31/01/2020

Foi assim: Janeiro 2020

Um comentário crítico a um mês aos quadradinhos

Pormenores. Abertura. Erros. Sugestões. Mais vistas. Citação. E ainda…

Pormenores
Ou ‘pormaiores’, como dizia o outro. São pequenos aspectos que valorizam as edições, as tornam especiais e mais apetecíveis mesmo para aqueles que já as têm.
Refiro-me ao refinamento das edições nacionais, cada vez mais próximas das importadas que ainda há poucos anos faziam as delícias dos coleccionadores.
Exemplos: o formato generoso de (entre outros) Dois Irmãos (G. Floy), os pormenores em verniz localizado na capa de Os Escorpiões do Deserto (Ala dos Livros) e a sua impressão num preto e branco muito contrastado, a textura das capas de A Morte Viva (Ala dos Livros) ou Os Cavaleiros de Heliopólis (Arte de Autor), o formato ‘grande’ franco-belga da colecção Eles fizeram História (Gradiva)…
Estamos aqui, estamos a querer ex-libris e outros mimos do género...

Abertura
Ala dos Livros, Arte de Autor, Devir, Escorpião Azul e G. Floy revelaram - ao portal Central Comics - quais os seus títulos mais vendidos no ano passado. Mesmo que essa divulgação funcione (também) como uma forma de marketing, a abertura que implica é de saudar, ainda mais quando comparada com a situação vigente há 10, 20, 30 anos, quando tudo o que dizia respeito à edição de BD no nosso país era objecto de segredos (de polichinelo) e segredinhos.
A par disto, consultadas por As Leituras do Pedro, boa parte das editoras de BD abriram os seus planos editoriais, libertando mais de 120 dos títulos que prevêem lançar em 2020. Sensivelmente metade dos que sairão, previsivelmente. Mais do dobro dos que foram revelados na mesma altura, no ano passado.
É bom para os leitores, que escusam de andar atrás das edições estrangeirras; é bom para os editores porque os leitores esperarão pelas suas edições [que hoje em dia nada ficam a dever às estrangeiras...].

Erros
No melhor pano (pode) cai(r) a nódoa e ninguém está livre de errar.
Depois do balão fora do sítio em Astérix e Latraviata (Salvat), Andrómeda ou O Longo Caminho para Casa, de Zé Burnay, traz impresso na lombada: ‘Andrómneda’ em lugar de ‘Andrómeda’. A Seita, que o edita, já assumiu o erro e vai fazer uma sobrecapa para o ‘esconder’. A falta de reclamações públicas até ao momento, dá a ideia que ninguém - poucos? - até agora repararam mas, antes que comecem a chover pedras, sugiro aos editores - e aos leitores - a audição do podcast Revisaré preciso!, da autoria do Universo HQ.

Sugestões de compras do mês: 178,47
(sugestão de edições portuguesas ou distribuídas comercialmente em Portugal, ordenadas alfabeticamente, recentes, preferencialmente editadas no mês corrente)

Andrómeda, Zé do Burnay (A Seita; 18 €)
Astérix na Hispânia, Goscinny e Uderzo (Salvat; 6,99 €)
Bluberry #6 a #10, Charlier e Giraud (ASA; 39,50 €)
Gideon Falls #1 e #2, Lemire e Sorrentino (G. Floy; 32 €)
Churchill #1 e #2, Delmas, Kersaudy, Regnault e Cammardella (Gradiva; 33 €)
O Pacto da Letargia, Prado (Ala dos Livros; 24,90 €)
Os Escorpiões do Deserto #1, Hugo Pratt (Ala dos Livros; 23,99 €)

As Leituras do Pedro em Janeiro
  • 13 textos de opinião (9 dos quais comentário de obras lidas e os restantes integrados no Balanço de 2019)
  • 8 notícias de lançamentos
  • 4 entradas noticiosas
  • 10 entradas diversas (a maior parte dos quais dedicadas ao Balanço de 2019)

As entradas mais vistas
(só são consideradas as entradas de produção própria)

Citação do mês
- FAUT-IL AVOIR PEUR DE LA CINQUANTAINE, EN  DÉFINITIVE ?
- Non ! C’est une période où des signes du vieillissement apparaissent de façon inéluctable et visible. On a l’impression qu’on passe le col et qu’on entame la descente… Mais on n’a jamais l’impression d’avoir l’âge qu’on a. On a toujours une représentation de soi-même dix, quinze ou vingt ans en arrière. D’ailleurs, plusieurs fois, depuis la sortie de l’album, des lecteurs m’ont dit que j’avais un peu «chargé» Yvan, pour son âge. En fait, je fais des tests. C’est difficile de se rendre compte de l’âge qu’on fait. Mais quand on en parle à nos compagnes, elles nous disent: «Vous rigolez, les gars, vous n’imaginez pas ce que c’est pour nous, avec la ménopause!» À 50 ans, il y a souvent des difficultés à affronter, comme on le voit sur la couverture, avec la métaphore des caisses d’objets, qui représentent les problèmes à gérer pour ses parents, ses enfantsMais c’est aussi une période où l’on retrouve la liberté.

E ainda
(+) Metanoïde, um argumento de David Boriau, desenhado pelo português Nuno Plati, foi lançado em França no dia 8 deste mês.
(+) Em França, 2020 vai ser o ano da BD. O projecto tem por título BD2020- La France aime da 9.éme Art.
(+) Uma das primeiras iniciativas no âmbito do ano da BD em França, foi a inauguração de uma estátua de René Goscinny, em Paris.
(+) Emmanuel Guibert, Granmde Prémio de Angoulême 2020.

(-) Não soa a surpresa, apenas a triste confirmação do (já) óbvio: a Devir anunciou este mês o que há muito se tinha percebido: o cancelamento da edição nacional de The Walking Dead é definitivo, após 14 volumes. Desentendimentos com o licenciador e vendas insuficientes foram os motivos apontados.

(clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão; clicar nos textos de cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

1 comentário:

  1. Sobre a temática dos erros, já na edição de Dampyr «O suicídio de Aleister Crowley», o nome de do desenhador Michele Cropera surge na lombada como Ceopera... por isso presumo que o pessoal já não ligue muito às lombadas da Seita rsrsrsrs

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