01/10/2020

Quino (1932-2020)

 

Num ano negro para a BD, partiu mais um Grande Senhor dos quadradinhos.

Conhecido mundialmente como criador da Mafalda, foi muito mais do que isso: foi um autor atento ao nosso mundo, uma voz que nunca se calou na denúncia dos abusos, da prepotência, das injustiças e das desigualdades, através de um traço vivo e expressivo e de um sentido de humor subversivo e repleto de nonsense, que tantas vezes se torna incómodo quando aponta (também) para nós.

Cruzei-me - é forma de escrever - com ele duas vezes: a primeira, na minha primeira sessão de autógrafos, no Porto, em 1984 (14 de Novembro), quando me assinou um livro (apropriadamente) intitulado penso, logo existo; a segunda, através da sua obra, quando em 2014 tive a oportunidade de escrever um texto para a edição Toda a Mafalda - Edição comemorativa dos 50 anos (Verbo), que podem ler já a seguir.


Os meus encontros com Quino e Mafalda

Não me lembro da primeira vez que encontrei a Mafalda.

Em contrapartida, tenho bem presente a primeira vez que encontrei Quino. Foi há cerca de 30 anos, numa livraria portuense que já não existe enquanto tal, numa sessão de autógrafos.

Foi ele o primeiro autor de BD com quem estive e, desse primeiro – e único – encontro com Quino, se esqueci as palavras – de circunstância, com certeza – que trocamos, guardo uma foto – em que dificilmente hoje me reconheço – e um livro – penso, logo existo – com o meu primeiro autógrafo, uma simples assinatura. E a certeza que esse breve momento foi (mais) um impulso em prol da (minha) vida activa na promoção e divulgação da BD.

Quanto à Mafalda, tenho tido a sorte de a reencontrar recorrentemente. Em efemérides como este aniversário. A propósito de (re)nova(da)s reedições – como este livro que tem nas mãos. Quando as suas palavras – cristalizadas no tempo mas que o tempo não cristalizou – fazem sentido no presente – e isso (ainda) acontece tantas vezes... Ou simplesmente porque e quando me apetece.

40 anos depois de Quino a ter deixado, podemos (tentar) imaginar quais seriam as posições da Mafalda hoje. Adepta de fast food ou reorientada para a defesa da tradicional sopa? Utilizadora do Facebook para melhor – melhor? – divulgar as suas opiniões? Reafirmando as suas posições anti-americanas ou – como tantos – mais uma desiludida ex-apoiante de Obama?

Se isto são dúvidas – que Quino nunca esclarecerá – sabemos, sem sombra de dúvida, o que durante 10 anos a Mafalda defendeu.

E – com menos ajustes do que quarenta anos passados fariam prever – constatamos – mais uma vez – como as suas ideias e posições continuam a fazer (tanto) sentido. Na sua actualidade e na capacidade de nos fazer sorrir – mas também reflectir. 
É, também, por isso que "Toda a Mafalda – Edição Comemorativa dos 50 anos" é – mais – um pretexto – desnecessário – para um novo (re)encontro com a mais (re)conhecida contestatária dos quadradinhos.


Três sugestões de leitura


  


Mafalda: uma década que vale meio século



(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão ou nas capas para saber mais sobre as obras)

2 comentários:

  1. Eu com 4 anos e este homem já tinha tocado em Quino! Um dos maiores sem dúvida! Fica a obra.

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    Respostas
    1. Ahahahah!
      Fica uma bela obra, propícia a...
      ...boas leituras!

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