Não tendo podido ir este ano, por razões
familiares, ao Amadora BD, acho mesmo assim importante que As
Leituras do Pedro apresentem um balanço do que aconteceu, num ano
claramente encarado como de mudança.
Desta forma, decidi convidar uma série
de pessoas, de várias áreas e com experiência anterior do
festival, para responderem às seguintes questões:
1. O que distinguiu o Amadora BD
2019 das edições anteriores?
2. O que precisa de mudar no
Amadora BD?
3. O melhor e o pior do festival
deste ano?
Depois das primeiras respostas, de Álvar oe Derradé (autores de BD) e José de Freitas (editor), já a seguir
estão os depoimentos de Mário João Marques (editor de A Seita,
membro da direcção do Clube Tex
Portugal, leitor e coleccionador)
e Rui Cartaxo (leitor de BD).
Mário João Marques (editor de A
Seita)
1. O que distinguiu o Amadora BD
2019 das edições anteriores?
Tudo.
Tive oportunidade de estar presente em diversas edições, sempre na
qualidade de visitante. Desta vez, fi-lo na condição de editor,
dado ser um dos elementos fundadores de A Seita, e quis o destino que
esta mudança ocorresse precisamente quando o festival apresenta uma
nova direcção, convicta em reformular o evento. E julgo que o
conseguiu. Na realidade, a equipa liderada por Lígia Macedo, a quem
desde já endereço os meus parabéns e o meu agradecimento,
conseguiu trazer uma grande lufada de ar fresco e tornar esta 30.ª
edição do festival num acontecimento como desde há uns bons anos
não se via na Amadora. Desde a qualidade das exposições, dos
autores, a duração do evento, as novidades editoriais, tudo
contribuiu para que o Amadora BD 2019 tenha sido um acontecimento
marcante no panorama da BD portuguesa este ano. Julgo que todas as
exposições foram de grande qualidade, não deixando de incluir aqui
a exposição interactiva “30 anos, 30 cartazes”, o que talvez se
tenha devido ao facto da própria organização ter desafiado
editores e livreiros a proporem uma exposição.
Todas
estas mudanças acabaram também por ter reflexo na afluência do
público, que me pareceu em maior número, sem que isso se devesse ao
facto do festival ter decorrido durante menos tempo. Porque a
sensação com que fiquei é que se tratou de um novo público,
visitantes com outra disposição, agradados com o Festival. Vi gente
que ali esteve pela primeira vez, vi gente que regressou ao fim de
alguns anos de ausência, desagradada com o rumo das últimas edições
do festival. Tive também oportunidade de falar com alguns editores e
parece-me que a nível comercial as coisas tiveram uma evolução
positiva. Em resumo: em bom tempo, o Festival Internacional da
Amadora soube virar a página. Por isso, mais do que acreditar,
desejo que esta edição tenha sido a transição para uma fase de
maior dinamismo e melhor celebração da 9.ª Arte em Portugal,
recolocando a Amadora no galarim dos grandes festivais de BD.
2. O que precisa de mudar no
Amadora BD?
Informação
e divulgação da programação de modo mais célere e atempado
3. O melhor e o pior do festival
deste ano?
O melhor:
As
exposições, o espaço central (autógrafos/prémios/comercial) e,
já agora, um lançamento de A Seita: Dampyr com a presença do
desenhador Michele Cropera
O pior:
O
local devia ser mais central e melhor servido em termos de
transportes.
1. O que distinguiu o Amadora BD
2019 das edições anteriores?
O
conhecimento antecipado da programação do festival e um maior
envolvimento dos comissários das diferentes exposições. A
concentração das exposições no Fórum Luis de Camões. O facto
das exposições estarem prontas a tempo. O tratamento mais sério
dos prémios da Amadora, com um júri mais vasto e uma selecção
ampla e representativa
2. O que precisa de mudar no
Amadora BD?
Um
novo local: este é inóspito, e concentrar a grande maioria das
exposições numa cave soturna, sem luz, é horrível.
3. O melhor e o pior do festival
deste ano?
O melhor:
O
espaço de convívio do andar térreo e a zona de convívios dos
autores com o público. A abertura de todas as exposições a tempo.
A linha gráfica do festival e a sua comunicação. A seriedade na
atribuição dos prémios. As visitas guiadas às exposições do
Batman (obrigado Joana e Zé Pedro) e do XIII (obrigado Miguel
Coelho), e tenho pena de não ter conseguido ver a exposição do
Stan Lee com o Mário Freitas.
O
pior:
A
cave; a cerimónia de entrega dos prémios.
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