Um comentário crítico a um mês aos quadradinhos
Pormenores
Ou
‘pormaiores’, como dizia o outro. São pequenos aspectos que
valorizam as edições, as tornam especiais e mais apetecíveis mesmo
para aqueles que já as têm.
Refiro-me
ao refinamento das edições nacionais, cada vez mais próximas das
importadas que ainda há poucos anos faziam as delícias dos
coleccionadores.
Exemplos:
o formato generoso de (entre
outros)
Dois
Irmãos
(G. Floy), os pormenores em verniz localizado na capa de Os
Escorpiões do Deserto
(Ala dos Livros) e a sua impressão num
preto e branco muito contrastado, a textura das capas de A
Morte Viva
(Ala dos Livros) ou Os
Cavaleiros de Heliopólis
(Arte de Autor),
o
formato ‘grande’ franco-belga da colecção Eles
fizeram História
(Gradiva)…
Estamos
aqui, estamos a querer ex-libris e outros mimos do género...
Abertura
Ala
dos Livros, Arte de Autor, Devir,
Escorpião Azul e G. Floy revelaram - ao
portal Central
Comics -
quais
os seus títulos mais vendidos no ano passado. Mesmo que essa
divulgação funcione (também) como uma forma de marketing, a
abertura que implica é de saudar, ainda mais quando comparada com a
situação vigente há 10, 20, 30 anos, quando tudo o que dizia
respeito à edição de BD no nosso país era objecto de segredos (de
polichinelo) e segredinhos.
A
par disto, consultadas por As Leituras do Pedro, boa parte das
editoras de BD abriram os seus planos editoriais, libertando mais de
120 dos títulos que prevêem lançar em 2020. Sensivelmente metade
dos que sairão, previsivelmente. Mais do dobro dos que foram
revelados na mesma altura, no ano passado.
É
bom para os leitores, que escusam de andar atrás das edições
estrangeirras; é bom para os editores porque os leitores esperarão
pelas suas edições [que hoje em dia nada ficam a dever às
estrangeiras...].
No
melhor pano (pode) cai(r) a nódoa e ninguém está livre de errar.
Depois
do balão fora do sítio em Astérix
e Latraviata
(Salvat), Andrómeda
ou O Longo Caminho para Casa,
de Zé Burnay, traz impresso na lombada: ‘Andrómneda’ em lugar
de ‘Andrómeda’. A Seita, que o edita, já assumiu o erro e vai
fazer uma sobrecapa para o ‘esconder’. A falta de reclamações
públicas até ao momento, dá a ideia que ninguém - poucos? - até
agora repararam mas, antes que comecem a chover pedras, sugiro aos
editores - e aos leitores - a audição do podcast Revisaré preciso!,
da autoria do Universo HQ.
Sugestões de compras do mês: 178,47
€
(sugestão
de edições portuguesas ou distribuídas comercialmente em Portugal,
ordenadas alfabeticamente, recentes, preferencialmente editadas no
mês corrente)
Andrómeda, Zé do Burnay (A Seita; 18 €)
Astérix na Hispânia, Goscinny e Uderzo (Salvat; 6,99 €)
Bluberry #6 a #10, Charlier e Giraud (ASA; 39,50 €)
Gideon Falls #1 e #2, Lemire e Sorrentino (G. Floy; 32 €)
Churchill #1 e #2, Delmas, Kersaudy, Regnault e Cammardella
(Gradiva; 33 €)
O Pacto da Letargia, Prado (Ala dos Livros; 24,90 €)
Os Escorpiões do Deserto #1, Hugo Pratt (Ala dos
Livros; 23,99 €)
As Leituras do Pedro em Janeiro
- 13 textos de opinião (9 dos quais comentário de obras lidas e os restantes integrados no Balanço de 2019)
- 8 notícias de lançamentos
- 4 entradas noticiosas
- 10 entradas diversas (a maior parte dos quais dedicadas ao Balanço de 2019)
(só
são consideradas as entradas de produção própria)
Citação
do mês
- FAUT-IL AVOIR PEUR DE LA CINQUANTAINE, EN DÉFINITIVE ?
- FAUT-IL AVOIR PEUR DE LA CINQUANTAINE, EN DÉFINITIVE ?
- Non
! C’est une période où des signes du vieillissement apparaissent
de façon inéluctable et visible. On a l’impression qu’on passe
le col et qu’on entame la descente… Mais on n’a jamais
l’impression d’avoir l’âge qu’on a. On a toujours une
représentation de soi-même dix, quinze ou vingt ans en arrière.
D’ailleurs, plusieurs fois, depuis la sortie de l’album, des
lecteurs m’ont dit que j’avais un peu «chargé» Yvan, pour son
âge. En fait, je fais des tests. C’est difficile de se rendre
compte de l’âge qu’on fait. Mais quand on en parle à nos
compagnes, elles nous disent: «Vous
rigolez, les gars, vous n’imaginez pas ce que c’est pour nous,
avec la ménopause!» À
50 ans, il y a souvent des difficultés à affronter, comme on le
voit sur la couverture, avec la métaphore des caisses d’objets,
qui représentent les problèmes à gérer pour ses parents, ses
enfants…
Mais
c’est aussi une période où l’on retrouve la liberté.
E ainda
(+)
Metanoïde,
um argumento de David Boriau, desenhado pelo português Nuno Plati,
foi lançado em França no dia 8 deste mês.
(+) Em
França, 2020 vai ser o ano da BD. O projecto tem por título BD2020- La France aime da 9.éme Art.
(+)
Uma das primeiras iniciativas no âmbito do ano da BD em França, foi
a inauguração de uma estátua de René Goscinny, em Paris.
(+) Emmanuel
Guibert, Granmde Prémio de Angoulême 2020.
(-)
Não soa a surpresa, apenas a triste confirmação do (já) óbvio: a
Devir anunciou este mês o que há muito se tinha percebido: o
cancelamento da edição nacional de The
Walking Dead
é definitivo, após 14 volumes. Desentendimentos com o licenciador e
vendas insuficientes foram os motivos apontados.
(clicar nas imagens para as apreciar em toda a
sua extensão; clicar nos textos de cor diferente para saber mais
sobre os temas destacados)
Sobre a temática dos erros, já na edição de Dampyr «O suicídio de Aleister Crowley», o nome de do desenhador Michele Cropera surge na lombada como Ceopera... por isso presumo que o pessoal já não ligue muito às lombadas da Seita rsrsrsrs
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