Manetas,
cegos, corcundas e outros
Bouncer
é maneta,
Matt
Murdock
é cego e o de Notre Dâme era corcunda. E, felizmente, Deadpool
é
um sacana que
não hesita em pôr (aqueles e outr)os nomes aos bois.
[
Pronto,
desabafei.
Nestes
tempos do enjoativo politicamente correcto, em que qualquer piada -
por mais parva e ingénua que seja - vem sempre acompanhada por um
“era a brincar” e em que palavras desde sempre utilizadas parece
que
podem
provocar um holocausto nuclear
,
atingi o limite quando o corrector do word me sugeriu substituir
‘maneta’ por
algo
do género ‘pessoa com um braço a menos’...]
Escrito
isto,
passemos
à dissertação - palavra pomposa - sobre o conceito de mini-série
e a dificuldade de escrever Deadpool.
Para
mim,
o
conceito
de mini-série - associado à indústria de comics norte-americanos,
embora não de forma estanque - é uma história
completa
dividida
por vários números,
geralmente
isolada
do título regular (quando este existe),
embora
possa corresponder a um arco (mais ou menos) fechado nele integrado.
Esta
‘mini-série’ do Deadpool, no entanto, é u
m
apanhado de uns quantos números da revista do super-herói -
uma
verdadeira ‘misturada sem juízo’!
E, por isso, contém várias narrativas,
quase
todas
mais ou menos estanques, é verdade,
mas
dispares em tom e tipo de enredo. Como (infeliz) excepção, surge
a
conclusão do
Deadpool
2099,
que
tinha sido iniciada na
I
,
que surge aqui desgarrada e sem
fazer
grande
sentido.
Quanto
à segunda parte do pressuposto acima exposto,
Deadpool
deve ser, hoje em dia, um dos super-heróis mais difíceis de
escrever, no difícil equilíbrio entre o seu lado super-heróico e a
permanente pose de
sátira
que assume. Quando esse equilíbrio não é conseguido, torna-se uma
série difícil de levar a sério e cuja leitura atra
i
p
ouco
(como
exemplo
apresento
os
números #2 a #4 desta ‘mini-série’,
em
que o tom adoptado combina mal com o humor aplicado
).
Felizmente,
neste
número inicial - com excepção do
tal
‘restinho’ do
Deadpool
2099
-
os argumentistas estavam bem inspirados e o encontro do Mercenário
Desbocado com o Demolidor, leva a uma série de bocas e atitudes -
politicamente
(muito)
incorrectas!
- que gozam - literalmente - com a sua deficiência física e
as
suas consequências
.
É
uma
narrativa
que leva Deadpool, Luke Cage, Punho de Ferro e o Demolidor a
té
uma lixeira, à procura de um portátil
com
provas contra um criminoso,
deitado
ao lixo por desleixo, no meio de “fraldas sujas e papas de aveia
fora de prazo”,
mas está longe de ser uma ‘história de caca’, como alguns
poderão pensar.
É
um relato curto, sem dúvida,
para
quem gosta de super-heróis puros e duros, mas
revela-se
uma
leitura divertida e bem-humorada
,
que não é para levar a sério nem deixa ficar sério
,
para quem (ainda) consegue passar ao lado dos extremos que - neste e
noutros aspectos - a sociedade actual nos quer impor.
Deadpool
#1 de #4
Misturada
sem Juízo
Duggan,
Soule e Walker (argumento)
Camagni,
Sanna, Bondoc e Diaz (desenho)
Goody
Portugal,
22 de Maio de 2018
168
x 260 mm, 128 p., cor, capa mole, mensal
7,90
€
(imagens
disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em
toda a sua extensão)
Pedro, cuidado com o Sr. Castanho!!!!
ResponderEliminarJá não há pachorra para Deadpool.... Publiquem outras coisas da Marvel.
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