Claudio Nizzi (argumento)
Venturi (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Setembro de 2006)
135 x 178 mm, 228 p., pb, brochado
Resumo
Santos, um jovem apache que trabalhava para o exército como batedor, comete um brutal assassinato à vista de todos. Para descobrir o porquê daquele crime inexplicável, Tex tem que mergulhar no seu passado em busca da resposta, contando ao seu filho Kit e a Kit Carson a história do pai de Santos, o terrível guerreiro conhecido como Lobo Raivoso.
Desenvolvimento
Numa série como Tex, com produção regular mensal (com tudo o que de bom e de mau este conceito acarreta), e uma qualidade média bastante razoável, as histórias mais interessantes, a nível de argumento, para mim, acabam por ser aquelas que fogem mais aos estereótipos normalmente associados ao herói. Ou pela abordagem de temáticas distintas ou por se atreverem a um tratamento diferente do (tão imutável) protagonista (que é assim, porque é assim que os leitores gostam, por muito que alguns "críticos" gostassem de ver outras temáticas/situações/personagens nas suas histórias).
Um desses casos é o diptíco publicado neste número do Almanaque Tex, colecção que publica histórias inéditas de Tex originalmente publicadas na série italiana "Almanacco del West" ou histórias que ficaram por publicar quando era a Editora Vecchi a responsável pela edição brasileira de Tex (porque o herói Bonelli, no Brasil, já passou pelas mãos das editoras Vecchi, Rio Gráfica, Globo e Mythos, embora mantendo sempre a numeração aquando das mudanças de editora).
Numa história recente, de 2006, como habitualmente bem narrada e estruturada, funcionando à base de constantes flash-backs, aparentemente dentro dos códigos que regem um dos mais famosos e populares westerns europeus, há uma diferença fundamental: Tex, geralmente dono e senhor da situação, infalível e (quase) omnipotente, falha estrondosamente. E logo por três vezes. Primeiro, quando não consegue evitar o fim trágico de Natay, o índio rebelde que quase lhe rouba o protagonismo da narrativa. Depois, quando não consegue que o verdadeiro criminoso, o oficial do exército corrupto, seja levado à justiça. Finalmente, quando não consegue evitar ou pelo menos atenuar o castigo (apesar de tudo justo) do seu assassino. Motivos suficientes - mas há mais, que deixo aos leitores descobrir - para mergulhar na leitura destas mais de 200 páginas.
Curiosidade
Se o desenho de Venturi é profissional q.b., eficiente, expressivo e dinâmico, não deixa de ser interessante reparar como o Tex das situações em flash-back é igualzinho ao Tex das cenas passadas na actualidade. Isto, apesar dos cerca de 20 anos que medeiam entre as duas. Mais uma prova da imutabilidade de Tex e de que os grandes heróis são mesmo eternos!
(versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #22 de Junho/Julho de 2007)
Li essa história aqui no Brasil mas, ao mesmo tempo em que a julguei fenomenal, senti um certo incômodo. Sou leitor contumaz de quadrinhos e, em especial, de Tex, e não conseguia entender o por quê desse incômodo tão grande, quase aflitivo. Você acabou de mo revelar: o infalível Tex falha por três vezes seguidas! Isso, juntamente com a narrativa frenética (a história não para, tá sempre acontecendo alguma coisa, alguma reviravolta!) incomum a Tex (geralmente, sua ação sofre "quebras" para reflexão, descanso dos heróis ou planejamento das próximas ações - coisas que praticamente inexistem nessa edição), fazem dessa uma das mais especiais aventuras "modernas" do ranger. E, por que não dizer, melhores?
ResponderEliminarParabéns pela análise e pelo blog, o qual não conhecia até então.
Abraços,
Rodrigo Amaral
Seja bem-vindo caro Rodrigo Amaral!
ResponderEliminarTambém acho que no caso do Tex - como no de outras séries mais extensas - as melhores histórias são aquelas que fogem ao esquema habitual.
É também um pouco o caso dos Tex Gigante, embora neles o desenhador tenha um papel fundamental no estabelecer da diferença.
Volte mais vezes!
Abraço!