Mário
Freitas (argumento)
Osvaldo
Medina (desenho)
Gisela
Martins e Sara Ferreira (cores e cinzas)
Kingpin
Books
Portugal,
Maio de 2013
185
x 230 mm, 48 p., cor e pb, brochado com badanas
10,50
€
À exígua galeria dos heróis portugueses de banda
desenhada – e entenda-se aqui o termo “heróis” para designar personagens
recorrentes, protagonistas de várias aventuras, pode já acrescentar-se o nome
do SuperPig que, depois de “SuperPig” e “Live Hate”, protagoniza também este
“Roleta Nipónica”.
Apesar disso – e comparativamente com os heróis
já existentes nessa hipotética galeria – SuperPig apresenta (pelo menos) uma
característica que o distingue, o facto de saltar de registo em registo –
gráfico e narrativo – não tanto à procura de si próprio ou do tom mais
adequado, mas sim ajustando esse tom não só ao estilo de cada um dos parceiros
(gráficos) que Mário Freitas – o seu criador – vai escolhendo neste trajecto já
com alguns anos, mas também, de algum modo, aos tempos que se vão vivendo.
Nesse trajecto, desta vez, SuperPig é até pouco
mais do que simples narrador, deixando o protagonismo ao seu pai, que se vê a
braços com um antigo inimigo e uma tríade japonesa, na sequência do rapto
(involuntário e com fins gastronómicos!) do filho.
Sob (alguma) influência manga, a história
desenvolve-se a bom ritmo, merecendo especial atenção a forma como (o texto d)a
narração de Pig alterna/encaixa/contrasta com o respectivo desenho,
ritmando/caracterizando/conduzindo a leitura de forma especialmente bem
conseguida.
Aventura pura, condimentada com algum humor, um
bom ritmo, sequências dinâmicas e algumas surpresas, “Roleta nipónica” – um
título especialmente feliz - se não se trata de uma obra de referência que vai
ficar nos anais da BD portuguesa – seja lá isso o que for – cumpre sem dúvida
um propósito que essa mesma BD portuguesa raramente soube/tem sabido: entreter
e divertir, dentro de assinaláveis padrões de qualidade.
O que, possivelmente, é bem mais necessário nos
tempos que correm, se ainda acreditamos que a banda desenhada nacional pode ter
um futuro.
A reter
- A qualidade dos diálogos.
- O traço de Osvaldo Medna, diferente do que já
lhe víramos em “A Fórmula da Felicidade” ou
em “Mucha”, mas
com a mesma qualidade e legibilidade.
- A distribuição desta obra no circuito das
FNAC, o que lhe pode granjear a visibilidade que justifica.