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18/01/2012

In the name of…












Will Argunas
Casterman/KSTR (França, 11 de Janeiro de 2012)
192 x 279, 112 p., cor, cartonado
16,00 €


Resumo
2015. Houston, nos Estados Unidos, vive um momento sem precedentes aguardando a chegada do novo papa, Nélson I, um negro de origem africana. Mas rapidamente o ambiente de festa se transforma em pesadelo quando ele tomba, vítima de tiros provenientes da multidão.
O FBI reage prontamente e prende três homens encontrados com armas telescópicas. Para descobrir qual deles é o verdadeiro assassino, é chamado o agente Morgan Jackson, também ele negro.

Desenvolvimento
O que primeiro chama a atenção, neste livro de traço semi-realista, não especialmente chamativo, mas elegante e bastante funcional, é a interessante ligação que o autor consegue estabelecer entre a realidade presente e este futuro (muito próximo) que ele ficciona, pois entre ambos existem suficientes elos de ligação, uns reais, outros inventados mas perfeitamente plausíveis: a eleição de um papa negro na sequência do papado desastroso e repleto de escândalos de Bento XVI, as dificuldades de reeleição de Obama, as referências à crise financeira, a utilização de Larry King, o pivot da CNN, para reportar o que vai acontecendo…
Isto dá ao argumento, globalmente bem trabalhado e desenvolvido, uma credibilidade assinalável que o torna bastante estimulante quando conjugado com a indiscutível força do seu pressuposto base.
Faltou, talvez, explorar/explanar um pouco melhor os problemas de solidão (e que mais…?) da agente especial Leslie Forge, designada para acompanhar Jackson, e, especialmente, os problemas deste último com mulheres e álcool – pois trata-se de um alcoólico em recuperação… - o que justifica a forma como reage à pressão que é colocada sobre ele.
Apesar disso, o leitor é rapidamente agarrado pela história, pois à medida que esta se vai desenrolando e alguns aspectos vão sendo esclarecidos, outros mais ficam na sombra, espicaçando a curiosidade de quem lê. Curiosidade que, no entanto, tem de obedecer à cadência imposta pelo autor que obriga a uma leitura dinâmica mas de ritmo não muito elevado, para que o leitor se aperceba quer dos elementos evidentes, quer daqueles presentes nas entrelinhas ou no desenho…
… isto, até ao golpe de teatro final (ou quase…) que subverte toda a narrativa e deixa desconcertados quer os protagonistas – que aos poucos se apercebiam de que havia demasiados elementos que não encaixavam no quadro global – quer os leitores - que não podem senão ser surpreendidos.
Para Argunas, depois, em jeito de epílogo, proporcionar a explicação final deste conseguido policial aos quadradinhos, mais uma vez perfeitamente coerente com a actualidade e com a história recente (só recente?) da grande multinacional – que tem de ser lucrativa - em que se transformou a Igreja Católica Apostólica Romana…

A reter
- A forma como Argunas guia o leitor.
- O golpe de teatro que resolve (?) o caso.

Menos conseguido
- O aprofundamento do carácter de Forge e Jackson e das razões para as suas atitudes actuais, seria uma mais-valia para o relato.

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