“Existe-se efemeramente por um instante antes de se desaparecer.”
in O poema morre
Segundo ela, no fundo, talvez a vida, cada vida – umas mais
do que outras – não seja mais do que sucessivas batalhas de uma imensa guerra,
duramente travada em nome de uns poucos momentos de felicidade efémera que,
sabemos de antemão, antecedem sempre (novas) quedas, fracassos, derrotas de
quem os viveu, mesmo que intensamente.
A não ser – a não ser? – que os feitos ou as obras lhe
sobrevivam – e lhe permitam sobreviver… - como poemas inspirados soltos ao
vento, mesmo que apenas por mais uns igualmente efémeros momentos.
Às memórias – contraditórias - de amores juvenis, primeiras
experiências sexuais, oposição parental, peso das diferenças sociais e opressão
dos iguais ou próximos, o protagonista – um poeta - tenta acrescentar momentos
reais – iguais - do presente, mesmo que pagos, mesmo que, se não efémeros, com
horas e minutos contados, numa tentativa fútil de reviver com a (desiludida) inválida
de hoje, sem pernas nem braços, o que a (sonhadora) jovem de ontem lhe
entreabriu.
Para descobrir que, afinal, nesta vida, “subindo, trepando,
ascendendo, sempre subindo, trepando e ascendendo”, entremeando essa ascensão com
recorrentes tombos, escorregadelas, trambolhões, a omnipotente guerra – a
Guerra, todas as guerras e guerrinhas… - não deixa aspirar a mais do que “tentar
não cair”…
(Pranchas recolhidas no blog de David Soares, Cadernos de Daath)
(Pranchas recolhidas no blog de David Soares, Cadernos de Daath)
David Soares (argumento)
Sónia Oliveira (desenho)
Kingpin Books
Portugal, Outubro de 2015
197 x 250 mm, 68 p., pb + cinza, capa dura
13,99 €
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