Brüno
Glénat/[treizeétrange]
(França, 30 de Maio de 2012)
170 x 248 mm, 160 p., preto,branco e laranja, cartonado com sobrecapa
17,25 €
Resumo
Depois do imenso sucesso obtido com Priaps, embora
ensombrado por alguns efeitos secundários, o seu inventor é contratado pelo
governo para desenvolver Monstrula, um projecto bélico sem precedentes.
Ao mesmo tempo, Henri Luxe-Butol, filho do dono da
farmacêutica responsável pela comercialização de Priaps, tenta convencer Tamara
da sua paixão por ela.
Só que tudo se complica quando surge uma ameaça
extraterrestre consubstanciada por um robô gigante que…
Desenvolvimento
Como o resumo atrás deixa intuir, este livro é um a imensa
homenagem aos filmes série B de horror e ficção-científica que tiveram o seu
auge nos EUA nos anos 50 e 60. Por isso, não surpreende que Brüno preencha as
suas páginas com as mais variadas citações, homenagens e piscares de olho – uns
mais facilmente identificáveis do que outros – enquanto nos leva através de uma
certa América.
Faltou-me – propositadamente – incluir no resumo acima, que
Priaps é um extensor de pénis bem mais eficaz que o Viagra – apesar de alguns
preocupantes efeitos secundários que provocaram a completa exaurição dos seus
utilizadores - que a bela Tamara Teets é a maior estrela porno do seu tempo,
que até tem cotação em bolsa (!), e que o robô gigante, de 40 metros de altura,
tem a forma de uma deslumbrante loura… nua.
Ou seja, a par do tom folhetinesco, Brüno dota o seu relato
com uma (ligeira) componente (de) porno (chachada), assumindo “uma BD de mau
gosto reivindicado” como escreveu alguém, mas a que falta no entanto o toque de
génio – que, por exemplo, Tarantino manifestou em Pulp Fiction – para
transformar Lorna em algo mais que (simplesmente) uma leitura divertida.
Até porque – em parte devido às muitas referências – o ritmo
e a sequência narrativa nem sempre funcionam da melhor forma, embora geralmente
Brüno acabe por conseguir retomar o fio à meada e conduzir-nos através dos
meandros da sua história, onde ressaltam algumas bem conseguidas sequências
mudas e uma planificação bastante variada se bem que de matriz tradicional.
História que, apesar de tudo, como qualquer série B que se
preze, apresenta alguns bons momentos, um toque de humor negro, paixões não
correspondidas, cenas bem quentes, transformações surpreendentes, a busca do
transcendente, alguns tiroteios – e respectivas vítimas, teorias conspirativas,
combates épicos de robôs e lesmas monstruosas e um final que deixa tudo em
aberto – na cabeça do leitor ou na hipótese de um segundo tomo.
A reter
- A homenagem aos filmes série B.
- O traço de Brüno, simples, plano, depurado de pormenores,
dinâmico, legível e que ganha bastante com a aplicação da terceira cor
(laranja).
Menos conseguido
- A forma menos eficaz como Brüno geriu o excesso de
referências, ressentindo-se disso o ritmo narrativo.
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