Nos últimos meses têm-se multiplicado os livros de banda
desenhada lançados pelos próprios autores ou por pequenos selos editoriais,
enquanto se dão pequenos passos na edição online. São formas de os quadradinhos
nacionais contornarem a crise e os seus efeitos.
Face a um mercado em recessão e aos altos custos que a
distribuição acarreta, são cada vez mais os autores que optam por editarem os
seus próprios livros aos quadradinhos ou por o fazerem online ou em projectos
editoriais associativos ou de pequena dimensão. O que traz a vantagem acrescida
de terem total controle, em termos criativos e de qualidade do produto final,
algo que nem sempre acontece nas editoras tradicionais.
Inimaginável há poucos anos, isto só se tornou possível
graças às facilidades que as novas tecnologias trouxeram para a edição,
permitindo livros de boa qualidade com preços reduzidos e baixas tiragens.


O mesmo caminho seguiu o cartoonista Mário José Teixeira,
que se estreou com “’Tamos tramados”, posfaciado por Manuel Freire, que recolhe
cartoons de crítica social.

O recurso a pequenos editores, dispensa investimento
financeiro por parte dos criadores e, nalguns casos, assegura uma distribuição
mais diversificada. O principal exemplo é a Polvo, com quinze anos de vida e
quase uma centena de títulos de BD em catálogo, a maioria de autores
portugueses, cujos lançamentos mais recentes foram “Han Solo”, relato intimista
e autobiográfico de Rui Lacas, e “Há Piores 2”, com o humor mordaz de Geral e
Derradé.


A edição online, tem vindo a ganhar espaço. O segundo número
do “Minizine”, disponível gratuitamente é um dos casos mais recentes, combinando relatos introspectivos, de acção e de
ficção-científica.

Com títulos reveladores dos conteúdos – “Zona Negra”, “Zona
Fantástica”, “Zona Gráfica”, “Zona Monstra” ou “Zona Nippon” - para editar o
“Zona Desenha” optou por recorrer ao crownfunding – algo que pode ser traduzido
como “financiamento público” (mas não institucional!) – um sistema em
crescimento que funciona como uma espécie de assinatura prévia.

Em preparação, abertos a colaboração, estão o “Zona Nippon”
#2 e o “Zona Gráfica” #3.
São formas diversas de os autores nacionais darem largas à
criação e de conseguirem que as suas obras cheguem aos potenciais leitores que,
perante este panorama, são obrigados a uma postura mais interactiva para encontrarem
as obras que pretendem ler.