Um casal a tentar acertar a sua relação, os primeiros passos num
novo emprego, uma gravidez inesperada - mas não indesejada - a
preparação de um casamento.
Pode não parecer - não parece mesmo nada! - mas este é o resumo de
um livro de super-heróis da Marvel. Humanizados, a um nível
raramente atingido.
A protagonista é Jessica Jones, ex-super-heroína, ex-vingadora e
ex-detective privada, a iniciar nova etapa como jornalista do Clarim
Diário, mais exactamente no seu novo suplemento Pulsar,
dedicado aos super-heróis.
O casal, é formado por ela e por Luke Cage. Com avanços e recuos.
Com muitas dúvidas e algumas certezas. Apesar de tudo, apesar de
todos, apesar de ambos saberem que não têm feitios fáceis e que o
passado e o presente - a vida de super-heróis - paira como uma
sombra. Entre ameaças concretas e conspirações difusas.
E o bebé, é o fruto dessa relação, o seu nascimento uma decisão
a ser sopesada em função das premissas atrás descritas e de outras
- comuns a todos nós.
Bendis consegue conciliar esta trama tão humana com o tradicional
Universo Marvel. Insere a relação de Jessica e Luke - principal -
no meio dos - secundários - habituais confrontos e ameaças que os
Vingadores e os outros enfrentam. Encaixa os diversos momentos de
Pulsar, naquilo que na Marvel se passava na época - e os
leitores beneficiarão se tiverem esse conhecimento, mas o desfrutar
da leitura é independente dele. A sua escrita solta leva o leitor,
fá-lo familiarizar-se com o mundo da protagonista, partilhar as suas
dúvidas, a certa altura põe-no a torcer para que tudo termine bem!
Num volume que reúne 14 comics originais, é curioso como - vamos
deixar de fora o último nesta análise - é curioso, escrevia eu,
como o grafismo vai evoluindo, acompanhando as mudanças de artistas,
deixando sucessivamente o traço mais limpo, brilhante e expressivo
da dupla Bagley/Hanna - mais próximo do registo tradicional da
Marvel - até despontar no grafismo sujo, sombrio e indefinido de
Gaydos - aquele que já conhecemos - devemos conhecer! - tão bem da
etapa seguinte de Jessica: Alias.
Integrais
E de repente, mais aproximadamente numa mão cheia de anos, nem
isso - como
escrevi há pouco tempo, analisando o mercado sob outro prisma -
passamos a ter edições integrais em Portugal. Este Pulsar,
como The Ghost in the Shell, como The Fade Out, em
belas edições - pesadas, consistentes, (muito) apetecíveis, a bom
preço (para o número de páginas em causa) - que permitem ler de
uma só vez obras - nalguns casos já clássicas - que na altura
própria não chegaram até cá.
Dirão muitos - com razão - que faltam - e faltam ! - ainda - ainda!
- integrais franco-belgas. Concordo, subscrevo, mas temo que não
haja mercado para esse segmento. É isso que me diz a actual dinâmica
editorial, mas espero estar enganado...
Jessica
Jones: Pulsar
Edição
integral
Reúne
os comic originais Pulsar #1 a 9 e #11 a 14 e New Avengers Annual
(2006)
Brian
M. Bendis (argumento)
Mark
Bagley, Michael Lark, Brent Anderson, Michael Gaydos e Olivier Coipel
(desenho)
G.
Floy
Portugal,
Maio de 2018
175
x 260 mm, 360
p., cor, capa dura
25,00
€
(imagens
disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em
toda a sua extensão)
Esses integrais franco-belgas é que eram muito bem vindos,... há muitas boas obras como por ex. o Elric, esta BD adapta muito bem o livro do Michael Moorcock, está perfeita. Como o mais certo é não sair por cá, tive que me virar para o importado, em inglês.
ResponderEliminarNão quero parecer mal agradecido, gostei do Fade Out, e há um porradão de anos que compro Absolutes e Oversized editions mas...
ResponderEliminar... Jessica Jones já enjoa, Bendis e os seus balões já começam a fazer-me vomitar dentro da boca vezes demais, os personagens parecem idiotas a fazer muitas pausas entre as frases.
Uma sugestão: editar o trabalho do Jeff Lemire e Andrea Sorrentino no Green Arrow, existe uma DeLuxe Edition com 460 páginas que ia bem nesta nova série de publicações especiais.
Uma das consequências do actual estado do mercado é que não podemos comprar tudo... Temos de seleccionar. Ou, melhor, talvez, PODEMOS seleccionar.
EliminarBoas leituras!
É bom termos essa opção sim, até há pouco tempo atrás tinhamos uma oferta muito reduzida.
EliminarA minha perspectiva é mais naquela de serem edições tão boas que podiam estar vocacionadas para algo melhor, sei que é subjectivo mas algumas nem valem o papel onde são impressas e tendo em conta que as saídas são lentas...
De certeza que este Alias terá muitos compradores apenas não faço parte deles.
O mercado também se constroi. GFloy, Goody, Levoir souberam construir o mercado Comic e prepará-lo para estas edições integrais. Nomeadamente, não falhando nas edições de séries, deixando-as a meio.
ResponderEliminarNão sei se as actuais editoras de FB terão vontade ou capacidade de fazerem o mesmo e não me parece que os actuais adquirentes de BD em Portugal (que pela minha observação empírica estão a ir para velhos), estejam adquirentes de integrais FB. Porque provavelmente já têm os albuns originais ou mesmo os integrais em francês.
Pessoalmente, em termos de comics em geral tenho alguns contras: detesto mudanças nas fisionomias das personagens SOBRETUDO dentro de um mesmo livro e começo a ficar de pé-atrás quando vejo 6 nomes como autores de uma obra...
Ressalvo apenas que tenho os integrais ALIAS e PULSAR (na sua versão USA), adquiridos antes da "invasão" comic no mercado português. Ou seja, acho que são obras a comprar, ler e desfrutar, independentemente dos meus comentários :-)
Não vou comprar também por essa razão, detesto mudanças de artistas num TPB.
ResponderEliminarEntão o Sandman era a puta da confusão, apenas comprei o Brief Lives, chateia-me à brava estar a ler uma história bem desenhada e depois ter de mamar com gatafunhos nojentos e primitivos, o Sandman é muito desequilibrado neste aspecto.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNos Comics é muito comum a mudança de Desenhista a meio,e va la actualmente a muito menos desenhistas "tapa-buracos" que a 30 anos atras.Bendis ja tem meia dc na mao dele.Se querem obras de 1 semp re o mesmo desenhista que demora "séculos" como Hitch demorou nos nos Ultimates/Supremos (Salvat/Devir) ou Cassady em Planetary/X-men a desenhar estao a ler os livros errados ou melhor leiam só mini Series ai normalmente o desenhista é o mesmo.
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EliminarO problema não é nem sempre quando o desenhista muda mas sim quando a arte muda de maneira drástica, tipo desenhos realistas misturados com cartoonescos.
EliminarImagina o Cassaday a ser substituído pelo Humberto Ramos ou pelo Kaare Andrews a meio da run do Planetary, fixe não é?
Pessoalmente nem me importo de esperar mas uma mini-serie como dizes e eu digo também uma ARC tem de ter o mesmo desenhista, as ARCs vão acabar em TPBs não é?