Títulos que já estão ou estarão em breve disponíveis nas bancas portuguesas, sendo que entre eles há quatro novidades a destacar.
A primeira – que As Leituras do Pedro aconselham - é o Tex Gigante #22 – Seminoles (Mythos), escrito por Gino D’Antonio e desenhado por Lucio Fillippuccio, sobre o qual pode saber mais aqui.
Quanto à Panini, enviou para as bancas nacionais duas novas revistas, Universo Marvel (ver comentários abaixo, que reinicia a sua numeração) e Universo DC, que veio substituir Superman & Batman, recentemente cancelada. Estes novos títulos, tal como Avante Vingadores, seguem o modelo de 148 páginas por número, não sendo por isso agrafados mas tendo lombada quadrada. Universo Marvel inclui histórias de Hulk, Elektra, Quarteto Fantástico e Demolidor, enquanto que Universo DC, publica histórias conjuntas de Superman e Batman, Supergirl, Superboy e da Mulher-Maravilha. Um senão, o preço algo amargo de 6,20 €.
Finalmente, Vampire Knight marca a estreia da Panini no nosso país no género manga. É uma criação de Hino Matsuri, que no Brasil já vai no 11º volume, tendo cada um deles cerca de 200 páginas e custando 6,00 euros.
Panini
Manga
Vampire Knight #1
DC Comics
Batman #91
Liga da Justiça #90
Superman #91
Universo DC #1
Marvel
Avante Vingadores #41
Homem-Aranha #102
Os Novos Vingadores #77
Universo Marvel #1 (ver comentários abaixo)
Wolverine #66
X-Men #102
Turma da Mónica
Almanaque do Cascão #22
Almanaque do Cebolinha #22
Almanaque da Mônica #22
Almanaque Turma do Astronauta #7
Cascão #43
Cebolinha #43
Chico Bento #43
Grande Almanaque de Férias #8
Magali #43
Mônica #43
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #43
Turma da Mônica – Colecção Histórica #18
Turma da Mónica – Saiba mais #34 – Meio Ambiente
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #43
Turma da Mônica Jovem #25
Mythos
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #69 – Atentado no Texas
Mágico Vento #98 – Lições de guerra
Tex #463 – Minutos contados
Tex Colecção #255 – O caubói sem nome
Tex Gigante #22 - Seminoles
Tex Ouro #41 – Retorno a Pilares
Zagor #112 – O mistério indígena
Zagor Extra #76 – Nó corrediço
24/01/2011
23/01/2011
Selos & Quadradinhos (20)
Stamps & Comics / Timbres & BD (20)
Leituras relacionadas
Libéria,
Popeye,
Selos e Quadradinhos
22/01/2011
Selos & Quadradinhos (19)
Stamps & Comics / Timbres & BD (19)
Tema/subject/sujet: Centenário do Nascimento de Walt Disney/Centenary of the Birth of Walt Disney/Centenaire de la naissance de Walt Disney
País/country/pays: Portugal
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2001
Esta é mais uma das raras emissões feitas em Portugal dedicadas à temática Banda Desenhada ou Cinema de Animação.
Deixo uma chamada de atenção para a feliz conjugação nos selos das imagens dos heróis Disney com uma arte tradicional portuguesa, a azulejaria.
This is another one of those rare philatelic issues made in Portugal dedicated to the theme comic book or animated cinema.
I leave a reminder to the happy conjunction of images on the stamps of Disney heroes with a traditional Portuguese art, decorative tiles.
C'est autre des rares émissions philatéliques du Portugal dédié á la bande dessinée ou au cinéma ou d'animation.
Je laisse un appel à l'heureuse conjonction des images sur les timbres des héros Disney avec un art traditionnel portugais, tuiles décoratives.
País/country/pays: Portugal
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2001
Esta é mais uma das raras emissões feitas em Portugal dedicadas à temática Banda Desenhada ou Cinema de Animação.
Deixo uma chamada de atenção para a feliz conjugação nos selos das imagens dos heróis Disney com uma arte tradicional portuguesa, a azulejaria.
This is another one of those rare philatelic issues made in Portugal dedicated to the theme comic book or animated cinema.
I leave a reminder to the happy conjunction of images on the stamps of Disney heroes with a traditional Portuguese art, decorative tiles.
C'est autre des rares émissions philatéliques du Portugal dédié á la bande dessinée ou au cinéma ou d'animation.
Je laisse un appel à l'heureuse conjonction des images sur les timbres des héros Disney avec un art traditionnel portugais, tuiles décoratives.
Leituras relacionadas
Disney,
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Selos e Quadradinhos
21/01/2011
Onírica
Beroy (argumento e desenho)
Glénat Espanha (Espanha, Novembro 2010)
166 x 230, 288 p., pb e cor, cartonado, 24,00 €
Resumo
Recompilação integral de quatro álbuns – Doctor Mabuse, 666/999, Ajeno e La Enfermidad del Sueno – de Beroy, um dos autores surgidos no boom que a banda desenhada espanhola viveu nos anos 80.
Desenvolvimento
E nesses anos 80, eu – como muitos outros portugueses apreciadores dos quadradinhos – assinei ou comprei muitas das revistas (e álbuns…) que então pululavam em Espanha: 1984, depois Zona 84, Cairo, Cimoc… Revistas onde, a par dos grandes nomes da BD mundial, eram publicados alguns dos autores mais interessantes e estimulantes de então, como (e cito de cabeça, esquecendo outros tantos) Prado, Torres, Pere Joan, Mique Beltran, Abuli, Bernet, Trillo, Segura, Ortiz, Font, Pasqual Ferry, Carlos Gimenez…. E Beroy.
Agora, ao surgir a oportunidade de (re)descobrir um dos autores mais inquietos – e inquietantes – da sua geração, confesso que hesitei um pouco, temendo que o tempo tivesse deixado a sua marca…
E, sem dúvida, nalguns pontos isso aconteceu. Descrevendo cenários apocalípticos e realidades de pesadelo, quando escreveu estes álbuns, beroy apontava um eventual fim do mundo para o inevitável ano 2000, marco já ultrapassado sem que nada de especial (nos) acontecesse. A par disso, referências a uma “doença sexual” que contribuiria para o fim da humanidade e à (ainda) incipiente realidade informática de então, surgem hoje deslocadas e não fazendo muito sentido. Mas a verdade, é que se tratam de pormenores de somenos importância no conjunto, que não retiram valor nem interesse a estas quatro obras que narram a ascensão ao poder do misterioso Dr. Mabuse, a chegada do Apocalipse, a concretização de uma maldição lançada durante a Guerra Civil Espanhola ou os inquietantes caminhos do sonho.
Porque, fora isso, e pese embora a espaços a utilização de um texto algo excessivo e teatral, estas obras de Beroy mantêm intactas todas as características que chamaram a atenção sobre elas quando foram originalmente publicadas.
A começar, desde logo, pelo clima de pesadelo, a sensação opressiva misto de loucura e angústia que atravessa os quatro relatos, o temor do desconhecido, o ambiente místico e fantástico, o temor descontrolado em relação ao amanhã, a fraqueza do amor face ao horror e à morte… Temáticas incómodas e capazes de provocar angústia, mas que mesmo assim arrebatam o leitor e o levam a mergulhar na realidade aterradora que Beroy imaginou. Como me acon teceu então, como me voltou a acontecer agora.
Tudo tendo por base um traço único que conjuga estilos para (re)desenha espaços e cidades – em especial Barcelona… -, conferindo-lhes uma modernidade que contrasta com os muitos sinais do passado, onde os seres humanos – a maioria meros joguetes nas mãos de uns poucos - parecem quase deslocados e fora do contexto, embora sejam eles – alguns deles – a gerar a acção, a provocar os cataclismos, a invocar seres demoníacos, a gerar autênticos pesadelos acordados para os seus semelhantes. E para nós, leitores.
Por isso, melhor, também por isso, não surpreende que, nas prateleiras das personagens de Beroy, encontremos livros de Poe, Wells, Kafka, Orwell… Juntando-se às influências claras e assumidas de Lovecraft ou Fritz Lang, na construção de um universo grandioso e aterrador de bases sólidas e inquietantes, embora não haja ligação directa entre os quatro relatos apresentados.
Ou, voltando aos livros nas estantes, ainda um deslocado exemplar do Little Nemo de Winsor McCay pois, mais do que o sonho que McCay tão bem ilustrou, este livro aborda (e transborda da sua antítese, o) pesadelo, sendo mais ajustado, até, que fosse esse o seu título.
A reter
- A possibilidade de reler a obra de Beroy, em versão integral, tantos anos depois.
- O magnífico aspecto do objecto livro.
- O dossier final, repleto de estudos, esboços e capas alternativas, bem como de um divertido texto sobre o autor.
- A fabulosa utilização da cor por Beroy, de que se lamenta estar presente apenas numas poucas pranchas, embora seja sem dúvida o seu preto e branco contrastante o que melhor se adequa a pintar os cenários dantescos e as narrativas em que imperam o medo e o terror.
- A nota da página 174, actualizando para 2010 uma nota originalmente datada de 1987, pois é apenas um pequeno pormenor no cuidado editorial que este livro denota. E que devia ser uma constante e não uma excepção…
Menos conseguido
- … o que no entanto não evitou que uma página de
Ajeno (esta aqui ao lado) tenha ficado esquecida fora do livro! Solução, trocar gratuitamente o exemplar incompleto, por um da nova edição em breve disponível.
- O tamanho do álbum, que impôs uma redução excessiva aos originais, tornando difícil a leitura de algumas legendas. Mesmo tendo sido opção do próprio Beroy.
Glénat Espanha (Espanha, Novembro 2010)
166 x 230, 288 p., pb e cor, cartonado, 24,00 €
Resumo
Recompilação integral de quatro álbuns – Doctor Mabuse, 666/999, Ajeno e La Enfermidad del Sueno – de Beroy, um dos autores surgidos no boom que a banda desenhada espanhola viveu nos anos 80.
Desenvolvimento
E nesses anos 80, eu – como muitos outros portugueses apreciadores dos quadradinhos – assinei ou comprei muitas das revistas (e álbuns…) que então pululavam em Espanha: 1984, depois Zona 84, Cairo, Cimoc… Revistas onde, a par dos grandes nomes da BD mundial, eram publicados alguns dos autores mais interessantes e estimulantes de então, como (e cito de cabeça, esquecendo outros tantos) Prado, Torres, Pere Joan, Mique Beltran, Abuli, Bernet, Trillo, Segura, Ortiz, Font, Pasqual Ferry, Carlos Gimenez…. E Beroy.
Agora, ao surgir a oportunidade de (re)descobrir um dos autores mais inquietos – e inquietantes – da sua geração, confesso que hesitei um pouco, temendo que o tempo tivesse deixado a sua marca…
E, sem dúvida, nalguns pontos isso aconteceu. Descrevendo cenários apocalípticos e realidades de pesadelo, quando escreveu estes álbuns, beroy apontava um eventual fim do mundo para o inevitável ano 2000, marco já ultrapassado sem que nada de especial (nos) acontecesse. A par disso, referências a uma “doença sexual” que contribuiria para o fim da humanidade e à (ainda) incipiente realidade informática de então, surgem hoje deslocadas e não fazendo muito sentido. Mas a verdade, é que se tratam de pormenores de somenos importância no conjunto, que não retiram valor nem interesse a estas quatro obras que narram a ascensão ao poder do misterioso Dr. Mabuse, a chegada do Apocalipse, a concretização de uma maldição lançada durante a Guerra Civil Espanhola ou os inquietantes caminhos do sonho.
Porque, fora isso, e pese embora a espaços a utilização de um texto algo excessivo e teatral, estas obras de Beroy mantêm intactas todas as características que chamaram a atenção sobre elas quando foram originalmente publicadas.
A começar, desde logo, pelo clima de pesadelo, a sensação opressiva misto de loucura e angústia que atravessa os quatro relatos, o temor do desconhecido, o ambiente místico e fantástico, o temor descontrolado em relação ao amanhã, a fraqueza do amor face ao horror e à morte… Temáticas incómodas e capazes de provocar angústia, mas que mesmo assim arrebatam o leitor e o levam a mergulhar na realidade aterradora que Beroy imaginou. Como me acon teceu então, como me voltou a acontecer agora.
Tudo tendo por base um traço único que conjuga estilos para (re)desenha espaços e cidades – em especial Barcelona… -, conferindo-lhes uma modernidade que contrasta com os muitos sinais do passado, onde os seres humanos – a maioria meros joguetes nas mãos de uns poucos - parecem quase deslocados e fora do contexto, embora sejam eles – alguns deles – a gerar a acção, a provocar os cataclismos, a invocar seres demoníacos, a gerar autênticos pesadelos acordados para os seus semelhantes. E para nós, leitores.
Por isso, melhor, também por isso, não surpreende que, nas prateleiras das personagens de Beroy, encontremos livros de Poe, Wells, Kafka, Orwell… Juntando-se às influências claras e assumidas de Lovecraft ou Fritz Lang, na construção de um universo grandioso e aterrador de bases sólidas e inquietantes, embora não haja ligação directa entre os quatro relatos apresentados.
Ou, voltando aos livros nas estantes, ainda um deslocado exemplar do Little Nemo de Winsor McCay pois, mais do que o sonho que McCay tão bem ilustrou, este livro aborda (e transborda da sua antítese, o) pesadelo, sendo mais ajustado, até, que fosse esse o seu título.
A reter
- A possibilidade de reler a obra de Beroy, em versão integral, tantos anos depois.
- O magnífico aspecto do objecto livro.
- O dossier final, repleto de estudos, esboços e capas alternativas, bem como de um divertido texto sobre o autor.
- A fabulosa utilização da cor por Beroy, de que se lamenta estar presente apenas numas poucas pranchas, embora seja sem dúvida o seu preto e branco contrastante o que melhor se adequa a pintar os cenários dantescos e as narrativas em que imperam o medo e o terror.
- A nota da página 174, actualizando para 2010 uma nota originalmente datada de 1987, pois é apenas um pequeno pormenor no cuidado editorial que este livro denota. E que devia ser uma constante e não uma excepção…
Menos conseguido
- … o que no entanto não evitou que uma página de
Ajeno (esta aqui ao lado) tenha ficado esquecida fora do livro! Solução, trocar gratuitamente o exemplar incompleto, por um da nova edição em breve disponível.
- O tamanho do álbum, que impôs uma redução excessiva aos originais, tornando difícil a leitura de algumas legendas. Mesmo tendo sido opção do próprio Beroy.
20/01/2011
Spaghetti – Intégrale #1
René Goscinny (argumento)
Dino Attanasio (argumento e desenho)
Le Lombard (Bélgica, 7 de Janeiro de 2011)
222 x 295 mm, 120 p., cor, cartonado, 24,95 €
Resumo
Este é o primeiro dos seis volumes previstos para a reedição integral das aventuras de Spaghetti, o herói criado por Attanasio e desenvolvido por ele e Goscinny, que fez a sua estreia a 16 de Outubro de 1957, nas páginas da revista Tintin.
Neste primeiro tomo, para além de um dossier da autoria de Jacques Pessis, que foca em especial o percurso de Dino Attanasio, estão incluídas 21 histórias curtas, de duas ou três pranchas, até agora inéditas em álbum, e ainda “Spaguetti et l’Émeraude rouge” (1959) e “L’Étonnante Coisière du Signor Spaguetti” (1960).
Nas narrativas curtas, Spaghetti experimenta diversas profissões (guia turístico, cozinheiro, barbeiro, músico, vendedor de tomates…), sempre com resultados catastróficos, apesar da sua boa vontade.
Em “Spaguetti et l’Émeraude rouge”, o herói italiano vê-se na posse de uma esmeralda, aparentemente portadora de uma maldição, que torna o seu possuidor um perigo para aqueles que contacta, surgindo um bando de gangsters que tenta tirar partido desse efeito.
Finalmente, no último relato, Spaghetti encontra-se a bordo de um barco comandado por dois bandidos que têm por objectivo recuperar o seu chefe e um grande saque numa ilha fora das rotas habituais, com o pormenor de cada um dos elementos da equipagem falar uma língua diferente…
Desenvolvimento
Li algumas histórias de Spaghetti, tenho uma mão cheia de álbuns que ele protagoniza e confesso que na minha memória não era mais que uma criação menor de Goscinny, contidamente divertida.
Claro que, quando se fala de “monstros” como Goscinny e se usa como termo de comparação Astérix ou (o melhor) de Lucky Luke, tudo o mais tende a parecer menor e pouco importante. Por isso, também, esta (re)descoberta de Spaghetti foi para mim uma agradável surpresa (e uma agradável leitura), constituindo as histórias, bem ritmada e sem tempos mortos nem acrescentos desnecessários, onde todos os elementos (desenho, diálogos, enquadramentos, pormenores) estão ao serviço do bom humor que nelas impera.
Desde logo, pelo sotaque italiano do protagonista que afecta a sua pronúncia e dá aos diálogos um exotismo e uma musicalidade diferente. Obrigando ao mesmo tempo a uma leitura mais atenta, que ajuda a apanhar melhor as piadas. Depois, pela boa exploração da repetição de situações, algo em que Goscinny era mestre, quase sempre com resultados hilariantes, destacando-se neste particular as histórias curtas (se lidas como um todo) e a primeira BD longa.
Finalmente, pela proximidade que o leitor sente com Spaghetti, um ser comum, bem-intencionado mas trapalhão, que, especialmente na sua fase inicial, enfrenta problemas semelhantes aos que nós também temos.
A reter
- Mais uma vez, a qualidade da edição, em termos gráficos e editoriais, destacando eu, neste último aspecto, a indicação da data e local de publicação de cada história.
- E, claro, a obra em si.
- A possibilidade de descobrir as primeiras histórias de Spaghetti.
- Como já aqui tenho referido várias vezes, uma das vantagens destas edições integrais, são a possibilidade de analisar a evolução das séries. No caso presente, veja-se, por exemplo, como se foram reduzindo os atributos capilares de Spaghetti.
Menos conseguido
- O preço, quando comparada com outras edições integrais francófonas que oferecem mais páginas, custando sensivelmente o memso.
Curiosidades
- Attanasio usou-se a si próprio como modelo para Spaghetti.
- A descoberta, no dossier, de que Attanasio foi o primeiro autor a desenhar Bob Morane em BD. Num estilo realista, portanto.
- A presença, em diversas pranchas, de um minúsculo Spaghetti segurando o respectivo número ou a palavra “Fim”.
- Alguns “visitantes especiais”, também eles então heróis da revista “Tintin”, que surgem na última prancha de “Signor Spaghetti fait du cinéma”: Modeste, Pompom, Prudence Petipas…
Spaguetti em PortugalSpaghetti fez a sua estreia em Portugal em 1965, na revista Zorro #157, como a história “O rali do senhor Macarrão”, sendo este último Spaghetti, e tendo Pomodoro sido rebaptizado como… Ravioli!
Regressaria quatro anos depois, já na revista Tintin, onde foi presença regular ao longo dos anos, incluindo o número especial anual de 1978, embora nunca tenha sido um dos seus heróis de referência.
Apesar disso, a divertida criação de Attanasio e Goscinny teria diversas edições em álbum no nosso país, a começar por dois títulos na Íbis – “A Vida Dupla de Pomodoro” e “Spaghetti na Feira”- entre o final dos anos 1960 e o início da década seguinte.
Mais tarde, em meados da década de 80 do século passado, a Distri voltaria ao simpático italiano, com quatro títulos: “Spaghetti em Veneza”, “Spaghetti em Paris”, “O tesouro da Pirâmide” e “Viva Spaghetti”.
Finalmente, já no ano passado, Spaghetti protagonizou o segundo álbum da colecção “Clássicos da Revista Tintin”, lançada pela ASA juntamente com o jornal Público, que continha três aventuras: “Spaghetti e os quadros a óleo”, “Encontro de ciclistas” e “Spaghetti em Paris”.
Dino Attanasio (argumento e desenho)
Le Lombard (Bélgica, 7 de Janeiro de 2011)
222 x 295 mm, 120 p., cor, cartonado, 24,95 €
Resumo
Este é o primeiro dos seis volumes previstos para a reedição integral das aventuras de Spaghetti, o herói criado por Attanasio e desenvolvido por ele e Goscinny, que fez a sua estreia a 16 de Outubro de 1957, nas páginas da revista Tintin.
Neste primeiro tomo, para além de um dossier da autoria de Jacques Pessis, que foca em especial o percurso de Dino Attanasio, estão incluídas 21 histórias curtas, de duas ou três pranchas, até agora inéditas em álbum, e ainda “Spaguetti et l’Émeraude rouge” (1959) e “L’Étonnante Coisière du Signor Spaguetti” (1960).
Nas narrativas curtas, Spaghetti experimenta diversas profissões (guia turístico, cozinheiro, barbeiro, músico, vendedor de tomates…), sempre com resultados catastróficos, apesar da sua boa vontade.
Em “Spaguetti et l’Émeraude rouge”, o herói italiano vê-se na posse de uma esmeralda, aparentemente portadora de uma maldição, que torna o seu possuidor um perigo para aqueles que contacta, surgindo um bando de gangsters que tenta tirar partido desse efeito.
Finalmente, no último relato, Spaghetti encontra-se a bordo de um barco comandado por dois bandidos que têm por objectivo recuperar o seu chefe e um grande saque numa ilha fora das rotas habituais, com o pormenor de cada um dos elementos da equipagem falar uma língua diferente…
Desenvolvimento
Li algumas histórias de Spaghetti, tenho uma mão cheia de álbuns que ele protagoniza e confesso que na minha memória não era mais que uma criação menor de Goscinny, contidamente divertida.
Claro que, quando se fala de “monstros” como Goscinny e se usa como termo de comparação Astérix ou (o melhor) de Lucky Luke, tudo o mais tende a parecer menor e pouco importante. Por isso, também, esta (re)descoberta de Spaghetti foi para mim uma agradável surpresa (e uma agradável leitura), constituindo as histórias, bem ritmada e sem tempos mortos nem acrescentos desnecessários, onde todos os elementos (desenho, diálogos, enquadramentos, pormenores) estão ao serviço do bom humor que nelas impera.
Desde logo, pelo sotaque italiano do protagonista que afecta a sua pronúncia e dá aos diálogos um exotismo e uma musicalidade diferente. Obrigando ao mesmo tempo a uma leitura mais atenta, que ajuda a apanhar melhor as piadas. Depois, pela boa exploração da repetição de situações, algo em que Goscinny era mestre, quase sempre com resultados hilariantes, destacando-se neste particular as histórias curtas (se lidas como um todo) e a primeira BD longa.
Finalmente, pela proximidade que o leitor sente com Spaghetti, um ser comum, bem-intencionado mas trapalhão, que, especialmente na sua fase inicial, enfrenta problemas semelhantes aos que nós também temos.
A reter
- Mais uma vez, a qualidade da edição, em termos gráficos e editoriais, destacando eu, neste último aspecto, a indicação da data e local de publicação de cada história.
- E, claro, a obra em si.
- A possibilidade de descobrir as primeiras histórias de Spaghetti.
- Como já aqui tenho referido várias vezes, uma das vantagens destas edições integrais, são a possibilidade de analisar a evolução das séries. No caso presente, veja-se, por exemplo, como se foram reduzindo os atributos capilares de Spaghetti.
Menos conseguido
- O preço, quando comparada com outras edições integrais francófonas que oferecem mais páginas, custando sensivelmente o memso.
Curiosidades
- Attanasio usou-se a si próprio como modelo para Spaghetti.
- A descoberta, no dossier, de que Attanasio foi o primeiro autor a desenhar Bob Morane em BD. Num estilo realista, portanto.
- A presença, em diversas pranchas, de um minúsculo Spaghetti segurando o respectivo número ou a palavra “Fim”.
- Alguns “visitantes especiais”, também eles então heróis da revista “Tintin”, que surgem na última prancha de “Signor Spaghetti fait du cinéma”: Modeste, Pompom, Prudence Petipas…
Spaguetti em PortugalSpaghetti fez a sua estreia em Portugal em 1965, na revista Zorro #157, como a história “O rali do senhor Macarrão”, sendo este último Spaghetti, e tendo Pomodoro sido rebaptizado como… Ravioli!
Regressaria quatro anos depois, já na revista Tintin, onde foi presença regular ao longo dos anos, incluindo o número especial anual de 1978, embora nunca tenha sido um dos seus heróis de referência.
Apesar disso, a divertida criação de Attanasio e Goscinny teria diversas edições em álbum no nosso país, a começar por dois títulos na Íbis – “A Vida Dupla de Pomodoro” e “Spaghetti na Feira”- entre o final dos anos 1960 e o início da década seguinte.
Mais tarde, em meados da década de 80 do século passado, a Distri voltaria ao simpático italiano, com quatro títulos: “Spaghetti em Veneza”, “Spaghetti em Paris”, “O tesouro da Pirâmide” e “Viva Spaghetti”.
Finalmente, já no ano passado, Spaghetti protagonizou o segundo álbum da colecção “Clássicos da Revista Tintin”, lançada pela ASA juntamente com o jornal Público, que continha três aventuras: “Spaghetti e os quadros a óleo”, “Encontro de ciclistas” e “Spaghetti em Paris”.
Leituras relacionadas
Attanasio,
Goscinny,
integral,
Le Lombard,
Spaghetti
19/01/2011
Jo, Zette e Jocko
Os 75 anos dos “irmãos mais novos” de Tintin
Corria o ano de 1936. O sucesso de Tintin – então a viver a sua sexta aventura, “O Ídolo Roubado” – era crescente, mas não fazia a unanimidade. A prová-lo, chegava a Hergé uma carta de França, da revista católica “Coeurs Vaillants” que também publicava as aventuras de Tintin, pondo em causa o repórter de poupa, onde se lia que o herói “não ganha a sua vida, não vai à escola, não tem pais, não come, não dorme… Isso não é lógico”. E, em jeito de encomenda, desafiava Hergé a criar alguém “cujo pai trabalhe, que tenha uma mãe, uma irmã mais nova, um animal de estimação”, contou o desenhador numa entrevista a Numa Sadoul. Em suma, um bom exemplo para os jovens leitores da revista Aproveitando personagens criados para um trabalho publicitário, Hergé daria assim origem a Jo, Zette e Jocko (conhecidos em Portugal como Joana, João e o Macaco Simão), estreados há 75 anos, a 19 de Janeiro de 1936, na “Coeurs Vaillants”.
Juntos, até 1939 viveriam o tempo de três aventuras, entre o preto e branco, a bicromia e a cor, ou melhor, duas aventuras e meia porque “Jo et Zette au Pays du maharadjah”, só seria concluída 15 anos mais tarde, sob o título “O Vale das Cobras”, nos anos 1950, quando as restantes histórias foram remontadas, divididas e coloridas, totalizando assim a série cinco álbuns.
Os seus protagonistas eram dois irmãos, Joana e João, o pai, o engenheiro Legrand, a mãe, doméstica, e Simão, um macaco, o tal animal de estimação da “encomenda”.
Se o traço estava próximo do utilizado em Tintin, embora seja evidente uma menor entrega do desenhador, em termos narrativos a estrutura era também semelhante à dos álbuns de Tintin, com uma boa dose de ficção-científica, fruto da ocupação do pai. Apesar das bases da “encomenda”, em cada aventura a célula familiar era desfeita rapidamente, pois os miúdos metiam-se em enrascadas, geralmente relacionadas com a profissão do pai, deixando os progenitores em casa, aflitos e expectantes, aguardando o seu regresso de algum destino distante e exótico ou não tenham os heróis visitado a Ásia, a África e o Pólo Norte, em aventuras ingénuas e rocambolescas mas bem estruturadas. Apesar de alguns dos feitos destes “irmãos mais novos” de Tintin (especialmente a pilotagem de aeronaves e engenhos estranhos) soarem pouco credíveis dada a sua tenra idade.
O humor, muitas vezes fruto das intervenções bem-intencionadas mas trapalhonas do macaco Simão, está também presente em todos os relatos, em especial no derradeiro álbum, “O Vale das Cobras, no qual ocupa quase a metade inicial do relato, num longo intróito que poderia apontar para uma eventual inflexão narrativa da série que, no entanto, não teve continuidade.
A título de curiosidade, uma leitura atenta revelará uma série de sequências que parecem decalcadas de álbuns anteriores de Tintins (como o exemplo ao lado, retirados de “O Testamento do sr. Pump” e “Tintin na América”), como poderá facilmente comprovar quem quiser perder algum tempo. Ou melhor, ganhar, porque estas histórias resistiram ao passar do tempo e continuam-se a ler-se com bastante agrado.
Em Portugal, Jo, Zette e Jocko estrearam-se na revista Zorro, no número #89, a 20 de Julho de 1964, com “O Manitoba não responde”, que seria publicada até ao #140, iniciando-se no número seguinte “A erupção do Karamako”, que prosseguiria até ao Zorro #192, de 11 de Junho de 1966. As mesmas histórias seriam depois publicadas no suplemento “Quadradinhos” do jornal “A Capital”, a partir do número 14, de 5 de Junho de 1972. Cerca de 10 anos mas tarde, a Editorial Verbo publicaria integralmente a série em cinco álbuns, republicados mais tarde, entre 1997 e 2000.
A ASA, que actualmente está a reeditar As Aventuras de Tintin, ainda não tem prevista uma data para a reedição desta série, que a Casterman recuperou num único volume em 2008.
Corria o ano de 1936. O sucesso de Tintin – então a viver a sua sexta aventura, “O Ídolo Roubado” – era crescente, mas não fazia a unanimidade. A prová-lo, chegava a Hergé uma carta de França, da revista católica “Coeurs Vaillants” que também publicava as aventuras de Tintin, pondo em causa o repórter de poupa, onde se lia que o herói “não ganha a sua vida, não vai à escola, não tem pais, não come, não dorme… Isso não é lógico”. E, em jeito de encomenda, desafiava Hergé a criar alguém “cujo pai trabalhe, que tenha uma mãe, uma irmã mais nova, um animal de estimação”, contou o desenhador numa entrevista a Numa Sadoul. Em suma, um bom exemplo para os jovens leitores da revista Aproveitando personagens criados para um trabalho publicitário, Hergé daria assim origem a Jo, Zette e Jocko (conhecidos em Portugal como Joana, João e o Macaco Simão), estreados há 75 anos, a 19 de Janeiro de 1936, na “Coeurs Vaillants”.
Juntos, até 1939 viveriam o tempo de três aventuras, entre o preto e branco, a bicromia e a cor, ou melhor, duas aventuras e meia porque “Jo et Zette au Pays du maharadjah”, só seria concluída 15 anos mais tarde, sob o título “O Vale das Cobras”, nos anos 1950, quando as restantes histórias foram remontadas, divididas e coloridas, totalizando assim a série cinco álbuns.
Os seus protagonistas eram dois irmãos, Joana e João, o pai, o engenheiro Legrand, a mãe, doméstica, e Simão, um macaco, o tal animal de estimação da “encomenda”.
Se o traço estava próximo do utilizado em Tintin, embora seja evidente uma menor entrega do desenhador, em termos narrativos a estrutura era também semelhante à dos álbuns de Tintin, com uma boa dose de ficção-científica, fruto da ocupação do pai. Apesar das bases da “encomenda”, em cada aventura a célula familiar era desfeita rapidamente, pois os miúdos metiam-se em enrascadas, geralmente relacionadas com a profissão do pai, deixando os progenitores em casa, aflitos e expectantes, aguardando o seu regresso de algum destino distante e exótico ou não tenham os heróis visitado a Ásia, a África e o Pólo Norte, em aventuras ingénuas e rocambolescas mas bem estruturadas. Apesar de alguns dos feitos destes “irmãos mais novos” de Tintin (especialmente a pilotagem de aeronaves e engenhos estranhos) soarem pouco credíveis dada a sua tenra idade.
O humor, muitas vezes fruto das intervenções bem-intencionadas mas trapalhonas do macaco Simão, está também presente em todos os relatos, em especial no derradeiro álbum, “O Vale das Cobras, no qual ocupa quase a metade inicial do relato, num longo intróito que poderia apontar para uma eventual inflexão narrativa da série que, no entanto, não teve continuidade.
A título de curiosidade, uma leitura atenta revelará uma série de sequências que parecem decalcadas de álbuns anteriores de Tintins (como o exemplo ao lado, retirados de “O Testamento do sr. Pump” e “Tintin na América”), como poderá facilmente comprovar quem quiser perder algum tempo. Ou melhor, ganhar, porque estas histórias resistiram ao passar do tempo e continuam-se a ler-se com bastante agrado.
Em Portugal, Jo, Zette e Jocko estrearam-se na revista Zorro, no número #89, a 20 de Julho de 1964, com “O Manitoba não responde”, que seria publicada até ao #140, iniciando-se no número seguinte “A erupção do Karamako”, que prosseguiria até ao Zorro #192, de 11 de Junho de 1966. As mesmas histórias seriam depois publicadas no suplemento “Quadradinhos” do jornal “A Capital”, a partir do número 14, de 5 de Junho de 1972. Cerca de 10 anos mas tarde, a Editorial Verbo publicaria integralmente a série em cinco álbuns, republicados mais tarde, entre 1997 e 2000.
A ASA, que actualmente está a reeditar As Aventuras de Tintin, ainda não tem prevista uma data para a reedição desta série, que a Casterman recuperou num único volume em 2008.
Leituras relacionadas
Hergé,
Jo,
Joana,
João e o macaco Simão,
Zette e Jocko
18/01/2011
Portugal 25 anos depois
Rui Alves, Teresa Cardia e António Valjean (argumento e desenho)
CIEJD - Centro de Informação Europeia Jacques Delors (Portugal, Janeiro de 2010)
210 x 230 mm, 12 p., cor, sem capa
Hoje, às 15 horas, é lançado em Lisboa, no Palacete do Relógio, no Cais do Sodré, “Portugal 25 anos depois”, uma banda desenhada de carácter institucional que mostra algumas das mudanças operadas no nosso país (para o bem e para o mal, digo eu), 25 anos após a assinatura do tratado de adesão de Portugal à União Europeia (então CEE).
A história, simples e directa, através de um passeio por diversas zonas de Portugal, mostra essas alterações através do olhar de duas gerações, Maria, de 25 anos, nascida no dia de assinatura do tratado, e o seu avô.
Esta edição do Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD), que assim assinala aquela efeméride, teve o patrocínio da Novabase e dos Pastéis de Belém, estando prevista a presença na sessão de lançamento do ex-Secretário de Estado da Integração Europeia, Dr. Vítor Martins, responsável pela Pasta entre 1985 e 1995.
A obra está já disponível em versão digital na Infoeuropa - Biblioteca de Informação Europeia em língua portuguesa, onde também pode ser pedida gratuitamente a versão em papel.
CIEJD - Centro de Informação Europeia Jacques Delors (Portugal, Janeiro de 2010)
210 x 230 mm, 12 p., cor, sem capa
Hoje, às 15 horas, é lançado em Lisboa, no Palacete do Relógio, no Cais do Sodré, “Portugal 25 anos depois”, uma banda desenhada de carácter institucional que mostra algumas das mudanças operadas no nosso país (para o bem e para o mal, digo eu), 25 anos após a assinatura do tratado de adesão de Portugal à União Europeia (então CEE).
A história, simples e directa, através de um passeio por diversas zonas de Portugal, mostra essas alterações através do olhar de duas gerações, Maria, de 25 anos, nascida no dia de assinatura do tratado, e o seu avô.
Esta edição do Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD), que assim assinala aquela efeméride, teve o patrocínio da Novabase e dos Pastéis de Belém, estando prevista a presença na sessão de lançamento do ex-Secretário de Estado da Integração Europeia, Dr. Vítor Martins, responsável pela Pasta entre 1985 e 1995.
A obra está já disponível em versão digital na Infoeuropa - Biblioteca de Informação Europeia em língua portuguesa, onde também pode ser pedida gratuitamente a versão em papel.
Leituras relacionadas
António Valjean,
CIEJD,
Fora das Livrarias,
Rui Alves,
Teresa Cardia
17/01/2011
Conventum
Pascal Girard (argumento e desenho)
Delcourt (França, 5 de Janeiro de 2011)
147 x 210 mm, 160 p., pb, brochado com badanas
13,50 €
Resumo
A vida tranquila de Pascal Girard, no Quebeque, sofre uma reviravolta ao receber um convite para participar num encontro com os antigos colegas de liceu, 10 anos depois.
Sentindo-se, gordo, envelhecido, desleixado, tem quatro meses para mudar a sua imagem e apresentar-se como um ganhador.
Desenvolvimento
“Instituição” em voga nos EUA (e no Canadá), os encontros com antigos colegas (o tal “conventum” do título, termo utilizado pelos canadianos para designar este tipo de reuniões), não têm muita expressão entre nós.
O que de certa forma se compreende porque, se por um lado permitem o reencontro entre pessoas que há muito não se vêem, apesar de terem passado juntas uma fase importante da vida, por outro (na maior parte dos casos?), servirão apenas para o reencontro com velhos ódios, relembrar momentos embaraçantes, confirmar como se envelheceu mal e verificar como ficaram por cumprir tantos sonhos e objectivos. Até porque, as relações que interessavam, foram com certeza mantidas.
É por (tudo) isso, aliás, que a primeira decisão de Pascal é recusar o convite e manter a sua vid(inh)a desinteressante mas (relativamente) sossegada, dividida entre a relação (complicada) com a companheira, as obsessões quotidianas, o medo do que é novo ou diferente. Só que, um (surpreendente) mail de Lucie, antiga paixão (platónica porque nunca declarada) do liceu, propondo irem juntos para o encontro, reacende antigos desejos e fá-lo decidir-se a ir.
Começa então para Pascal uma corrida contra o tempo, passada em stress constante, para perder peso, mudar o visual, comprar novo guarda-roupa… Esquecendo que o principal, o interior, é bem mais difícil de mudar. E mesmo o exterior…
Como acabará por descobrir durante o “conventum”, numa noite para esquecer, em que tudo lhe corre mal e na qual (surpreso?) verifica que os colegas – ao contrário da ideia que ele tinha de si próprio (!) – sempre o consideraram um perdedor. Por isso, talvez, as melhores recordações das horas lá passadas parecem ser do tempo que passou com… a cozinheira. A conversar, entenda-se, ou, melhor ainda, a ser enxotado por ela da cozinha, pese o facto de ser a única a demonstrar alguma compreensão por ele…
Isto, num relato longo e detalhado, em que os momentos negativos se sucedem: Lucie acaba por não aparecer, esqueceu de fazer (e pagar) a marcação, tem que ir no camião do pai, leva vestido o casaco (apertado) do irmão e calçadas meias rotas desfeitas no jogging que com afinco praticou dia-a-dia, os seus óculos partem-se, os antigos companheiros ignoram-no ou só recordam os momentos que Pascal fez por esquecer, a sua profissão (incompreendida) de desenhador destoa com as carreiras de “sucesso” feitas pelos colegas na construção civil ….
Profissão que lhe serve, pelo menos, para nos narrar cinco meses da sua vida, com um traço fino, suficientemente expressivo e pormenorizado q.b., que serve de base a uma narrativa maioritariamente depressiva e derrotista, contrastada por alguns momentos de humor bem conseguidos. Que, no entanto, são insuficientes para amenizar um relato demasiado longo e pormenorizado, que valoriza e explora aspectos que, podendo ser importantes para o autor/per-sonagem, o são menos para o leitor. Um dos problemas, aliás, que afecta, por vezes, a BD autobiográfica.
A reter
- O bom domínio do ritmo narrativo por parte de Girard, apesar do que atrás fica escrito. O problema da narrativa não é o seu ritmo, mas a sua extensão, a exploração demasiado minuciosa de alguns momentos ou situações.
- A dureza (realismo?) do (auto-)retrato de Girard, apresentando-se não só como um anti-social constantemente angustiado, mas também rude, antipático e mal-educado, que nunca desperta qualquer tipo de simpatia no leitor ao longo de todo o relato. Em resumo, alguém que não interessa, de todo, conhecer.
Menos conseguido
- A extensão do relato que, apesar de algum humor que desarma o seu tom quase catastrófico, o torna aborrecido a espaços. Porque a preparação e o reencontro com antigos colegas é uma linha condutora demasiado frágil para sustentar centena e meia de páginas.
- A total ausência de delimitação das vinhetas porque torna um pouco confusas algumas passagens, embora tenha o efeito de tornar menos pesadas a maioria das pranchas.
Curiosidade
- O site de Pascal Girard.
Delcourt (França, 5 de Janeiro de 2011)
147 x 210 mm, 160 p., pb, brochado com badanas
13,50 €
Resumo
A vida tranquila de Pascal Girard, no Quebeque, sofre uma reviravolta ao receber um convite para participar num encontro com os antigos colegas de liceu, 10 anos depois.
Sentindo-se, gordo, envelhecido, desleixado, tem quatro meses para mudar a sua imagem e apresentar-se como um ganhador.
Desenvolvimento
“Instituição” em voga nos EUA (e no Canadá), os encontros com antigos colegas (o tal “conventum” do título, termo utilizado pelos canadianos para designar este tipo de reuniões), não têm muita expressão entre nós.
O que de certa forma se compreende porque, se por um lado permitem o reencontro entre pessoas que há muito não se vêem, apesar de terem passado juntas uma fase importante da vida, por outro (na maior parte dos casos?), servirão apenas para o reencontro com velhos ódios, relembrar momentos embaraçantes, confirmar como se envelheceu mal e verificar como ficaram por cumprir tantos sonhos e objectivos. Até porque, as relações que interessavam, foram com certeza mantidas.
É por (tudo) isso, aliás, que a primeira decisão de Pascal é recusar o convite e manter a sua vid(inh)a desinteressante mas (relativamente) sossegada, dividida entre a relação (complicada) com a companheira, as obsessões quotidianas, o medo do que é novo ou diferente. Só que, um (surpreendente) mail de Lucie, antiga paixão (platónica porque nunca declarada) do liceu, propondo irem juntos para o encontro, reacende antigos desejos e fá-lo decidir-se a ir.
Começa então para Pascal uma corrida contra o tempo, passada em stress constante, para perder peso, mudar o visual, comprar novo guarda-roupa… Esquecendo que o principal, o interior, é bem mais difícil de mudar. E mesmo o exterior…
Como acabará por descobrir durante o “conventum”, numa noite para esquecer, em que tudo lhe corre mal e na qual (surpreso?) verifica que os colegas – ao contrário da ideia que ele tinha de si próprio (!) – sempre o consideraram um perdedor. Por isso, talvez, as melhores recordações das horas lá passadas parecem ser do tempo que passou com… a cozinheira. A conversar, entenda-se, ou, melhor ainda, a ser enxotado por ela da cozinha, pese o facto de ser a única a demonstrar alguma compreensão por ele…
Isto, num relato longo e detalhado, em que os momentos negativos se sucedem: Lucie acaba por não aparecer, esqueceu de fazer (e pagar) a marcação, tem que ir no camião do pai, leva vestido o casaco (apertado) do irmão e calçadas meias rotas desfeitas no jogging que com afinco praticou dia-a-dia, os seus óculos partem-se, os antigos companheiros ignoram-no ou só recordam os momentos que Pascal fez por esquecer, a sua profissão (incompreendida) de desenhador destoa com as carreiras de “sucesso” feitas pelos colegas na construção civil ….
Profissão que lhe serve, pelo menos, para nos narrar cinco meses da sua vida, com um traço fino, suficientemente expressivo e pormenorizado q.b., que serve de base a uma narrativa maioritariamente depressiva e derrotista, contrastada por alguns momentos de humor bem conseguidos. Que, no entanto, são insuficientes para amenizar um relato demasiado longo e pormenorizado, que valoriza e explora aspectos que, podendo ser importantes para o autor/per-sonagem, o são menos para o leitor. Um dos problemas, aliás, que afecta, por vezes, a BD autobiográfica.
A reter
- O bom domínio do ritmo narrativo por parte de Girard, apesar do que atrás fica escrito. O problema da narrativa não é o seu ritmo, mas a sua extensão, a exploração demasiado minuciosa de alguns momentos ou situações.
- A dureza (realismo?) do (auto-)retrato de Girard, apresentando-se não só como um anti-social constantemente angustiado, mas também rude, antipático e mal-educado, que nunca desperta qualquer tipo de simpatia no leitor ao longo de todo o relato. Em resumo, alguém que não interessa, de todo, conhecer.
Menos conseguido
- A extensão do relato que, apesar de algum humor que desarma o seu tom quase catastrófico, o torna aborrecido a espaços. Porque a preparação e o reencontro com antigos colegas é uma linha condutora demasiado frágil para sustentar centena e meia de páginas.
- A total ausência de delimitação das vinhetas porque torna um pouco confusas algumas passagens, embora tenha o efeito de tornar menos pesadas a maioria das pranchas.
Curiosidade
- O site de Pascal Girard.
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