Recém-chegado ao mercado norte-americano e às lojas especializadas nacionais (que o encomendaram) o segundo tomo de “Forgetless”, uma mini-série em 5 números editada pela Image Comics, conta entre os seus desenhadores o português Jorge Coelho.
- Como foste escolhido para desenhar esta mini-série? Jorge Coelho - O argumentista, Nick Spencer, conheceu o meu trabalho através do “EGG - Hard Boiled Stories” que fiz com o Eric Skillman para a NYCC 09, com quem tinha feito um workshop de escrita criativa. Mais tarde viu o meu trabalho na Deviantart (jcoelho.deviantart.com), gostou e contactou-me via e-mail. - Mas desenhaste apenas uma parte dela… Jorge Coelho - Como a história é contada por "flashbacks" saltando entre o presente e o passado, o argumentista decidiu experimentar artistas diferentes para diferentes ambientes e histórias dentro da trama geral. Para além de 16 pranchas no tomo #2 e outras tantas no #4, irei participar também no nº5 (o último da mini-série) com 8 páginas extra, que não estavam inicialmente planeadas... - Que técnica utilizaste? Jorge Coelho - A nível visual, tive o privilégio de usufruir de liberdade criativa para escolher o processo e equipa. Assim sendo, trabalhei com uma técnica particular que tenho vindo a usar: desenhei a lápis, arte-finalizei (tradicionalmente), digitalizei e dei os cinzentos (digitalmente) a todas as páginas, no fundo a modelação de luz/sombras, aos quais o Eric Skillman (ericskillman.blogspot.com), designer da Criterio Collection, argumentista e neste caso, "color designer" atribuiu as cores. - Qual o tema de “Forgetless”? Jorge Coelho - "Forgetless" é o nome de um clube nocturno exclusivo, que irá encerrar com uma última festa. Toda a trama gira em torno dos acontecimentos dessa noite, contada por um rol de personagens adolescentes. Não se pode dizer que haja um personagem principal, o leitor irá espontaneamente gostar ou antipatizar mais com um determinado personagem, pois estes são bastante controversos. Duas modelos tornadas assassinas, dois estudantes pervertidos, um Koala sexo dependente ou um produtor de TV ex-gay, entre vários... toda uma bizarra fauna urbana, portanto. - Queres referir mais alguma especificidades interessantes do projecto? Jorge Coelho - Convém sublinhar o cariz bastante actual da história na qual se usam adereços contemporâneos como vídeos do YouTube, Tweets e SMS, via iPhones para veicular a narrativa. Recursos ainda muito pouco explorados. - Já houve reacções ao teu trabalho? Jorge Coelho - Ainda muito poucas; houve bastantes reacções ao primeiro nº da série, no qual não participei. Penso que só no fim desta é que se fará uma crítica mais compreensiva da obra e dos artistas. - Actualmente tens algum projecto em curso? Jorge Coelho - Temos uma ideia para um conto, eu e o Eric Skillman. Simultaneamente, mantenho-me a fazer histórias curtas escritas por mim, para mais tarde compilar em livro.
(Versão integral da entrevista que serviu de base ao publicado no Jornal de Notícias de 2 de Fevereiro de 2010)