19/11/2019

Amadora BD 2019: o balanço de Mário João Marques e Rui Cartaxo


Não tendo podido ir este ano, por razões familiares, ao Amadora BD, acho mesmo assim importante que As Leituras do Pedro apresentem um balanço do que aconteceu, num ano claramente encarado como de mudança.
Desta forma, decidi convidar uma série de pessoas, de várias áreas e com experiência anterior do festival, para responderem às seguintes questões:
1. O que distinguiu o Amadora BD 2019 das edições anteriores?
2. O que precisa de mudar no Amadora BD?
3. O melhor e o pior do festival deste ano?
Depois das primeiras respostas, de Álvar oe Derradé (autores de BD) e José de Freitas (editor), já a seguir estão os depoimentos de Mário João Marques (editor de A Seita, membro da direcção do Clube Tex Portugal, leitor e coleccionador) e Rui Cartaxo (leitor de BD).

Mário João Marques (editor de A Seita)

1. O que distinguiu o Amadora BD 2019 das edições anteriores?
Tudo. Tive oportunidade de estar presente em diversas edições, sempre na qualidade de visitante. Desta vez, fi-lo na condição de editor, dado ser um dos elementos fundadores de A Seita, e quis o destino que esta mudança ocorresse precisamente quando o festival apresenta uma nova direcção, convicta em reformular o evento. E julgo que o conseguiu. Na realidade, a equipa liderada por Lígia Macedo, a quem desde já endereço os meus parabéns e o meu agradecimento, conseguiu trazer uma grande lufada de ar fresco e tornar esta 30.ª edição do festival num acontecimento como desde há uns bons anos não se via na Amadora. Desde a qualidade das exposições, dos autores, a duração do evento, as novidades editoriais, tudo contribuiu para que o Amadora BD 2019 tenha sido um acontecimento marcante no panorama da BD portuguesa este ano. Julgo que todas as exposições foram de grande qualidade, não deixando de incluir aqui a exposição interactiva “30 anos, 30 cartazes”, o que talvez se tenha devido ao facto da própria organização ter desafiado editores e livreiros a proporem uma exposição.
Todas estas mudanças acabaram também por ter reflexo na afluência do público, que me pareceu em maior número, sem que isso se devesse ao facto do festival ter decorrido durante menos tempo. Porque a sensação com que fiquei é que se tratou de um novo público, visitantes com outra disposição, agradados com o Festival. Vi gente que ali esteve pela primeira vez, vi gente que regressou ao fim de alguns anos de ausência, desagradada com o rumo das últimas edições do festival. Tive também oportunidade de falar com alguns editores e parece-me que a nível comercial as coisas tiveram uma evolução positiva. Em resumo: em bom tempo, o Festival Internacional da Amadora soube virar a página. Por isso, mais do que acreditar, desejo que esta edição tenha sido a transição para uma fase de maior dinamismo e melhor celebração da 9.ª Arte em Portugal, recolocando a Amadora no galarim dos grandes festivais de BD.

2. O que precisa de mudar no Amadora BD?
Informação e divulgação da programação de modo mais célere e atempado

3. O melhor e o pior do festival deste ano?
O melhor:
As exposições, o espaço central (autógrafos/prémios/comercial) e, já agora, um lançamento de A Seita: Dampyr com a presença do desenhador Michele Cropera
O pior:
O local devia ser mais central e melhor servido em termos de transportes.


Rui Cartaxo (leitor de BD)
1. O que distinguiu o Amadora BD 2019 das edições anteriores?
O conhecimento antecipado da programação do festival e um maior envolvimento dos comissários das diferentes exposições. A concentração das exposições no Fórum Luis de Camões. O facto das exposições estarem prontas a tempo. O tratamento mais sério dos prémios da Amadora, com um júri mais vasto e uma selecção ampla e representativa

2. O que precisa de mudar no Amadora BD?
Um novo local: este é inóspito, e concentrar a grande maioria das exposições numa cave soturna, sem luz, é horrível.

3. O melhor e o pior do festival deste ano?
O melhor:
O espaço de convívio do andar térreo e a zona de convívios dos autores com o público. A abertura de todas as exposições a tempo. A linha gráfica do festival e a sua comunicação. A seriedade na atribuição dos prémios. As visitas guiadas às exposições do Batman (obrigado Joana e Zé Pedro) e do XIII (obrigado Miguel Coelho), e tenho pena de não ter conseguido ver a exposição do Stan Lee com o Mário Freitas.
O pior:
A cave; a cerimónia de entrega dos prémios.

(fotografias disponibilizadas pelos próprios; clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão)

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