“A maioria das pessoas imagina o espaço como um imenso
vazio. Eu o vejo como ele é: um lugar repleto de descobertas para serem feitas.”
Astronauta, de Danilo Beyruth
Assim, o espaço é como o(s) universo(s) criado(s) por
Maurício de Sousa: lugares repletos de descobertas para serem feitas – embora não
sejam/nunca tenham sido “um imenso vazio”, mas sim um lugar – vários lugares -
onde convivem dezenas de personagens ricas e multifacetadas, à espera de serem descobertas.
São “os brinquedos de Maurício” – para citar o prefácio do
próprio – de que, felizmente, em boa hora, decidiu abrir mão – pelo tempo de
uma história/de um livro – para emprestar a outros criadores talentosos que tinham
já imaginado outros mundos estimulantes e agora brincam com os de Maurício,
distorcendo, esticando, comprimindo, explorando-os sob diversos prismas,
janelas e ângulos para no-los revelarem novos, desafiadores, surpreendentes,
ricos e transbordantes.
Singularidade
começa onde tinha terminado Magnetar,
com o Astronauta a recuperar dos cinco meses de solidão vividos no espaço.
Submetido a testes, terapia e avaliação, contrariado pela paragem forçada longe
do ‘seu espaço’, vê numa nova missão ao interior de um buraco negro a
oportunidade de voltar ao “imenso vazio (…) repleto de descobertas para serem
feitas”.
Só que essa missão tem um preço – alto - para o Astronauta:
a companhia de um dos astronautas norte-americanos que o salvaram e também da psicóloga
que o avalia – e com quem (inconscientemente?) começa a estabelecer uma relação
mais próxima do que deseja (perceber?).
Por isso, o tempo de descoberta, a par do espaço (exterior),
sê-lo-á também no seu eu (interior) e levá-lo-á a compreender que – como disse
John Donne – “nenhum homem é uma ilha isolada” – embora muitas vezes esse
isolamento interior seja necessário ou mesmo indispensável – e é na perda dessa
‘insularidade interna’ que se encontram as respostas a que obrigam traumas
antigos – como a separação de Ritinha… – e dúvidas recorrentes, para o reencontrar
do indispensável equilíbrio ou para (abrir a porta ou) construir novos
equilíbrios.
... ou para compreender que, nalguns casos – de surpreendente
singularidade – esses traumas antigos e essas dúvidas recorrentes são fundamentais
para o indispensável equilíbrio.
Astronauta: Singularidade
Colecção Graphic MSP
Danilo Beyruth (argumnto e desenho)
Chris Peeter (cor)
Panini
Brasil, Dezembro de 2014
190 x 275 mm, 80 p., cor
Capa dura: R$ 29,90
Capa mole: R$ 19,90
Pergunto-me se os irão sair cá nas bancas mais graphic novels MSP.
ResponderEliminarDesta coleção (Graphic MSP) só vi um à venda no Corte Ingles do Porto em dezembro de 2015 (salvo erro). Era o Monica - Laços.
EliminarO Astronauta 1 também chegou a sair e passado um tempo foi redistribuído.
EliminarSim, infelizmente só saíram esses dois...
EliminarBoas leituras!