são brasileiras, distribuídas cá - terão certamente um volume de vendas não negligenciável.
No
campo - bem mais difícil de contabilizar - das edições
‘alternativas’ - independentes, institucionais, de autor… - que
vão do mais simples fanzine à quase edição de luxo, quase
exclusivamente de autores nacionais, terão saído no nosso país
cerca de quatro dezenas de edições.
Editoras
Em
2019 houve 34 editoras a lançar BD no nosso país (33 contabilizadas
em 2018).
Destas, apenas 12 (35,3 %) lançaram 5 ou mais livros e 14 (41,2 %)
lançaram apenas 1 título.
As
12 inicialmente citadas podem ser divididas em três grupos, de
acordo com o número de lançamentos:
Grandes
editoras
119
edições; 52,2 % do total; -76 que em 2018
(1)
- Levoir - 38 edições; 16,7 %; -4
- G. Floy: 35 edições; 15,4 %; +3
- Devir: 25 edições; 11,0 %; -1
- ASA: 23 edições; 10,1 %; -4
(1)
Este valor é obtido em comparação com os números de edição das
‘grandes editoras’ em 2018, o que entra em linha de conta com as
68 edições da Goody
Médias
editoras
50 edições; 21,8 % do total; +27 que em 2018
(2)
- Arte de Autor - 14 edições; 6,1 %; +7
- Escorpião Azul: 13 edições; 5,7 %; +4
- Gradiva: 12 edições; 5,3 %; +7
- Polvo: 11 edições; 4,8 %; -1
(2)
Este
valor é obtido em comparação com os números de edição das
‘médias editoras’ em 2018
Pequenas
editoras
26
edições; 11,4 % do total; +0 que em 2018
(3)
- A Seita: 8 edições; 3,5 %; +8 (4)
- Planeta: 7 edições; 3,1 %; +0
- Ala dos Livros: 6 edições; 2,6 %; +5
- Chili Com Carne: 5 edições; 2,2 %; +2
(3)
Este valor é obtido em comparação com os números de edição das
‘pequenas editoras’ em 2018
(4)
Estão aqui contabilizados quatro títulos que saíram inicialmente
pela G. Floy, mas que em termos contabilísticos das editoras
passaram para o catálogo de A Seita, aquando da formação desta
Outras
editoras
31
edições; 13,6
% do total; -22
que em 2018
Calendarização
Em
termos de lançamentos, mantendo-se
o perfil dos últimos anos, há
dois picos, correspondentes ao Festival de BD de Beja e ao Amadora
BD, sendo os respectivos trimestres bastante mais preenchidos do que
os outros dois.
Em termos mensais, o número de edições
variou entre as 8 e as 37.
A
livraria continua a ser o local privilegiado de venda de BD e todas
as edições aqui contabilizadas passaram por lá. No entanto, 48
(21,1 %) foram primeiro distribuídas em banca e 45 (19, 7 %) tiveram
distribuição inicial com o jornal Público, sendo este último
valor similar ao de 2018.
Origem
Seguem-se
a França/Bélgica com 50 edições (21,9 %) e um ligeiro crescimento - possivelmente menor do que aquele que a percepção indicaria... - e Portugal com 38 edições (16,2 % e mais uma que no ano anterior).
No gráfico ao lado é ainda possível
conferir a diminuição significativa de edições provenientes do Japão e
da Espanha.
Data
original de publicação
Das
edições lançadas em 2019 em Portugal, 47 (20,6 %) eram inéditas
ou tinham sido lançadas originalmente há menos de 1 ano e 98 (45,2
%) tinham sido lançadas nos últimos 5 anos. Ou seja, podem ser
consideradas recentes quase
um terço
dos livros lançados.
Por
outro lado, 44 (19,3 %) tinham 20 ou mais anos.
Género
Se
muitas vezes é difícil classificar uma obra quanto ao seu género,
uma vez que por vezes eles se confundem ou complementam, mantendo o
critério dos últimos anos há uma facto saliente - e expectável
pelo que atrás ficou escrito. As edições de super-heróis tiveram
uma quebra significativa (devido ao desaparecimento da Goody) mas
mesmo assim de apenas 30 unidades, o que significa que houve uma
compensação temática do desaparecimento das edições de
super-heróis (Marvel) de bancas. O que garantiu que continuam a
liderar neste capítulo.
A
Listagem
Segue-se
a listagem de todas as edições de BD editadas em 2019 em Portugal,
ordenada por editora/mês/título.
Actualização: Na listagem abaixo falta o livro O Espírito do Escorpião, da editora Escorpião Azul. Será oportunamente actualizada.
Actualização: Na listagem abaixo falta o livro O Espírito do Escorpião, da editora Escorpião Azul. Será oportunamente actualizada.
Agora
resta aos leitores procurarem os ‘seus’ livros. E, muito
importante, as editoras procurarem os leitores, promovendo o que
editam. Para que possam continuar a fazê-lo.
Boas leituras!
Vocês são os meus super herois favoritos! Grande trabalho!
ResponderEliminar"quase integralmente, às 68 edições que a falida Goody lançou no ano transacto. Ou seja, olhando por um prisma diferente - os números, sendo exactos, muitas vezes podem ser lidos conforme queremos… - podemos afirmar que em 2019 até houve um ligeiro crescimento na edição de BD e que ‘apenas’ se perdeu o mercado de quiosques e bancas. O que, concordo, não deixando de ser mau, pode indiciar que o leitor de bancas é um nicho à parte. Ou que as editoras não os conseguiram conquistar para os livros…"
ResponderEliminarIsso é fácil nenhum do Conteúdo que sai para Livrarias Marvel/Dc tem menos de 5 anos ou mais e nao é Mainstream como era o da Goody.
Estás completamente errado. O Cavaleiro Negro e o Maldito, os Príncipe Encantado das Trevas, o Doomsday Clock, etc... são coisas BEM recentes. Tal como o Jessica Jones e a Ms. Marvel têm uns 4-6 anos.
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