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28/03/2016

30/10/2015

Triplo lançamento Kingpin Books

 


Este sábado, dia 31 de Outubro, das 15 às 16h, no auditório do AMADORA BD (piso -1), serão lançados os álbuns de BD "KONG THE KING", de Osvaldo Medina; "FÓSSEIS DAS ALMAS BELAS", de Mário Miguel De Freitas e Sérgio Marques; e "O POEMA MORRE" de David Soares e Sónia Oliveira, seguindo-se a habitual sessão de autógrafos de duas horas com os autores.
Contamos com a vossa presença para mais um grande momento de afirmação da BD Portuguesa contemporânea.
Capas e sinopses, já a seguir.

07/11/2014

Sepulturas dos Pais













Por vezes há obras que deixam uma sensação quase indefinível, um misto de satisfação e desapontamento que nem sempre é fácil de explicar.
Aconteceu comigo em relação a Sepulturas dos Pais.
Pormenores adiante.

10/10/2014

Leitura Nova: Sepulturas dos Pais





O lançamento de Sepulturas dos Pais (Kingpin Books), o novo livro de banda desenhada, escrito por David Soares e desenhado por André Coelho, com legendagem de Mário Freitas, ocorrerá no próximo dia 25 (sábado) no Amadora BD deste ano (Fórum Luís de Camões, Brandoa).
Até lá, poderão ler as primeiras onze pranchas de Sepulturas dos Pais e criar as vossas expectativas: preparem-se para magia e miséria – sendo que delimitar onde uma começa e a outra acaba é algo que deixo à vossa posterior interpretação.
As primeiras 4 pranchas para ler, já a seguir...

13/09/2013

Palmas para o esquilo








David Soares (argumento)
Pedro Serpa (desenho)
Kingpin Books
Portugal, Setembro de 2013
155 x 220 mm, 52 p., cor, brochada com badanas
10,99 €


“Qual a diferença entre a imaginação e a loucura?” questiona David Soares na contracapa deste seu novo livro, que é lançado amanhã, sábado, 14 de Setembro, em Lisboa.
E, acrescento eu, qual a diferença entre normalidade e loucura? Qual a diferença entre a diferença e a loucura?
E quem estabelece os limites de cada uma? Quem delibera a partir de que ponto, de que momento, de que comportamento – mesmo que desviante – deixamos de ser imaginativos, originais ou diferentes, para virarmos loucos?

Passado numa instituição psiquiátrica - um lugar parado no tempo e no espaço, com cada paciente perdido no mais fundo de si próprio, da sua imaginação ou falta dela... - “Palmas para o esquilo” é uma viagem por alguns desses limites – que questiona e refuta – através do presente – ensombrado pelo passado – de alguém que balança entre a sua existência humana e o desejo – a crença – de ser um esquilo.
Num registo circular, com os extremos (narrativos) a tocarem-se e a fecharem um círculo que só a morte pode quebrar – tal como normalidade e loucura tantas vezes se tocam e completam até a morte surgir como libertação – David Soares através de uma escrita judiciosa assente em palavras pouco vulgares – anormais? – escolhidas a dedo para adensar o relato e obrigar a leitura concentrada e atenta para delas se extrair todo(s) o(s) seu(s) significado(s), conduz-nos numa viagem por limites mal definidos, tão capazes de fazer elevar aos cumes – da imaginação? – quanto de provocar a queda para o abismo – da sã normalidade..
A contrastar com o tema incómodo e com o tratamento denso que lhe é dado, o desenho de Pedro Serpa – falsamente simples – apresenta-se assumidamente despido de excessos e pormenores num registo minimalista difícil de alcançar que, a par da planificação meticulosa de David Soares, constituem uma outra dualidade num álbum que obriga a mais do que uma leitura para que conceitos, ideias e provocações possa ser descobertos plenamente.


06/09/2013

Lançamento: Palmas para o esquilo











Palmas Para o Esquilo, o meu novo livro de banda desenhada, escrito por mim e desenhado por Pedro Serpa, será lançado a 14 de Setembro (sábado), às 17H00, na loja da Kingpin Books, em Lisboa (Rua Quirino da Fonseca, 16-B).

Palmas Para o Esquilo (Kingpin Books, 2013) consiste numa observação sobre a distância que existe entre a imaginação e a loucura.
Conto com a vossa presença no dia 14, às 17H00, na loja da Kingpin Books, e agradeço a divulgação.
Cumprimentos,
David Soares




O PALMAS PARA O ESQUILO, escrito por David Soares e desenhado por Pedro Serpa, consiste numa observação sobre a distância que separa a imaginação da loucura e como a primeira pode transformar-se na segunda.
Passado numa instituição para doentes mentais, Palmas Para o Esquilo recusa os lugares-comuns associados aos asilos para apresentar os loucos numa luz positiva e compassiva, numa abordagem que parte da loucura como alegoria para a condição humana. O asilo é um mundo, mas a loucura é uma antilinguagem, porque não permite a comunicação. Isolados dentro das suas próprias mentes, só a imaginação pode libertar a alma.

Dos mesmos autores de "O Pequeno Deus Cego", vencedor em 2012 do Prémio Nacional de BD para o Melhor Argumento, atribuído pelo Amadora BD.

Kingpin Books
52 páginas, cor.
10,99EUR

(press-release da editora)




28/02/2013

Mucha: encontro com os leitores









No próximo sábado, dia 2 de Março, às 18h00, estarei na Bedeteca de Beja (Casa da Cultura de Beja, na Rua Luís de Camões), juntamente com Osvaldo Medina e Mário Freitas, para um encontro com os leitores em torno de Mucha: livro de banda desenhada, editado pe-la Kingpin Books (2009), com argumento meu e arte de Osvaldo Medina e Mário Freitas.
No mesmo dia, inaugura uma exposição com pranchas originais de Mucha.

Leitores e fãs de Beja, passem a palavra e apareçam: será uma boa oportunidade para conversarmos e para assinar os vossos livros.
           
(Convite enviado por David Soares)

28/01/2012

o pEQUENO dEUS cEGO na Mundo Fantasma

Data: 28 de Janeiro  a 26 de Fevereiro de 2012
Local: Galeria Mundo Fantasma, loja 509/510, Centro Comercial Brasília, Avenida da Boavista, 267, Porto
Horário: de 2ª a sábado, das 10h às 20h: Domingos e feriados, das 15h às 19h

A galeria Mundo Fantasma, no Porto, inaugura hoje, pelas 17 horas, a exposição “o pEQUENO dEUS cEGO, baseada na obra homónima dos autores portugueses David Soares e Pedro Serpa.
Quem se deslocar aquele espaço no Centro Comercial Brasília, poderá apreciar cerca de uma vintena de pranchas daquela banda desenhada, sendo que esses originais estão também à venda, bem como um giclée assinado e numerado pelos autores.
“o pEQUENO dEUS cEGO”, lançado em Outubro último pela Kingpin Books, é uma pequena fábula alegórica ambientada numa China ainda presa a violentos costumes ancestrais, mas que pode bem ser entendida como uma história actual sobre o que fazemos – ou não – com o que os nossos sentidos nos transmitem.
O argumento é de David Soares, autor traduzido em Espanha e França, que, para além de diversas obras aos quadradinhos, assinou também os romances Batalha, O Evangelho do Enforcado, Lisboa Triunfante e A Conspiração dos Antepassados, tendo sido considerado pela revista literária Os Meus Livros «o mais importante autor português de literatura fantástica».
Graficamente, “o pEQUENO dEUS cEGO” marcou a estreia numa obra de fôlego de Pedro Serpa que surpreendeu pela forma como conjugou o seu traço linha clara de cores fortes e vivas com o ambiente fantástico e de terror que a obra exigia.
A exposição, que é hoje inaugurada na Mundo Fantasma, com a presença dos autores para autógrafos e troca de impressões, ficará patente até dia 26 de Fevereiro.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 28 de Janeiro de 2011)



30/11/2011

o pEQUENO dEUS cEGO

David Soares (argumento)Pedro Serpa (desenho)
Kingpin Books (Portugal, Outubro de 2011)
155 x 220 mm, 48 p., cor, brochado com badanas

Resumo
A vida da pequena Sem-Olhos é uma tragédia sucessiva: nasceu cega, foi submetido a um rito iniciático atroz e continua a sofrer às mãos do mais insuspeito dos algozes.
Desenvolvimento
Um dos mais interessantes argumentistas nacionais, David Soares imprime sempre uma marca bem pessoal nas suas obras que, mesmo quando parecem simples e lineares – como, em certa medida, se passa com este livro – apresentam sempre uma segunda (e às vezes terceira) leitura mais profunda e exigente, pelas mensagens (subliminares) e alegorias de que se alimenta a sua escrita.
É o que acontece com o pEQUENO dEUS CEGO, apresentado como uma pequena fábula situada numa China ainda presa a violentos costumes ancestrais, mas que pode bem ser entendido como uma história actual sobre o que fazemos – ou não – com o que os nossos sentidos nos transmitem.
Porque se a trama base, inscrita numa certa tradição de terror, se apresenta linear e directa, a leitura cuidada dos diálogos aporta ao leitor muito em que reflectir, deixando um incómodo semelhante – mas diferente – ao que aquela leitura superficial transmite.
Porque, convém referir, o pEQUENO dEUS CEGO é uma história trágica e terrível, de uma grande violência visível – e invisível – que em vários momentos choca e incomoda o seu leitor. Que até pode mergulhar no livro “enganado” pela agradável linha clara de Pedro Serpa, servida por cores planas e agradáveis também da sua autoria, numa combinação equilibrada entre o manga e o franco-belga, mas que se revela muito eficaz na transmissão do horror já citado, até pelo contraste que entre desenho e argumento acaba por existir.

E se o talento e competência de David Soares, visível também na planificação diversificada, pontuada por vinhetas de página inteira ou mesmo página dupla para acentuar os momentos-chave da narrativa, já não são surpresa para quem se habituou a lê-lo, este álbum revela Pedro Serpa, um desenhador até agora apenas com uma única experiência aos quadradinhos – o institucional e ainda algo incipiente Sete histórias em busca de uma alternativa - com muito potencial, que justifica um acompanhamento futuro, assim possa ter outros projectos para o expressar.
 A reter
- A bem conseguida capa (e contra-capa) do livro, pela dupla leitura das silhuetas.
- A confirmação do talento narrativo de David Soares.
- A descoberta do talento gráfico de Pedro Serpa.

Menos conseguido
- A realidade do país em que vivemos – bem anterior à malfadada crise que hoje em dia serve de desculpa para tudo - que eclipsa esta obra numa tiragem pouco mais que residual…


 

16/09/2011

É de noite que faço as perguntas

David Soares 8argumento)Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho, Daniel da Silva e Richard Câmara (desenho)
Saída de Emergência (Portugal, 16 de Setembro e 2011)
210 x 297 mm, 64 p., cor, brochado com badanas
18,00 €

Chega hoje às livrarias o álbum “É de noite que faço as perguntas”, numa bela edição da Saída de Emergência, na qual o (também) romancista David Soares revisita a génese da Primeira República, partindo da sua cronologia e dos factos históricos para desenvolver uma observação sobre a vida, a política e o modo como ambas se influenciam.
Jorge Coelho
Passado num tempo indefinido, em que o nosso país está sob uma ditadura asfixiante, que coarcta qualquer forma de liberdade ou de expressão, a história tem como base uma carta escrita por um pai a um filho que há muito não vê, adivinhando-se que a falta de comunicação e algumas escolhas levaram a esse afastamento. Contando a sua própria relação com o seu pai (avô do filho), o homem – creio que não involuntariamente – de alguma forma traça um paralelo entre o percurso dos dois, tentando mostrar como o filho está a repetir os erros que ele já cometera. Como tempo da acção, David Soares escolheu o período que conduziu à implantação da Primeira República em Portugal e os anos que se lhe seguiram até ao início do Estado Novo, partindo da sua cronologia e dos factos históricos para desenvolver uma observação sobre a vida, as relações, a política e o modo como se influenciam.
João Maio Pinto
Esta escolha surgiu porque este álbum é resultado “de um convite conjunto do Centro Nacional de Banda Desenhada e da Imagem da Amadora e da Comissão Nacional Para as Comemorações do Centenário da República, que tinha como objectivo criar uma banda desenhada que contasse a história da Primeira República portuguesa”. No entanto, revelou o escritor, “desde o início que foi intenção de todos os envolvidos não incorrer num registo "pedagógico", normalmente associado a trabalhos desta natureza, mas num mais contemporâneo, mais sofisticado”. Propósito plenamente conseguido, pois os factos históricos surgem como elementos coerentes da narrativa principal, que ajudam a situar e a explicar a acção.
André Coelho
Daniel da Silva
Por isso, apesar de ser uma “encomenda, trabalhar neste álbum foi maravilhoso porque tive liberdade absoluta para escrever a história que achasse mais indicada”. Dessa forma, acrescenta, este livro “não se distancia em muitos graus dos meus restantes trabalhos, sendo mais um ensaio que questiona conceitos como liberdade, democracia, autoritarismo e livre-arbítrio, do que "apenas" uma história sobre o período da nossa primeira república”.
Aos temas indicados pelo argumentista, poder-se-ão também acrescentar outros, que suscitam igualmente reflexão demorada: a inevitabilidade da guerra apesar da sua inutilidade, a importância da informação – da sua busca, da sua disponibilização, da sua partilha -, a necessidade de entendimentos – a nível pessoal tanto quanto a outros níveis mais alargados -, a omnipresença televisiva em detrimento da comunicação pessoal, a necessidade (histórica) de cortes (aparente mas enganadoramente) bruscos com o passado, apesar da linearidade da passagem do tempo.
Richard Câmara
Richard Câmara
O desenho foi entregue a “cinco desenhadores, cujo trabalho admiro”, pois “considerou-se que deveria mostrar novos grafismos e novos artistas”. Apesar disso, de já terem dado (outras) provas noutros registos gráficos, de haver claramente diferenças – em termos de segurança, à-vontade, traço, sequência… - entre eles, há uma assinalável homogeneidade gráfica entre as pranchas de Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho, Daniel da Silva e Richard Câmara. Isto acontece quer em termos cromáticos, quer em termos de estilo, o que contribui para que a leitura se faça sem quebras, que o relato, em que predomina um tom intimista, que propõe/impõe silêncios reflexivos, não pede.
Agora, com a edição finalmente disponível nas livrarias e com o distanciamento que o tempo permite, o autor de “O Evangelho do Enforcado” e “Lisboa Triunfante” considera-o “um álbum importante” pois, “ao mesmo tempo que dá a conhecer um período crucial da nossa história, muitas vezes tão mal entendido, ainda coloca questões cada vez mais pertinentes nos tempos em que vivemos”.
Depois de os seus originais terem estado expostos no AmadoraBD 2010, o álbum terá uma sessão oficial de lançamento na edição deste ano do festival, em Outubro próximo.

(Versão revista e alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Setembro de 2011)

19/06/2010

BD nacional cresce à margem das grandes editoras – Inquérito David Soares*



Publicar em pequenas editoras é uma opção pessoal ou a única alternativa face ao desinteresse por parte das “grandes” editoras?
David Soares -
Quanto à questão do desinteresse das grandes editoras, aquilo que elas demonstram não é isso, mas algum temor em publicar autores menos conhecidos e tal não acontece apenas no mercado da BD. Publicar o álbum "Mucha" pela Kingpin Books começou por ser o desejo que eu tinha de trabalhar com o Mário Freitas, porque somos amigos e achámos que seria enriquecedor fazer algo em parceria. No que diz respeito ao meu trabalho de banda desenhada, eu não teria problemas nenhuns em publicá-lo por qualquer editora que eu escolhesse, fosse ela mais pequena ou maior, considerando o currículo que tenho e isso é factual. Eu gosto é de trabalhar com quem gosto, por conseguinte a dimensão da Kingpin Books nunca foi uma questão que tivesse sido sequer equacionada por mim.

- Até onde conseguem chegar/que visibilidade têm estas edições?
David Soares -
Os distribuidores não querem saber se as editoras com quem trabalham são pequenas ou grandes: apenas estão preocupados em distribuir o maior número possível de edições, a um ritmo constante. Garantir a distribuição dos álbuns de BD depende, em exclusivo, do capital do editor. Se tiver capital para publicar muitos títulos com regularidade assegura uma boa distribuição. Se não, pode defender-se oferecendo livros de características únicas. O leitor "normal" de BD é conservador, lê sempre a mesma coisa e, quase sempre, desconfia da BD nacional. Os leitores "especializados" que compram BD nacional sabem que podem encontrá-la nas livrarias de BD ou encomendá-la pela Internet aos próprios editores, por isso nem sequer vale a pena falar sobre distribuição nas grandes superfícies, porque os leitores "especializados" não precisam dela para nada.

- Nestes moldes, que futuro antevês para a BD nacional?
David Soares -
O mercado da BD nacional sempre foi de nicho, feito com obras de qualidade sismográfica realizadas por autores que, na sua maioria, nunca se profissionalizaram - ou seja, nunca chegaram a viver da BD ou (para não ir tão longe) a produzir trabalhos de qualidade a um ritmo constante. Existiram e existem autores que fogem a esta caracterização, mas de maneira geral o que se passou e passa é isto. Logo, se não crescemos mais até agora é porque o nosso estado natural é este. Em termos de proporção, se calhar até temos o mesmo número de autores que Espanha: países maiores, e com mais leitores, têm de ter mais autores, mais editores e mais livros - isso parece-me evidente. Acho que o futuro da BD portuguesa vai ser idêntico ao que tivemos ontem. Mudarão os actores, as linguagens, os veículos de expressão, mas as mecânicas continuarão a ser as mesmas. Hoje continuamos a ter autores que nem sequer pensam em publicar cá e publicam directamente lá fora (como sempre tivemos, verdade seja dita) e essa mecânica irá manter-se, senão acentuar-se.

* Romancista e argumentista de Mucha
e do álbum É de noite que faço as perguntas

08/12/2009

Mucha

David Soares (argumento)
Osvaldo Medina (desenho)
Mário Freitas (arte-final)
Kingpin Books (Portugal, Outubro de 2009)
184 x 260 mm, 36 p., pb, brochado com badanas


Marcando o regresso de David Soares à BD, depois de um interregno em que o romance – “A Conspiração dos Antepassados”, “Lisboa Trunfante” - teve a sua preferência, este livro mostra-o à vontade no tratamento de um tema – o terror – que lhe é grato.
Trata-se de uma história simples e banal, é verdade, mas incómoda pelo proximidade da ideia base – baseada numa premissa da peça surrealista “Rhinocéros”, de Eugène Ionesu - e pela forma aberta como é narrada, sem princípio nem fim, o que deixa no ar a ideia de que o que acontece nela pode voltar a ocorrer… num lugar perto de si! Sem levantar qualquer ponta do véu, para não estragar o efeito surpresa, sempre necessário no género, refiro apenas que se trata de uma história quase sem palavras, muitas vezes muda até, mas com muitas moscas, cujo zumbido incómodo e inquietante parece ouvir-se nas pranchas, como “se essa fosse a única banda sonora possível”, escreve, inspirado, Pedro Moura na introdução.
Responsável pelo argumento e pela planificação, Soares entregou o desenho a Osvaldo Medina - revelado com o magnífico “A Fórmula da Felicidade” - aqui coadjuvado pela arte-final de Mário Freitas, que dá espessura e um tom mais rude e grotesco ao traço mais fino e delicado de Medina, ajudando à composição do clima de medo e insegurança que transpira do relato e nos fará olhar para as moscas (nojentas e) banais de uma forma (bem) diferente após a sua leitura.

(Artigo publicado originalmente 28 de Novembro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

13/11/2009

BD para ver – Osvaldo Medina na Mundo Fantasma

A galeria Mundo Fantasma inaugura amanhã, sábado, dia 14, às 17h, a exposição “Moscas e Formulas”, composta por originais dos livros "A Fórmula da Felicidade" e "Mucha", ambos editados pela Kingpin Books e desenhados por Osvaldo Medina, natural de Angola mas de nacionalidade cabo-verdiana, um dos valores (seguros) da nova banda desenhada portuguesa.
“Mucha”, lançado no recente Amadora BD 2009, marca o regresso de David Soares à BD, com um conto de terror de atmosfera intimista, no qual as moscas têm um assustador protagonismo que provoca um incómodo sentimento de repulsa. Nele Medina, que contou com a arte-final do seu editor Mário Fretas, apostou num registo a preto e branco expressivo e no qual abundam imagens fortes.
Em “A Fórmula da felicidade”, um dos grandes lançamentos nacionais de 2008, a opção foi por cores lisas e suaves e pela utilização (bem conseguida) de personagens com corpo humano e cabeça de animal, para dar mais consistência ao argumento forte e bem estruturada de Nuno Duarte sobre um marginalizado génio(zinho) matemático, filho de uma prostituta, que descobre uma fórmula cuja leitura proporciona felicidade imediata, passando por isso a ser procurado e adulado, mas não se tornando mais feliz…
Uma boa oportunidade para conhecer pessoalmente Osvaldo Medina, Mário Freitas, Nuno Duarte e David Soares que estarão presentes para uma conversa e sessão de autógrafos na galeria Mundo Fantasma, que fica no Centro Comercial Brasília (na Rotunda da Boavista, no Porto), na loja especializada em BD com o mesmo nome, onde mais de duas dezenas de originais poderão ser vistos até 11 de Dezembro.

(Versão revista do artigo publicado no Jornal de Notícias de 13 de Novembro de 2009)

23/10/2009

Lançamento – Mucha

David Soares (Argumento)
Mário Freitas (Desenho
Osvaldo Medina (Desenho)
Kingpin Books (Portugal, Outubro de 2009)
36 p. pb

O lançamento deste conto de terror é amanhã, sábado, 24 de Outubro, às 15h, no Fórum Luís de Camões, onde está a decorrer o 20º Amadora BD 2009.
O press da editora reza assim:
“O horror está a chegar à aldeia e as coisas não voltarão a ser como dantes.
6 anos depois de A Última Grande Sala de Cinema, “Mucha” marca o tão aguardado regresso à BD do romancista David Soares (Lisboa Triunfante, A Conspiração dos Antepassados), numa história de horror intimista, subversiva e inteligente, bem reveladora da voz autoral ímpar que define a obra do erudito autor.
Baseada na premissa da peça surrealista Rhinocéros, de Eugène Ionesco, “Mucha” é uma extravagância visceral sobre a ameaça de desumanização que pende sobre a cabeça de Rusalka, uma camponesa que se vê, de um dia para o outro, imergida num mundo que insiste em ser uniforme, perigoso e destituído de qualidades.
Ilustrado por Osvaldo Medina (A Fórmula da Felicidade) e Mário Freitas (Super Pig) num estilo negro singular que recupera o expressionismo gótico das bandas desenhadas clássicas de horror, “Mucha” apresenta cenas de cortar a respiração, pautadas por um ritmo frenético que não deixará nenhum leitor indiferente; ou doravante tranquilo perante uma simples mosca.
“Contundente como uma pá que tanto serve de arma de defesa como de abertura do último descanso.” (Pedro Vieira de Moura, da Introdução)”.

Os autores estarão presentes no lançamento.
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