Rui Lacas (argumento e desenho)
Polvo (Portugal, Junho de 2012)
240 x 170 mm, 64 p., 2 cores, brochado com badanas
9,90 €
Aviso: Hän Solo nada tem a ver com a saga de
ficção-científica Star Wars; é apenas um pequeno conto em torno da vida de Hän,
um homem só.
Hän é um holandês bipolar, de volta à Lisboa onde estudou, a
viver uma bela e intensa história de amor com Sandra, enquanto tenta (sobre)viver
como fotógrafo.
Fotógrafo, sim, mas também pintor, desenhador, pelo menos
quando a doença bipolar - controlada pelos fármacos, exacerbada pelos seus
excessos – deixa. Um homem só, à procura dos outros – imaginando-os mesmo onde
não está ninguém – perdido nos seus próprios excessos emocionais, sujeito às
desilusões quotidianas e às desfeitas dos outros.
Mas Hän Solo é, antes de mais, uma demonstração da mestria
de narrar aos quadradinhos de Rui Lacas - num registo graficamente próximo de “A Ermida”,
que surge praticamente em simultâneo com “Asteroid Fighters” #2
- onde se revela tão à vontade no retratar da figura humana quanto na transposição
para o papel dos cenários reais (Lisboa, Madrid) que escolheu para o seu
relato, e exemplar no modo como o pouco texto e as imagens se coordenam, fluem,
prendem, cativam e arrastam o leitor pela história.
Uma história - surpreendente na sua simplicidade, cativante na forma sentida como capta e transmite sensações e emoções - apanhada a meio pelos leitores e abandonada pouco
mais de meia centena de pranchas depois, muito antes que ela se conclua – tal como
as vidas daqueles com quem ocasionalmente nos cruzamos.
Mas que, como Hän Solo,
deixam em nós uma marca indelével e uma forte vontade de os ter conhecido melhor.