Este é um relato forte, descomplexado e até chocante sobre
histórias antigas, ódios ilógicos e muita violência.
É uma história sobre ódios antigos mantidos em lume brando e
despertados, recordados, revividos, reatados com a chegada de Earl Tubbs ao
condado de Craw, um lugar miserável e desprezível, de que nem sequer os
habitantes gostam.
Earl partiu de lá há 40 anos, após o pai, então xerife, ser
assassinado – massacrado, espancado… - na própria casa por um grupo de
habitantes, para júbilo de todos, Earl incluído.
O regresso, previsivelmente curto de no máximo 72 horas, é
apenas para esvaziar a casa do pai, após o tio que lá morava ter ido para um
lar, como vamos sabendo das sucessivas mensagens que deixa no telemóvel de alguém, que (aparentemente) o tornam menos solitário e mais humano...
Um reencontro – fortuito mas inevitável - e a participação
numa subsequente altercação são os rastilhos que vão incendiar o condado,
fazendo-o reviver o passado e reabrindo velhas (mas nalguns casos
desconhecidas?) feridas. Que, de forma anónima - e surpreendente
História sobre o pior do ser humano, sobre o Sul – onde os
dois autores nasceram - sobre os bastardos que lá moram, sobre a imbecilidade,
o perigo das multidões e a facilidade como o preço certo, mesmo que miserável,
cala consciências e responsabilidades, Southern
Bastards oculta este seu tom ‘moral e socialmente crítico’ – que acredito
está longe do propósito dos autors - sob uma grossa camada de violência
incontida – física, sim, mas também (e de que maneira) psicológica.
História narrada com traço duro e agreste, extremamente
expressivo e realista, em especial quando a ideia é chocar, e uma excelente planificação,
que oscila entre o quase minimalista e a prancha de dupla página para ritmar a
leitura, marcar os momentos fulcrais e meter-nos pelos olhos dentro o que de
mais provocador existe em Southern Bastards
– como desde logo revela a (escatológica) dupla página inicial.
E esta até já seria uma grande história, se ficasse limitada
às cerca de 100 pranchas deste volume. Mas a grande notícia é que Southern Bastards tem continuação – já 13
comics no original de que conhecemos apenas os quatro primeiros - o que é, de
certeza – mesmo que de momento não vejamos como - garantia de mais sacanas,
porrada à descrição e da continuação de um relato forte, descomplexado e até
chocante.
Vol. 1 Aqui jaz um homem
Jason Aaron
(argumento)
Jason Latour (desenho)
G. Floy
Portugal, Março de 2016
128 páginas, cor, capa dura
ISBN 978-84-16510-06-1
PVP: 9,99€
Boa review, e grande aposta da G. Floy. Que continuem assim.
ResponderEliminarGrande aposta, sem dúvida... e obrigado, Amganeva!
EliminarBoas leituras!
Nao sei se compro,mas ja esta nas bancas
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