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27/03/2013

Leituras Novas - Março


Os textos, quando existem, são da responsabilidade das editoras.
Algumas das edições aqui apresentadas podem ter sido editadas anteriormente,
mas só agora tomei conhecimento delas.

ASA
Astérix - A Rosa e o Gládio
(reedição: miolo com novas cores)
Goscinny e Uderzo

Há uma revolução na Aldeia de Astérix!
Esta história gira em torno da condição feminina, com várias peripécias com as mulheres no centro da acção. É talvez o único dos livros da Astérix em que as mulheres são protagonistas!
O primeiro episódio leva ao abandono da aldeia pelo bardo, farto de bárbaros e vexado pelas senhoras da aldeia que, não contentes com a educação ministrada pelo ele aos seus filhos, contratam Maestria, uma mulher bardo de Lutécia, para o substituir.
Maestria incentiva as suas irmãs gaulesas a dizer não à tirania masculina. A revolta instala-se, as aldeãs usam bragas, e Boapinta quer ter assento no Conselho da Aldeia. Até o exército romano submete as suas legiões às regras da paridade...
A lendária galanteria gaulesa posta à prova, vista por um Albert Uderzo mais inspirado do que nunca!

Astérix – O Grande Fosso
(reedição: miolo com novas cores)
Goscinny e Uderzo

Entre os Gauleses, o caldo entorna-se!
Numa pequena aldeia semelhante à de Astérix, sucedem-se as querelas. Giradix e Segregacionix reivindicam ambos o lugar de chefe. Não conseguindo chegar a consenso, a solução escolhida é radical: a aldeia é dividida ao meio por um grande fosso, que torna cada metade, administrada por um dos dois chefes, inacessível à outra!
Isto é uma autêntica tragédia para Comix, o corajoso filho de Giradix, e para Fanzine, a encantadora filha de Segregacionix, cuja bela história de amor está condenada pelas rivalidades dos respetivos pais. No entanto, a desgraça de alguns faz a alegria de outros, neste caso a do ignóbil Acidonitrix, um sinistro manipulador com cabeça de arenque em salmoura, que já se imagina casado com a bela Fanzine...
Para Comix, isto é a gota de água, e lá vai ele para a Aldeia de Astérix em busca da ajuda dos Irredutíveis Gauleses.

Corto Maltese – A Juventude (Capa Dura)
Hugo Pratt

Em 1981, o jornal francês Le Matin encomendou a Pratt uma banda desenhada, a ser publicada em episódios ao longo desse ano.
Pratt começa por narrar os bastidores da guerra entre a Rússia e o Japão, na Manchúria de 1905. Desenha as trincheiras escavadas pelos soldados japoneses e o orgulho dos oficiais, a debandada das tropas russas e a loucura de uma situação na qual alguns continuam a massacrar-se apesar de a guerra ter acabado. Ele fez de Jack London, o escritor americano e correspondente de guerra, o artesão do encontro e da amizade entre Rasputine e Corto Maltese.
E quando a história de Pratt termina antes do tempo, em consequência de um desentendimento com o editor, a história como que por magia não ficará inacabada, mas passa a ser uma outra história. "A Juventude" será um relato sobre a amizade e a honra, sobre a liberdade, a loucura e o rigor.

Corto Maltese - Helvéticas (Capa mole)
Hugo Pratt

"O percurso de Corto Maltese na Suíça parece ser apenas um sonho; na verdade, é uma autêntica viagem iniciática que Corto realiza com a aparente simplicidade divertida e descontraída de um Pratt que consegue pairar entre os mitos e as mensagens esotéricas.
Existirá realmente uma fronteira entre a vida e a morte?
Por quantas provas é preciso passar, quantos degraus é preciso subir, quantas portas é preciso abrir para ter o "dom de vida"?
Parsifal, Klingsor, Kundry e Hermann Hesse cruzam o caminho que conduz Corto ao conhecimento do Graal, no qual poderá finalmente beber da nascente."


Associação Turbina
“Crónicas de Arquitectura”
Pedro Burgos

Durante o triénio de 2009-2012, Pedro Burgos publicou a sua “Crónica Desenhada” no JA – Jornal Arquitectos, publicação oficial da Ordem dos Arquitectos – ao ritmo trimestral de 1 página. Respondendo ao convite do arquitecto. Manuel Graça Dias, que então assumiu a direcção editorial do JA, esta crónica constituiu uma colaboração regular sob a forma de banda desenhada, transformando os sucessivos temas lançados pela revista em pequenos “ensaios” gráficos, o que permitiu abordar as convenções, ambições e frustrações do meio arquitectónico num registo aparentemente “lúdico” e naturalmente autocrítico visto Pedro Burgos ser arquitecto de formação e profissão. Nesta compilação das pranchas produzidas para o JA, ganha-se agora uma crónica inédita – especialmente escrita por Manuel Graça Dias – e juntam-se os esboços que antecederam o desenho final de cada uma das páginas.

Bertrand Editora
Paco Roca

«Durante muitos anos confinada ao gueto da BD, a novela gráfica vem conquistando cada vez mais autonomia como género literário e espaço de experimentação narrativa.» José Mário Silva, Expresso
Emílio, um bancário reformado, sofre de Alzheimer e é internado num lar de terceira idade. Rodeado de vários outros idosos, cada um com um quadro «clínico» distinto e com uma personalidade bem vincada, vai aprendendo as diversas estratégias para combater o tédio e a erosão da rotina.
Ao mesmo tempo, Emílio e os seus companheiros vão tentando introduzir, num quotidiano marcado por medicamentos, refeições, «terapias ocupacionais» e sestas de duração indefinida, alguns vislumbres de encanto e alegria de viver.
«Paco Roca trata este tema com grandeza. Um livro que encanta, atrai e entretém… um puro feitiço melancólico, desde a magistral capa até à última página.» Público
«Rugas é uma narrativa acerca da batalha contra o envelhecimento. Uma batalha sem armas, mas não isenta de lágrimas.» Le Monde
«É de destacar o talento com que Paco Roca aborda o tema do envelhecimento, evitando o melodrama e com pinceladas de um humor delicioso.» El País
Premio Nacional de Cómic do Ministério da Cultura Espanhol
Prémio Melhor Obra e Melhor Guião do Saló Internacional del Cómic de Barcelona

Prix de la Critique da ACBD, França


Edições Culturais da Marinha
A Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul
A. Vassalo


Chili Com Carne
Kassumai
David Campos

Segundo volume da colecção LowCCCost - porque é realmente barato viajar lendo estes livros de viagens.
Depois de uma "Boring Europa", a Associação Chili Com Carne, edita agora uma experiência mais excitante e exótica na Guiné-Bissau pela mão de David Campos.
Kassumai (saudação Felupe): uma palavra para designar: Liberdade, Paz e Felicidade...
David Campos visitou a Guiné-Bissau entre Novembro de 2006 e Maio de 2007 no âmbito de um projecto de apoio à população de S. Domingos, numa parceria entre uma O.N.G., a Acção para o Desenvolvimento, e a Câmara Municipal do Montijo. Durante a sua estadia apaixonou-se pelas pessoas que conheceu e este livro, mais que um relato de viagens neste país africano, é um diário fragmentado de vivências e contactos humanos feitos pelo autor entre o seu trabalho como voluntário e os seus tempos livres.
O autor nasceu em 1979 em Medons La Florett (França) mas veio para Portugal aos 4 anos, crescendo no Montijo. Tirou o curso de Formação Profissional de Desenho Animado (ETIC) e também o de Escrita para Multimédia e Audiovisuais, e na Ar.Co o curso de Ilustração e BD. Trabalhou em Cinema de Animação, têm editado alguns fanzines e participado em algumas antologias da Associação Chili Com Carne, nomeadamente Destruição ou bandas desenhadas sobre como foi horrível viver entre 2001 e 2010 e Futuro Primitivo.

Gradiva
Estar Morto é o Contrário de Estar Vivo
Jerry Scott e Jim Borgman

Um novo álbum da família já conhecida dos leitores, que retrata a angústia, as contrariedades e as alegrias vividas pelos pais de adolescentes.
Uma colecção imperdível, das mais criativas e originais da actualidade, considerada duas vezes como Best Newspaper Comic Strip pela National Cartoonists Society norte americana. Não vai querer perder mais esta série de tiras que, com muito humor e imaginação, nos dá em directo as aventuras e desventuras da família Duncan!

Saída de Emergência
O Cavaleiro de Westeros #2 – A espada ajuramentada
George R. R. Martin, Dunk, Egg

Uma história fascinante sobre honra, violência e amizade no mundo de: A Guerra dos Tronos
O continente de Westeros é o cenário onde se desenrola a saga de George R. R. Martin, as Crónicas de Gelo e Fogo. A Espada Ajuramentada decorre cem anos antes de A Guerra dos Tronos, com o reino em paz e a dinastia Targaryen no auge do seu poder.
Dois anos após provar o seu valor no torneio de Vaufreixo e determinado em tornar-se um grande cavaleiro, Sor Dunk faz-se à estrada junto com o seu companheiro Egg e chegam ao feudo de Sor Eustace, um cavaleiro idoso cuja glória sobrevive apenas na memória de feitos há muito realizados. Perante um feudo assolado pela seca, Dunk e Egg envolvem-se numa disputa de território entre Sor Eustace e a Senhora Rohanne, mais conhecida como a Viúva Vermelha tal é o rasto que deixa de maridos e irmãos falecidos. Dunk vê a sua lealdade perigosamente testada ao deixar-se seduzir pela beleza de Rohanne, mas para evitar o derrame de sangue e a morte, tudo deverá fazer para alcançar a paz entre ambos os lados que parecem estar condenados à guerra…


Sanktio Comix
MiniZine Nº2
Chaka Sidyn, Armando Mártires, Peebo Mondia, Rafael Desquitado e Quico Nogueira

Após alguns atrasos inesperados o MiniZine Nº02 está finalmente disponível.
Após um primeiro número onde predominava o drama urbano o segundo número apresenta também duas histórias de ficção-científica e acção.
Pode ser literal ou só sentimental, mas o luto é algo que todos fazemos, e em alguns casos, várias vezes. Os pormenores podem variar, mas o essencial permanece sendo esses aspectos que são explorados em as 5 fases do luto, uma história ilustrada por Armando Mártires.
Os invasores do Espaço, como o próprio título indica é uma história de ficção científica ilustrada por Peebo Mondia que evoca o espirito das histórias da EC Comics da década de 50.
Depois de séculos de subserviência, obediência e exploração os escravos
de D€U$ pegaram em armas clamando pelos seus direitos em Revolução, um história ilustrada por Rafael Desquitado.
Os argumentos e balonagem das 3 histórias é da responsabilidade de Chaka Sidyn, sendo a ilustração da capa da autoria de Quico Nogueira.
O Minizine número dois de momento encontra-se disponível só em formato digital e gratuito, sendo possível ler clicando na imagem acima ou efectuando download.


Edição de Autor
Agonia Sampaio
Fantasia



20/03/2013

Rugas











Paco Roca
Bertrand Editora
Portugal, Março de 2013
160 x 240 mm, 104 p., cor, brochada com badanas
16,60 €




Pode uma história ser a um tempo divertida, assustadora e terna?
A resposta é sim e “Rugas” é um exemplo disso.
Nele, o espanhol Paco Roca, numa linha clara magnífica – que me obriga a acompanhar cada novo título seu - compila uma série de episódios – reais – indiscutivelmente divertidos - quando observados à distância… - sobre o envelhecimento e as suas consequências: doenças, cismas, falta de memória, perda da noção do tempo…
O que se provoca pelo menos sorrisos bem-dispostos, também provoca alguns calafrios, se lidamos regularmente com situações do género ou se anteciparmos que poderemos ser um dia protagonistas de episódios similares…
E esse desconforto acentuar-se-á se à situação anterior acrescentarmos o retrato duro que Roca traça dos lares de idosos, tantas vezes armazéns de seres humanos que esperam a morte ou autênticos estabelecimentos prisionais nos quais os utentes não têm direitos, apenas deveres. Locais frios e inóspitos, raramente familiares, quase sempre impessoais, com o tempo – parado… - preenchido com rotinas vazias.
Em “Rugas”, tudo começa quando Emílio, um ex-bancário reformado, com princípios de Alzheimer, é “depositado” pelo filho num lar. Aí, vai conhecer Juan, ex-locutor de rádio que só repete o que os outros dizem; Sol, sempre à procura de um telefone para ligar à filha; Rosário, permanentemente em viagem para Istambul no Expresso do Oriente; Dolores e Modesto, casal amoroso que tenta manter a relação - e resistir ao inevitável? - agarrado a um pequeno segredo de juventude… E Miguel, de uma alegria (que tenta) contagiante, de uma (pequena) rebeldia militante, que tenta fazer da(quela) vida algo que (ainda) vale a pena.
Entre os quotidianos vazios, a repetição de situações, as perdas momentâneas de noção da realidade - que podem tornar tão dolorosos os períodos de lucidez – o desconhecimento de quem o rodeia, o apagamento progressivo da memória ou o vazio de uma espera por um fim anunciado, Roca, com uma imensa ternura - que toca mas também choca - vai mostrando a progressão da doença que as últimas páginas acentuam com o desaparecimento do rosto dos interlocutores de Emílio, a progressiva indefinição do traço ou mesmo o aparecimento de vinhetas completamente brancas…
Tudo sintetizado, com invulgar felicidade, na belíssima e marcante capa em que o protagonista, Emílio, à janela de um comboio, de cabeça (literalmente) aberta, desfruta o vento fresco que ao mesmo tempo lhe retira do cérebro, uma a uma as imagens, as memórias que o mantinham preso à vida…

Nota final
Li “Rugas” na edição original francesa da Delcourt, há uma meia dúzia de anos. E escrevei sobre ele, na altura, num texto entretanto recuperado aqui.
Esta edição portuguesa justificou nova leitura – atenta, interessada, com novas descobertas – e, voluntariamente, a)nova reflexão escrita (a que está acima).
Comparem as duas, se tiverem curiosidade.


04/05/2012

O País dos Cágados













António Gomes Dalmeida (argumento)
Artur Correia (desenho)
Bertrand Editora (Portugal, Abril de 2012)
165 x 245 mm, 88 p., cor, cartonado
18,80 €

Esta é uma banda desenhada de traço divertido e enganadoramente infantil, que retrata em tom sarcástico a história recente de um país habitado por cágados, que avança a passo de tartaruga e tem estranhas semelhanças com Portugal. O relato inicia-se com o nascimento de um certo António de Oliveira Azar, o Cágado das Botas, e decorre até à actualidade, após a subida ao poder de Pedro Cágado Coelho e da sua submissão aos cágados (vampiros…) da troika, comandados pela Tartaruga Berkel e pelo Cágado Jacuzy...
Ao longo de quase uma centena de pranchas, os autores – parceiros de longa data em obras como  “História Alegre de Portugal”, “Super-Heróis da História de Portugal” ou “Romance da Raposa” – introduzem-nos também à Revolução dos Cágados levada a cabo pelos Cágados Capitães que depôs o Cágado Marítimo e o Cágado Morcela, famoso pelas suas conversas na televisão, e a personagens como o Cágado do Monóculo, o Cágado Colares, o Cágado Pinhal, o Cágado Ramalhe, o professor A. Cágado Silva ou o corredor Cágado Zé Sopras-te, sendo que qualquer semelhança entre eles e personagens políticas que bem conhecemos não são mera coincidência.
“O País dos Cágados” foi criado no final dos anos 1970 por Gomes Dalmeida e Artur Correia que, durante quase uma década procuraram sem sucesso editor, tendo optado por uma edição de autor, em 1989, que teve tiragem limitada e distribuição restrita e pode ser lida aqui.
Para a actual edição, os autores acrescentaram mais de duas dezenas de páginas novas, desenvolvendo o capítulo dedicado ao cágado A. De Oliveira Azar e prolongando o relato até aos nossos dias (menos aprofundado do que as épocas anteriores), pois o original terminava com a eleição presidencial ganha pelo Cágado Ramalhe. Para além disso, o álbum agora lançado pela Bertrand Editora tem uma nova capa e é colorido, enquanto que a edição original era a preto e branco.
Apesar do intervalo de tempo que decorreu entre as duas edições, tal facto não é visível graficamente na actual edição, pois Artur Correia conseguiu mimetizar o seu traço de então de forma assinalável.
É verdade que a opção – hoje menos compreensível - por cartuchos de texto sobre as imagens, que frequentemente também incluem balões de fala – torna menos ágil a leitura, pois uns e outras recorrentemente repetem-se, mas também se compreende que a intenção não era recriar completamente a obra mas sim dar-lhe continuidade e uma visibilidade que então não teve mas que indiscutivelmente merece.
Não só pelo traço de Artur Correia, muito expressivo e à vontade no estilo animalístico que prefere – e que já usara em “Romance daRaposa” -, afirmando-se mais uma vez como um dos grandes desenhadores portugueses, mas também pelo texto mordaz e corrosivo de Gomes Dalmeida que, claramente – mas pode ser doutra maneira? – não morre de amores pelos políticos portugueses, perdão, do país dos cágados!

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Abril de 2012)

Nota
Artur Correia e António Gomes Dalmeida, os autores deste livro, estarão amanhã, sábado, 5 de Maio, às 16 horas, na Feira do Livro de Lisboa, para uma sessão de autógrafos.
E no dia 15 de Maio, pelas 18,30, estarão no CNBDI, na Amadora, para uma apresentação do livro a cargo de João Miguel Lameiras.

17/12/2009

Apresentação – O Romance da Raposa

Fernanda Freitas e Pedro Leitão, apresentadores dos programas Sociedade Civil e ZIG ZAG respectivamente, recordam no próximo sábado, dia 19 de Dezembro, a sua própria infância na apresentação de O Romance da Raposa, a (muito recomendável) adaptação desenhada feita por Artur Correia a partir da obra homónima de Aquilino Ribeiro.
A sessão está agendada para as 17h00, na FNAC do Colombo, em Lisboa.

20/09/2009

Romance da Raposa

Artur Correia (argumento e desenho)
a partir da obra de Aquilino Ribeiro
Bertrand Editora (Portugal, Setembro de 2009)
166 x 245 mm, 220 p., cor, capa cartonada

Na moda (de novo…) nos mercados francófonos e norte-americano, a adaptação em banda desenhada de obras literárias, quase sempre clássicas, vai tendo também alguma expressão entre nós. Um dos (bons) exemplos recentes é este “Romance da Raposa” em que Artur Correia transpõe para a 9ª arte o romance homónimo de Aquilino Ribeiro, depois de já o ter usado como base para uma (celebrada) série de desenhos animados de 13 episódios, nos anos 80.
Transpõe ou adapta, sim, o que pressupõe a introdução de diversas mudanças e alterações ou não surja a obra agora num meio narrativo com características próprias, completamente diferente da literatura, o que implica que o labor do argumentista/desenhador vá bem mais além do que o de simples ilustrador, que é o que vem referido na capa deste (belo) livro (enquanto obra e enquanto objecto) – pois é esse o formato escolhido pela editora, que até beneficia o traço de Correia.
Mantendo o espírito da obra, um conto para crianças protagonizado pela raposa Salta-Pocinhas, astuta e sagaz, que ao longo de toda a existência consegue enganar homens e bichos, sempre com o propósito de encher a barriga, Artur Correia, um dos poucos cultores de banda desenhada infanto-juvenil e humorística em Portugal, com a mestria que se lhe reconhece, transformou-a numa sequência gráfica narrativa desenvolta, ritmada pela planificação e pelos diálogos, concisos e do tamanho ajustado, a que se pode apontar apenas a opção (sempre discutível) de manter alguns termos e construções frásicas, hoje em desuso...
A isso, acrescente-se um traço expressivo, ágil, dinâmico – onde se notam influências do percurso paralelo do autor no cinema de animação – e, acima de tudo agradável e atractivo, recheado de pormenores divertidos, que contribui para fazer desta uma obra de leitura agradável e muito aconselhável, para miúdos… e graúdos!

A reter
- O ritmo, a vivacidade, o humor, a legibilidade...

Menos conseguido
- Numa edição cuidada e com óptimo aspecto, é de lamentar a omissão da biografia e da bibliografia do autor.

Curiosidade
- A primeira versão (incompleta) em banda desenhada do “Romance da Raposa” iniciada por Artur Correia, tinha como base os desenhos utilizados no desenho animado.
- Apesar de se intitular “Romance da Raposa”, na net é possível encontrar fotos de uma capa em que se lê “O Romance da Raposa”, inclusivé no site da editora.

(Versão revista do texto publicado no suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

15/09/2009

Sugestão de Leitura: Romance da Raposa

Artur Correia (argumento e desenho)
a partir da obra de Aquilino Ribeiro
Bertrand Editora (Portugal, Setembro de 2009)
166 x 245 mm, 220 p., cor, capa cartonada


Uma deliciosa adaptação do clássico de Aquilino, transformado numa sequência gráfica narrativa desenvolta, ritmada pela planificação e pelos diálogos por Artur Correia, um dos poucos cultores de banda desenhada humorística em Portugal.
A distinção vale o que vale, mas é forte candidato ao “troféu” de melhor álbum português do ano.
Fica garantida uma análise mais detalhada para breve, que já poder ser lida aqui.


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