Mostrar mensagens com a etiqueta Osvaldo Medina. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Osvaldo Medina. Mostrar todas as mensagens

26/10/2010

A Fórmula da Felicidade Vol. 2 de 2

Nuno Duarte (argumento)
Osvaldo Medina (desenho)
Gisela Martins (cor, com Ana Freitas, patrícia Furtado, Sara Ferreira e Filipe Teixeira)
Kingpin Comics (Portugal, Março de 2010)
210 x 297 mm, cor, 48 p., brochado com badanas

Resumo

Após descobrir a fórmula da felicidade instantânea, que faz efeito imediato em quem o ouvir lê-la, Victor, apesar da aparente realização pessoal e da fama que conseguiu, mergulha numa espiral descendente, cada vez mais sozinho apesar da multidão (desejosa…) que o rodeia.
Ao mesmo tempo, o planeta caminha a passos largos para uma guerra entre católicos e muçulmanos que o poderá destruir e para a qual Victor parece ser a única solução.

Desenvolvimento
Se o primeiro tomo de A Fórmula da Felicidade foi uma das maiores surpresas da banda desenhada do final de 2008 (e dos últimos anos), este segundo tomo, se por um lado era muito aguardado, por outro era também receado. No primeiro caso, como resultado natural da expectativa que a boa qualidade de argumento e desenho do volume inicial criaram. No segundo, por se temer que a continuação (e conclusão) não estivesse à altura da primeira parte.
E a primeira constatação, é que os receios se revelaram sem fundamento e que as expectativas se cumpriram. Possivelmente porque a (re)solução encontrada por Nuno Duarte para a história se, por um lado, era a mais óbvia, por outro era também a mais coerente. Até porque a solução oposta (em termos de final) seria uma traição ao tom apesar de tudo realista desta fábula dos tempos modernos, narrada com animais antropomórficos e belas imagens, apesar do seu tom maioritariamente negro.
O “novo” Victor, transformado em guru da moda e milagreiro de trazer por casa, com todos os tiques de vedeta (mediática) daí recorrentes, devidamente explorado por uma sociedade com fins lucrativos, se por um lado se tornou o centro das atenções, por outro está cada vez mais só, procurando no sexo pago e na violência sobre as companheiras ocasionais, respostas e a felicidade (ilusória) que a sua fórmula não lhe transmite. Sexo pago e violência que se revelam apenas o equivalente à droga que a mãe consumia e ele condenava, apenas um substituto temporário e cada vez menos eficaz das suas verdadeiras necessidades: amizade, compreensão, amor. Mais, Victor afasta aqueles que, de alguma forma, ainda lhe propõem uma amizade desinteressada e isenta ao recusar-se a ouvir as (incómodas) verdades que eles têm para lhe dizer.
Com estes pressupostos, Nuno Duarte traça para Victor o inevitável percurso descendente cujo resultado só poderia ser a perda completa, se pelo meio não surgisse uma hipótese de redenção. Redenção que Victor vai ter que procurar no fundo de si próprio, não em palavras (ocas ou não) de outros. Redenção que vai ter que encontrar nas suas recordações, nos seus sentimentos, nas suas origens, mas que só vai conseguir (tarde demais?) quando consegue finalmente relacionar-se com aqueles que, de alguma forma, sempre procurou afastar, seja o pai desconhecido, os amigos ou a bela Cláudia, paixão de infância que evoca quase tantas recordações boas quanto más.
Redenção que encontra quando revela ao mundo que a felicidade não está ao alcance de todos num simples papel, livro ou pessoa – uma carapuça bem grande que tantos deveriam enfiar… - mas tem que ser conquistada, através das decisões que – consciente e responsavelmente - vamos tomando ao longo da vida.

A reter
- A forma como o argumento de Nuno Duarte correspondeu às expectativas geradas pela boa primeira parte da história.
- O excelente desenho de Osvaldo Medina, bonito no traço e na cor, eficaz na forma.

Menos conseguido
- A mudança de papel da capa da edição em relação ao primeiro tomo. O papel de gramagem superior e com textura rugosa dá uma outra consistência ao objectivo livro, valorizando-o e tornando-o até mais credível.
- Eu sei que o mercado é pequeno, que a distribuição é a praga que mata os editores, que cada vez mais há mais gente que não paga o que deve (entenda-se os livros que recebe e vende), mas uma tiragem de apenas 400 exemplares parece-me demasiado curta. Ainda para mais, numa obra com tudo o que é necessário - boa história, boa arte, boa edição - para ser comercialmente viável.

24/06/2010

BD nacional cresce à margem das grandes editoras – Inquérito a Osvaldo Medina *

- Publicar em pequenas editoras é uma opção pessoal ou a única alternativa face ao desinteresse por parte das “grandes” editoras?
Osvaldo Medina -
Publicar numa editora pequena foi simplesmente fruto do acaso, ao desenhar o livro «A tua carne é má» , escrito pelo Pep, despertei a atenção do Nuno Duarte e do Mário Freitas que apostaram em mim para “A Fórmula da Felicidade”. Se isto tivesse acontecido com uma editora grande provavelmente faria o mesmo. Mas a verdade é que numa editora grande há um medo terrível em apostar em novos autores - vai vender? Não vai vender? Vale a pena? Não vale? Mais depressa apostam num nome desconhecido americano, japonês ou de outra qualquer nacionalidade - desde que venha de fora de portas - que num nome nacional. A questão é simplesmente esta, não apostam no “prato” da casa! Isto acontece em todos os ramos, porque não neste ramo também? Claro que isto arrasta um sem número de consequências para a BD nacional.

- Até onde conseguem chegar/que visibilidade têm estas edições?
Osvaldo Medina -
A visibilidade é pequena, não vale a pena andarmos com rodeios nesse aspecto. Se a editora é pequena, como é óbvio, não terá os meios para uma grande divulgação. Há as feiras, os salões (quantos, em Portugal, por ano?)e pouco mais. Se conseguirmos um espacito na FNAC não é mau, mas normalmente estas edições ficam num cantito empoeirado sem qualquer destaque, nada que diga “gosta de BD? Venha cá ver isto!!” Não é preciso puxarmos do orgulho nacional e salientar “isto é luso!!” porque na verdade, acho que afasta mais do que chama. Existe um preconceito brutal por parte dos leitores no que diz respeito à BD nacional. A maior parte acha chata e sem piada nenhuma e se calhar não é de todo mentira. Temos que mostrar o produto, sem vergonha, e pedir a opinião das pessoas, dos clientes, dos leitores. Porque se queremos que isto vá a algum lado é assim - temos um produto e queremos passá-lo para as mãos das pessoas - mais nada.
A visibilidade chega, acima de tudo, onde chegam os “carolas” da BD. Quem gosta fala do que gosta a outros “carolas” e a coisa vai passando de boca em boca. Blogues, sites e por aí fora.

- Nestes moldes, que futuro antevês para a BD nacional?
Osvaldo Medina -
Temos cada vez mais pessoas a fazer, cada vez mais e cada vez melhor, temos cada vez mais pessoas a serem editadas fora do país. Isto só pode ser bom! Mas no nosso país não há cultura de BD. As pessoas não lêem - a não ser a ”Maria” e “A Bola” - e não estão habituados a gastar dinheiro em livros. A BD será sempre algo de nicho, para especialistas. A não ser que se chegue às pessoas. Temos que ir atrás delas. O que querem ler? Que tipo de histórias?
Se calhar estou a ir contra as ideias de muitos “artistas” mas, na minha opinião, os artistas morrem de fome e só são reconhecidos a título póstumo.
Neste momento temos uma massa crítica em termos de autores muito boa, que abarca todos os géneros, mas quantos vivem da BD? Nenhum? Um? Porquê? Porque não há leitores suficientes! Não há editoras a apostar! Não há mercado de base, logo não há dinheiro de retorno para os autores que preferem deixar a BD ( ocupa muito tempo) e ir trabalhar noutros meios.

* Desenhador de A Fórmula da Felicidade e Mucha

30/03/2010

Lançamento – A Fórmula da Felicidade Vol. 2

É já depois de amanhã – ou só depois de amanhã, depende do ponto de vista, a verdade é que a curiosidade sobre esta edição é grande – que é lançado o segundo e último tomo de A Fórmula da Felicidade, um dos mais interessantes livros de banda desenhada nacionais dos últimos anos.
É no dia 1 de Abril, portanto – e o editor Mário Freitas garante que não é engano - , 5ª feira, véspera de feriado, às 18h30 na Kingpin Books (Rua Quirino da Fonseca, 16-B, à Alameda D.Afonso Henriques, em Lisboa). Presentes vão estar os autores, Nuno Duarte (argumento) e Osvaldo Medina (desenho), bem como quatro dos cinco coloristas envolvidos no projecto: Ana Freitas, Patrícia Furtado, Filipe Teixeira e Gisela Martins.
A partir das 23h, no Bar Al Souk, em Santos (Rua do Mercatudo, transversal da Av. D. Carlos I), terá lugar uma After-party aberta ao público, que poderá assim conversar um pouco com os autores, ver as pranchas originais do livro, e assistir a uma actuação ao vivo dos Cubic Nonsense, a banda onde toca Mário Freitas.

08/12/2009

Mucha

David Soares (argumento)
Osvaldo Medina (desenho)
Mário Freitas (arte-final)
Kingpin Books (Portugal, Outubro de 2009)
184 x 260 mm, 36 p., pb, brochado com badanas


Marcando o regresso de David Soares à BD, depois de um interregno em que o romance – “A Conspiração dos Antepassados”, “Lisboa Trunfante” - teve a sua preferência, este livro mostra-o à vontade no tratamento de um tema – o terror – que lhe é grato.
Trata-se de uma história simples e banal, é verdade, mas incómoda pelo proximidade da ideia base – baseada numa premissa da peça surrealista “Rhinocéros”, de Eugène Ionesu - e pela forma aberta como é narrada, sem princípio nem fim, o que deixa no ar a ideia de que o que acontece nela pode voltar a ocorrer… num lugar perto de si! Sem levantar qualquer ponta do véu, para não estragar o efeito surpresa, sempre necessário no género, refiro apenas que se trata de uma história quase sem palavras, muitas vezes muda até, mas com muitas moscas, cujo zumbido incómodo e inquietante parece ouvir-se nas pranchas, como “se essa fosse a única banda sonora possível”, escreve, inspirado, Pedro Moura na introdução.
Responsável pelo argumento e pela planificação, Soares entregou o desenho a Osvaldo Medina - revelado com o magnífico “A Fórmula da Felicidade” - aqui coadjuvado pela arte-final de Mário Freitas, que dá espessura e um tom mais rude e grotesco ao traço mais fino e delicado de Medina, ajudando à composição do clima de medo e insegurança que transpira do relato e nos fará olhar para as moscas (nojentas e) banais de uma forma (bem) diferente após a sua leitura.

(Artigo publicado originalmente 28 de Novembro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

13/11/2009

BD para ver – Osvaldo Medina na Mundo Fantasma

A galeria Mundo Fantasma inaugura amanhã, sábado, dia 14, às 17h, a exposição “Moscas e Formulas”, composta por originais dos livros "A Fórmula da Felicidade" e "Mucha", ambos editados pela Kingpin Books e desenhados por Osvaldo Medina, natural de Angola mas de nacionalidade cabo-verdiana, um dos valores (seguros) da nova banda desenhada portuguesa.
“Mucha”, lançado no recente Amadora BD 2009, marca o regresso de David Soares à BD, com um conto de terror de atmosfera intimista, no qual as moscas têm um assustador protagonismo que provoca um incómodo sentimento de repulsa. Nele Medina, que contou com a arte-final do seu editor Mário Fretas, apostou num registo a preto e branco expressivo e no qual abundam imagens fortes.
Em “A Fórmula da felicidade”, um dos grandes lançamentos nacionais de 2008, a opção foi por cores lisas e suaves e pela utilização (bem conseguida) de personagens com corpo humano e cabeça de animal, para dar mais consistência ao argumento forte e bem estruturada de Nuno Duarte sobre um marginalizado génio(zinho) matemático, filho de uma prostituta, que descobre uma fórmula cuja leitura proporciona felicidade imediata, passando por isso a ser procurado e adulado, mas não se tornando mais feliz…
Uma boa oportunidade para conhecer pessoalmente Osvaldo Medina, Mário Freitas, Nuno Duarte e David Soares que estarão presentes para uma conversa e sessão de autógrafos na galeria Mundo Fantasma, que fica no Centro Comercial Brasília (na Rotunda da Boavista, no Porto), na loja especializada em BD com o mesmo nome, onde mais de duas dezenas de originais poderão ser vistos até 11 de Dezembro.

(Versão revista do artigo publicado no Jornal de Notícias de 13 de Novembro de 2009)

12/11/2009

A Fórmula da felicidade #1 (de 2)

Nuno Duarte (argumento)
Osvaldo Medina (desenho)
Ana Freitas (cores)
Kingpin Books (Portugal, Dezembro de 2008
212 x 297 mm, 48 p., brochado com badanas


O que é a felicidade? Como se alcança? Se Nuno Duarte não dá a estas duas questões as respostas que todos desejam conhecer, coloca uma terceira e curiosa pergunta: E se a felicidade estivesse dependente de uma fórmula matemática?
Para a suportar, assenta a sua história, forte e bem estruturada, nalguns – bem explorados – clichés: o génio(zinho) matemático, filho de uma prostituta e de pai incógnito, por isso marginalizado e humilhado por (quase) todos, que busca nos números o refúgio e o consolo que os humanos não lhe dão. Quando descobre a tal fórmula que, quando lida por ele, produz a felicidade instantânea, passa de desprezado a adulado, o que não significa que tudo mude pois N. Duarte corta o entusiasmo questionando, ao concluir este primeiro tomo, uma das verdadinhas politicamente correctas da nossa sociedade: tornar os outros felizes traz felicidade?
E se pelo que fica escrito, até agora esta parece ser uma obra de argumentista, tal é injusto para o excelente trabalho gráfico de Medina que a suporta, bem servido pelas cores suaves de Ana Freitas. Por um lado, pela extrema legibilidade da sua planificação – algumas sequências, como as páginas iniciais, podiam funcionar até sem o texto (que não é redundante…).
Por outro lado, as suas personagens com cabeças de animais, obviamente inspirados no (recomendável) “Blacksad”, de Guarnido e Canales, escolhidas de acordo com as características de cada um (animal e humano), ajudam a acentuar os pontos fortes da narrativa, enquanto permitem algum (ilusório) distanciamento ao leitor. Ilusório, porque, esta é, sem dúvida, uma fábula sobre os nossos tempos incertos, em que tantos falsos profetas facilmente encontram seguidores.

(Versão revista do texto publicado originalmente a 14 de Março de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

23/10/2009

Lançamento – Mucha

David Soares (Argumento)
Mário Freitas (Desenho
Osvaldo Medina (Desenho)
Kingpin Books (Portugal, Outubro de 2009)
36 p. pb

O lançamento deste conto de terror é amanhã, sábado, 24 de Outubro, às 15h, no Fórum Luís de Camões, onde está a decorrer o 20º Amadora BD 2009.
O press da editora reza assim:
“O horror está a chegar à aldeia e as coisas não voltarão a ser como dantes.
6 anos depois de A Última Grande Sala de Cinema, “Mucha” marca o tão aguardado regresso à BD do romancista David Soares (Lisboa Triunfante, A Conspiração dos Antepassados), numa história de horror intimista, subversiva e inteligente, bem reveladora da voz autoral ímpar que define a obra do erudito autor.
Baseada na premissa da peça surrealista Rhinocéros, de Eugène Ionesco, “Mucha” é uma extravagância visceral sobre a ameaça de desumanização que pende sobre a cabeça de Rusalka, uma camponesa que se vê, de um dia para o outro, imergida num mundo que insiste em ser uniforme, perigoso e destituído de qualidades.
Ilustrado por Osvaldo Medina (A Fórmula da Felicidade) e Mário Freitas (Super Pig) num estilo negro singular que recupera o expressionismo gótico das bandas desenhadas clássicas de horror, “Mucha” apresenta cenas de cortar a respiração, pautadas por um ritmo frenético que não deixará nenhum leitor indiferente; ou doravante tranquilo perante uma simples mosca.
“Contundente como uma pá que tanto serve de arma de defesa como de abertura do último descanso.” (Pedro Vieira de Moura, da Introdução)”.

Os autores estarão presentes no lançamento.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...