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15/04/2013

BD Portuguesa trilha novos caminhos







Nos últimos meses têm-se multiplicado os livros de banda desenhada lançados pelos próprios autores ou por pequenos selos editoriais, enquanto se dão pequenos passos na edição online. São formas de os quadradinhos nacionais contornarem a crise e os seus efeitos.

Face a um mercado em recessão e aos altos custos que a distribuição acarreta, são cada vez mais os autores que optam por editarem os seus próprios livros aos quadradinhos ou por o fazerem online ou em projectos editoriais associativos ou de pequena dimensão. O que traz a vantagem acrescida de terem total controle, em termos criativos e de qualidade do produto final, algo que nem sempre acontece nas editoras tradicionais.
Inimaginável há poucos anos, isto só se tornou possível graças às facilidades que as novas tecnologias trouxeram para a edição, permitindo livros de boa qualidade com preços reduzidos e baixas tiragens.
Por isso, muitos dos livros de BD nacionais recentes não passam das duas ou três centenas de exemplares, que são divulgados de boca-em-boca ou nos sites e blogs dedicados aos quadradinhos e vendidos de mão em mão, nas lojas especializadas ou em eventos dedicados à BD, como os festivais de Beja ou da Amadora, que se revelam épocas por excelência para o aparecimento deste tipo de edições.
“Biogra Fria – O pequeno outro” é apenas um dos exemplos. Obra de tom autobiográfico, balizada pelos carros e namoradas que o autor teve, é um lançamento de Topedro, que conta já vários títulos no seu “catálogo” auto-editado.
O mesmo caminho seguiu o cartoonista Mário José Teixeira, que se estreou com “’Tamos tramados”, posfaciado por Manuel Freire, que recolhe cartoons de crítica social.
A um outro nível, registam-se os “Cadernos” de José Abrantes, um autor com mais de duas dezenas de álbuns infanto-juvenis publicados, que optou igualmente pela auto-edição para divulgar histórias dispersas por diversas publicações bem como trabalhos inéditos.
Quanto a “Crónicas de Arquitectura”, de Pedro Burgos, uma recolha de crónicas desenhadas pré-publicadas no jornal da Ordem dos Arquitectos, é o segundo lançamento da Associação Turbina após “Diário Rasgado”, uma compilação de obras originalmente publicadas online por Marco Mendes.
O recurso a pequenos editores, dispensa investimento financeiro por parte dos criadores e, nalguns casos, assegura uma distribuição mais diversificada. O principal exemplo é a Polvo, com quinze anos de vida e quase uma centena de títulos de BD em catálogo, a maioria de autores portugueses, cujos lançamentos mais recentes foram “Han Solo”, relato intimista e autobiográfico de Rui Lacas, e “Há Piores 2”, com o humor mordaz de Geral e Derradé.
A Chili Com Carne, com um trajecto já longo na área da BD alternativa e de autor, acaba de apresentar “Kassumai”, um diário de viagem de David Campos, que ilustra os seis meses que passou na Guiné-Bissau, num projecto de uma O.N.G. de apoio à população local.
Quanto à Kingpin Books, tem-se destacado pelo cuidado editorial com que cada edição é tratada, sendo “O Baile”, uma história de zombies sob o signo da PIDE, no período da ditadura salazarista, de Nuno Duarte e Joana Afonso, o livro mais recente.
A edição online, tem vindo a ganhar espaço. O segundo número do “Minizine”, disponível gratuitamente é um dos casos mais recentes, combinando relatos introspectivos, de acção e de ficção-científica.
Com cerca de quatro anos de vida, o projecto Zona, que aposta na divulgação dos novos valores da BD nacional, tem-se destacado pela sua dinâmica pois já leva editadas uma dezena de antologias aos quadradinhos.
Com títulos reveladores dos conteúdos – “Zona Negra”, “Zona Fantástica”, “Zona Gráfica”, “Zona Monstra” ou “Zona Nippon” - para editar o “Zona Desenha” optou por recorrer ao crownfunding – algo que pode ser traduzido como “financiamento público” (mas não institucional!) – um sistema em crescimento que funciona como uma espécie de assinatura prévia.
O valor recebido, dependendo da dimensão do projecto, serve para financiar a edição, distribuição e/ou o trabalho dos autores. Os financiadores, em função do dinheiro investido (que obedece a uma tabela prévia) recebem apenas a edição ou extras como outros livros, desenhos autografados ou mesmo originais.
Em preparação, abertos a colaboração, estão o “Zona Nippon” #2 e o “Zona Gráfica” #3.
São formas diversas de os autores nacionais darem largas à criação e de conseguirem que as suas obras cheguem aos potenciais leitores que, perante este panorama, são obrigados a uma postura mais interactiva para encontrarem as obras que pretendem ler.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Abril de 2013)


18/03/2013

Kassumai - lançamento














Segundo volume da colecção LowCCCost - porque é realmente barato viajar lendo estes livros de viagens. Depois de uma "Boring Europa", a Associação Chili Com Carne, edita agora uma experiência mais excitante e exótica na Guiné-Bissau pela mão de David Campos.

David Campos visitou a Guiné-Bissau entre Novembro de 2006 e Maio de 2007 no âmbito de um projecto de apoio à população de S. Domingos, numa parceria entre uma O.N.G., a Acção para o Desenvolvimento, e a Câmara Municipal do Montijo. Durante a sua estadia apaixonou-se pelas pessoas que conheceu e este livro, mais que um relato de viagens neste país africano, é um diário fragmentado de vivências e contactos humanos feitos pelo autor entre o seu trabalho como voluntário e os seus tempos livres. 
O autor nasceu em 1979 em Medons La Florett (França) mas veio para Portugal aos 4 anos, crescendo no Montijo. Tirou o curso de Formação Profissional de Desenho Animado (ETIC) e também o de Escrita para Multimédia e Audiovisuais, e na Ar.Co o curso de Ilustração e BD. Trabalhou em Cinema de Animação, têm editado alguns fanzines e participado em algumas antologias da Associação Chili Com Carne, nomeadamente “Destruição ou bandas desenhadas sobre como foi horrível viver entre 2001 e 2010” e “Futuro Primitivo”. 
Lançamento marcado para 22 de Março, às 19h, na Livraria Sá da Costa e ainda no mesmo dia: exposição + festa com unDJ Forrobodó no Adufe Bar, a partir das 22h.


(Texto da responsabilidade da organização)


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