Mars e Matz (argumento)
Mezzomo (desenho)
Glénat
França, 18 de Setembro de 2013
240 x 320 mm, 48 p., cor,
cartonado
13,90 €
Resumo
Polícia na fronteira entre os Estados Unidos e o México,
Emmet Gardner descobre que o seu filho, Kyle, está metido em sarilhos por se
ter envolvido com um cartel de droga que o mandou assassinar um dealer rival
para provar a sua lealdade.
Disposto a tudo para ajudar o filho, Emmet prepara e executa
o golpe pretendido. Só que, tarde demais, descobre que o morto era um agente
infiltrado e que o filho desapareceu tal como a jovem mexicana que o introduziu
no cartel.
Desenvolvimento
São álbuns como este que me fazem lamentar a ‘ditadura’ –
cada vez menor, reconheço – do formato tradicional franco-belga, o álbum cartonado
de 48 páginas.
Continuando a ser o tamanho ideal para reproduzir belas
pranchas desenhadas – e também reconheço que há (outro tipo de) histórias para
os quais este tamanho não é o indicado – tem o problema de obrigar a uma
estrutura narrativa condensada que, na maior parte dos casos, não permite
desenvolver suficientemente a psicologia dos intervenientes ou justificar o
porquê dos seus problemas de relacionamento – como acontece entre Emmet e Kyle
no presente volume. Mais a mais, quando esta mini-série está pensada para ‘apenas’
três álbuns.
Sei também que a própria dimensão – aqui uns generosos 240 x
320 mm – obriga a trabalho mais aturado por parte dos desenhadores, o que
limita o ritmo de publicação – daí a habitual periodicidade anual para as obras
franco-belgas…
Dito tudo isto – e preferindo ter na mão um volume único com
perto de 150 pranchas para ler a história de um só fôlego, como o seu ritmo
narrativo pede – há que dizer que o relato é extremamente dinâmico, com as
situações a sucederem-se a um ritmo avassalador, sem dar tempo ao leitor de
parar para respirar, e que o tema escolhido – os tráficos humano e de droga na
fronteira entre os EUA e o México, com a vertigem do dinheiro (aparentemente) fácil que lhes está associada, a par da miséria moral e social que provocam– é suficientemente interessante e motivador
para forçar a continuar a leitura.
O trabalho gráfico de Mezzomo, embora peça um pouco mais de
à vontade nalguns pormenores, acompanha bem a velocidade a que as cenas se
desenrolam, sendo especialmente conseguido nos cenários desérticos e na
diversidade de tomadas de vista utilizadas.
Se ficaremos apenas por uma série de acção, capaz de
proporcionar uma leitura descontraída, ou se – uma vez introduzidos os
personagens, a trama base e os cenários em que ela decorre – Mars e Matz ainda
irão desenvolver e aprofundar o carácter e as relações entre os protagonistas, oferecendo
aos leitores um pouco (ou muito?) mais, é algo a que só os próximos (dois)
tomos poderão responder.
A reter
- A vertigem da acção.
- O tema cativante (e sempre actual) abordado.
- As paisagens desérticas em que Mezzomo se distingue
- … tal como a conseguida capa.
Menos conseguido
- A limitada exploração das personagens ao nível psicológico.
Leitura online
- As primeiras pranchas de Mexicana podem ser lidas aqui.