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25/05/2011

Max Fridman

Os Incontornáveis da Banda Desenhada #8
Vittorio Giardino (argumento e desenho)
ASA + Público (Portugal, 20 de Abril de 2011)
295 x 220 mm, 96 p., cor, brochado com badanas, 7,40 €


1. Esta foi, para mim, uma das mais gratas surpresas desta colecção, Os Incontornáveis da Banda Desenhada, que a ASA e o Público lançaram ao longo das últimas semanas.
2. Não pela qualidade da obra em si – que não está em questão…
3. Não porque ela me tenha surpreendido – confirmou antes o que eu dela esperava…
4. Mas porque foi um álbum que “cobicei” muitas vezes ao longo dos anos, há já alguns anos…, então (salvo erro) em edição espanhola da Norma Editorial.
5. Por um lado, porque a crítica tratou bem este díptico de Giardino, apesar dos oito anos que mediaram entre a publicação dos seus dois volumes (1982/1989)…
6. Por outro, porque o seu traço – uma linha clara fina, delicada, pormenorizada e agradável – sempre me atraiu.
7. E embora já publicada em Portugal – no Jornal da BD, que, confesso, pouco acompanhei – na verdade nunca a tinha lido.
8. Agora, suprida essa lacuna na minha “cultura aos quadradinhos”, a sua leitura serviu para confirmar as expectativas que tinha.
9. Graficamente, embora sem a desenvoltura de obras posteriores – com Jonas Fink à cabeça – Giardino gere bem o espaço, multiplicando o número de vinhetas por prancha para adensar a narrativa e explorar as suas diversas facetas.
10. A história, que soa algo deslocada hoje em dia – pois assenta num género, o relato de espionagem, algo em desuso – aborda o período imediatamente anterior à II Guerra Mundial.
11. Aliás, um dos seus grandes trunfos – o final inesperado – está directamente relacionado com ela, de uma forma que não vou revelar mas que dá todo o sentido à história.
12. Esta, começa pela entrega de uma missão a Max Fridman, assente numa situação de chantagem, pois ele é um agente “reformado”, obrigado a aceitar a incumbência para não colocar em perigo a filha menor.
13. É assim que parte para a Hungria, onde a acção terá lugar e onde encontrará velhos conhecidos, amigos e aliados (poucos), e também adversários e inimigos (mais) numa complicada missão em que, qual partida de xadrez, as baixas se multiplicam e raramente as coisas são o que parecem. Porque, em ambiente desconhecido e adverso, as traições, o jogo duplo, o choque de interesses das várias potências (de então) e os atentados se sucedem, numa vertigem que Fridman, mais peão do que jogador, tenta atravessar o mais incólume possível.
14. E é com competência que Giardino vai gerindo as situações, surpreendendo repetidamente o leitor, ao mesmo tempo que traço um retrato coerente e credível de uma época e de uma forma de competir pela supremacia mundial que teria o seu expoente anos mais tarde, durante o conturbado período da Guerra Fria.
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