Não tendo podido ir este ano, por razões
familiares, ao Amadora BD, acho mesmo assim importante que As
Leituras do Pedro apresentem um balanço do que aconteceu, num ano claramente encarado como de mudança.
Desta forma, decidi convidar uma série
de pessoas, de várias áreas e com experiência anterior do
festival, para responderem às seguintes questões:
1. O que distinguiu o Amadora BD
2019 das edições anteriores?
2. O que precisa de mudar no
Amadora BD?
3. O
melhor e o pior do festival deste ano?
As primeiras respostas, de Álvaro e
Derradé (autores de BD) e José de Freitas (editor) estão já a
seguir.
1. O que distinguiu o Amadora BD
2019 das edições anteriores?
Mais público, caras novas entre o
público, melhor disposição geral e a sensação crescente de que o
festival andava a afundar de ano para ano desapareceu.
2. O que precisa de mudar no
Amadora BD?
O local, para uma zona melhor servida por
transportes públicos.
Situar os dois auditórios mais próximos
das zonas de autógrafos e de convívio.
E o problema habitual de evitar que os
visitantes tenham de sair do recinto para visitar o outro piso.
3. O melhor e o pior do festival
deste ano?
O pior:
O pior para mim terá sido o novo formato
de apresentação dos prémios. O palco na zona de convívio ladeado
por zonas de passagem e junto à entrada (e saída) dispersa a
atenção.
E a chuva. Não é que chovesse muito.
Não. Mas havia sempre aquela ameaça omnipresente de chuvada a
qualquer momento. E quando chovia era aquela chuva miudinha
francamente irritante, que não dá para um gajo abrir o guarda-chuva
sem se sentir parvo.
O melhor:
A funcionalidade da arquitectura da zona
comercial e de autógrafos.
Acho que o nível geral das exposições
melhorou. Ou então eram as pessoas que andavam mais bem dispostas.
Ou ambos.
Houve também elogios para uma cerveja
caseira que estava por lá à venda. Não a provei. Não comento.
1. O que distinguiu o Amadora BD
2019 das edições anteriores?
Tive a percepção de que houve mais
público. O facto de as exposições serem comissariadas pelos
parceiros comerciais do evento permitiu que estas fossem acompanhadas
por edições disponíveis para a compra, e sempre que possível, com
a presença dos autores, o que é um chamariz para o público.
2. O que precisa de mudar no
Amadora BD?
A
comunicação melhorou mas ainda tem de melhorar muito no que diz
respeito aos prémios do festival. Só na véspera se soube dos
nomeados o que, francamente, a um dia da cerimónia de entrega não
deixa tempo para grande promoção dos mesmos. O desaparecimento da
categoria de humor quando este tem sido o principal alvo do
politicamente correcto e dos movimentos extremistas por esse mundo
fora, envia uma mensagem de derrota e conformismo na qual não me
revejo de todo.
3. O melhor e o pior do festival
deste ano?
O melhor:
As exposições, o espaço comercial /
autógrafos ; a centralização no fórum.
O pior:
A comunicação ; o desaparecimento da
categoria de humor; o auditório no estacionamento pode ser
melhorado.
1. O que distinguiu o Amadora BD
2019 das edições anteriores?
Era claro para toda a gente que o Amadora
BD parecia estar numa trajectória claramente descendente (e
certamente nestes últimos 5 anos), e cada ano ia sendo pior do que
os anteriores. Há dois tipos de problemas, os que são visíveis
pelo público: exposições por abrir, algumas das quais levavam uma
semana a estar prontas, um plantel de autores que se ia empobrecendo
e que muitas vezes não reflectia minimamente o que se edita em
Portugal, e uma falta de comunicação do Festival que se ia tornando
notória; e os problemas que são mais visíveis para os expositores:
dificuldades extremas de comunicação com a organização, e em
particular com o anterior director, que se reflectiam depois por
vezes nalguma perda de interesse (foi uma das razões que levou a que
este ano a G. Floy tivesse tomado a decisão de não estar presente
directamente).
Para nós, como participantes
“profissionais” (e falo aqui pel’A Seita e pela G. Floy), houve
mudanças muito importantes, e em particular na comunicação com o
Festival, que este ano correu muito bem, e em que sentimos pela
primeira vez em muito tempo, que existiam interlocutores do outro
lado com quem se podia falar, e que tomavam decisões atempadamente.
Pareceu-me também que o esforço de comunicação deve ter sido mais
eficiente, e muitas outras coisas - algumas pequenas, mas com impacto
importante - foram mudadas e tornaram a interacção entre as
editoras e o Festival melhor.
Foi também claro para nós, e para
outros editores com quem falei, que a diminuição de três fins de
semana para dois, não só não prejudicou o Festival, mas
possivelmente terá contribuído para a sensação geral de maior
entusiasmo e afluência do público que sentimos este ano. Do ponto
de vista das vendas, essa diminuição não afectou em nada os
resultados, e penso que tivemos o melhor ano de sempre da G. Floy, o
que é surpreendente visto que este ano estávamos a ser
representados pela Dr. Kartoon em vez de estarmos presentes
directamente, e fizemos notoriamente menos promoções que no ano
passado.
2. O que precisa de mudar no
Amadora BD?
Continuo a achar que o Amadora BD precisa
de estar presente mais continuamente ao longo do ano junto dos
intervenientes do panorama da BD em Portugal, e junto do público, e
deveriam ser criados eventos, acompanhamentos, etc... que permitissem
que ele aparecesse a intervalos regulares.
É preciso também que o Amadora BD se
“liberte” um pouco de certas restrições burocráticas ligadas à
Câmara. É inaceitável que a Câmara tenha de aprovar a divulgação
das escolhas do júri dos PNBD, e que ainda por cima os atrasos nessa
aprovação desvirtuem completamente a nomeação de livros para os
PNBD, fazendo com que os cinco livros nomeados se tornassem no fim
livros sem qualquer projecção. A minha proposta, que já mencionei
em vários sítios e à própria organização, seria que o júri de
pré-selecção se fosse reunindo ao longo do ano, e fosse anunciando
os livros pré-seleccionados a cada 2 ou 3 meses, de modo público
(quase que poderiam ir servindo como recomendações de leitura) e
que as nomeações fossem discutidas em Setembro e anunciadas em
inícios de Outubro. Era importante que as nomeações figurassem
mais directamente na própria programação do Festival,
possivelmente com uma mostra de reproduções de pranchas e dos
próprios livros integrada na zona comercial (este ano houve uma
primeira tentativa nesse sentido, mas não me parece que tenha sido
particularmente efectiva).
Continuando nos PNBD, a verdade é que de
certa maneira, o impacto dos prémios para os editores continua a ser
pequeno, talvez apenas sentido no próprio Amadora BD; por isso, e
pelo menos nas categorias de autores portugueses, e sabendo nós o
mal que os autores portugueses são remunerados pelo seu trabalho,
uma das mais importantes mudanças a meu ver seria a de recompensar
os vencedores com mais do que num simples troféu (mas saudamos com
jubilo a eliminação dos Grilinhos e Pacóvios, e os novos troféus,
que são bem bonitos e elegantes e não parecem saídos de uma
medalha comemorativa dos 100 anos dos Bombeiros Voluntários de
São-Não-Sei-Onde).
O novo figurino de organização de
exposições e de convites a autores, mais articulado com os editores
- que estão agora motivados para trazer autores, p.ex. - não isenta
o festival de ter os seus próprios convidados, e este ano isso
continuou a não se sentir muito, falta ainda um cabeça de cartaz
que traga ainda mais gente ao festival, pese embora um bom cartaz
deste ano (mas sem nenhuma “mega-estrela”).
3. O
melhor e o pior do festival deste ano?
O melhor:
A afluência do público; a disposição
nova do espaço, e em particular a área grande antes da zona
comercial/autógrafos, que funcionou muito bem, como ponto de
encontro, zona de descanso, e de apresentações; de salientar também
a boa ideia de fazer apresentações e eventos nessa zona, que
contribuiu e muito para animar o espaço do Festival, e em particular
a entrega dos prémios de BD lá; algumas exposições fortes e que
serviram de grande “âncora” ao festival (Batman 80 Anos, expo do
Stan Lee, e algumas outras como a do Andrómeda, do XIII, etc...).
O pior:
O desastre duplo que foram os PNBD, pelo
facto de não terem sido anunciadas as nomeações com um mínimo de
antecedência (havia pessoas na assistência que não sabiam quem
eram os nomeados e que só os descobriram segundos antes de saberem
os vencedores, remetendo as nomeações para o esquecimento
completo...), e uma das mais desastrosas (diria mesmo pindéricas, de
dar vergonha alheia) cerimónias de entrega dos PNBD, possivelmente
de sempre. E também algum descuido e falta de atenção em todos os
materiais de divulgação que saíram da organização nos dias
anteriores ao festival, e durante o evento: posts de Facebook,
sinalética, textos de apoio, legendas de exposições, vieram
crivados de gralhas e erros. É necessário melhorar o controlo da
qualidade desses materiais.
Mas não queria terminar numa nota
negativa, porque para mim ficou claro que este ano pode ter
funcionado como um virar da página do Amadora BD, se a nova direcção
souber capitalizar a boa vontade que gerou junto do público, mas
também junto dos profissionais da BD, mercê diga-se, do seu muito
bom trabalho, e se souber melhorar aqueles aspectos que correram pior
este ano. Queria dar os meus parabéns a todos os envolvidos, e em
particular aqueles com quem tive mais contacto, a Lígia Macedo, nova
directora, e ao Hugo Valente, da produção. Esta foi a melhor edição
do Festival Amadora BD em MUITOS anos, e devemos celebrar isso.
Boa noite ...e agora a perspectiva de um visitante apreciador de bd ...
ResponderEliminarContinua Péssimo ... as exposições pareciam restos ... exceto o espaço Vasco Granja que merecia muito melhor ... ou talvez até um evento ligado á sua pessoa ... visitei para ver se havia melhorias mas ... infeluzmente na minha perspectiva Não ... Que saudades do Antigamente ... deixo um episódio ... durante a entrega do prêmio álbum do Ano ao Luis Louro ... foi presenteado com uma caixa de lápis pois os prémios não estavam prontos no último dia da feira.
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