Atrozmente simples, mas...
Vamos
imaginar que neste tempo - em qualquer tempo - ser assassino
contratado é uma profissão como outra qualquer. E imaginemos que
nesta/nessa
época,
alguém é contratado para recuar 50 (ou mais) anos no tempo e matar
Adolf Hitler, antes da ascensão do nazismo mergulhar a
Europa e o
mundo numa guerra atroz
que
provocou milhões de mortos.
Esta
é a base de Yo
maté a Adolf Hitler.
Mas…
Mas, com aquele mote, Jason - autor norueguês (!) que sigo de forma intermitente e já trouxe aqui e a que regresso graças a uma chamada de atenção de Mário Freitas no Facebook - Jason, escrevia eu, aproveita para explorar de forma brilhante a temática das viagens no tempo e os paradoxos por elas criados e, mais ainda, e de forma ainda mais bem conseguida, para abordar a questão dos sentimentos, dos relacionamentos e a forma como o tempo - e os modos… - os condicionam. E à História também (ou não...)
Dirão alguns - e eu subscrevo - que na verdade o autor subverte as suas premissas e nos leva - a nós, seus leitores - para bem longe do que o título nos fazia prever.
Mas, outra vez, que interessa isso se, em contrapartida, somos presenteados com uma obra original e única, inesperada e surpreendente, estimulante e desafiadora, que nos faz reflectir e pensar - e questionar o que somos (pensamos ser) e fazemos - apesar de, no traço e na forma, poder parecer atrozmente simples e vazia (como os olhos das personagens, este o único pecadilho que não perdoo ao autor).
Mas não, não se deixem enganar: com uma linha clara, plana e de colorido simples, duas ou três personagens e dois momentos narrativos, é mesmo possível mostrar e dizer tanto.
Yo
maté a Adolf Hitler
Jason
Astiberri
Espanha,
2017 (3.ª edição)
170
x 240,
48
p.,
cor,
capa cartão
com badanas
12,00
€
(imagens disponibilizadas pela Astiberri; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão; clicar no texto a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
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