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09/11/2010

Iron Man – Titanium #1

Marvel Comics (EUA, Outubro de 2010)
170 x 259 mm, 64 p., cor, comic-book

Railguns, power and Titanium Men
Adam Warren (argumento)
Salva Espin (desenho)
Rachelle Rosenberg (cor)

Killer Commute
Mark Haven Britt (argumento)
Nuno Plati (desenho e cor)

Heavy Rain
Matteo Casali (argumento)
Steve Kurth (desenho)
Allen Martinez (arte-final)
Sunny Gho (cor)

Hack
Tim Fish (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
Rick Ketcham (arte-final)
Andres Mossa (cor)


Resumo
Este é um formato pouco usual no mercado norte-americano, uma colectânea de histórias curtas, no caso protagonizadas – directa ou indirectamente – por Tony Stark e/ou o Homem de Ferro
Com a curiosidade, para nós portugueses, de duas delas terem assinatura nacional no que ao desenho diz respeito: Nuno Plati e Filipe Andrade

Desenvolvimento
Não é por acaso que os comics raramente têm marcado presença neste espaço – estão longe de ser o meu género de BD preferido – e também não foi esta edição que me converteu, longe disso. As quatro histórias são pouco interessantes, com as suas temáticas em torno de conspirações e atentados, e quase todas demasiado palavrosas para relatos em que a acção prevalece.
A mais curiosa acaba por ser “Killer Commute”, a que foi desenhada por Nuno Plati, dada a quase total ausência do habitual protagonista, substituído pela bela Pepper Pots, num relato que, não sendo original, não deixa de ter um certo humor.
E na verdade, sem que haja aqui qualquer sombra de patriotismo exacerbado ou doentio, os principais motivos de interesse acabam por ser, graficamente, as narrativas desenhadas por Plati e Andrade, já que as outras duas, também neste aspecto, não ultrapassam a mediania.
A de Nuno Plati destaca-se pelo traço fino – e invulgarmente sensual para o meio – utilizado pelo desenhador para retratar uma esbelta e interessante Pepper Pots, cujas peripécias obrigarão a deixar o ar frágil para se “transformar” numa heroína dura e decidida, sem perder a sua sensualidade. Mudança também acentuada pelo contraste entre as cores quentes das primeiras e última prancha e o tom mais sombrio das páginas de acção, que são outro trunfo utilizado por Plati, aqui num estilo diverso do que utilizara em “X-23” ou “Marvel Fairy Tales”, outros trabalhos que executou para a Marvel.
Quanto à história desenhada por Filipe Andrade, surpreende pelo traço personalizado do desenhador, aqui e ali a lembrar o que utilizou em “BRK”, muito dinâmico e mais “europeu” do que “super-heróico” (e isto é um elogio!), parecendo-me que teria resultado ainda melhor se Andrade tivesse feito também a arte-final.

Entrevista
Este “Iron Man – Hack” foi a primeira banda desenhada executada por ele para a Casa das Ideias. “Tudo aconteceu”, conta o desenhador, “há cerca de um ano, depois do C. B. Cebulski”, um caça-talentos da Marvel, “ter estado em Portugal e ter visto o meu portfólio. Duas semanas depois recebia um e-mail de um outro editor, Michael Horwitz, propondo-me este primeiro trabalho na Marvel”.
Como desde sempre seguiu as histórias de super-heróis “mais pelos autores que as desenhavam do que pelos heróis em si”, Andrade não sentiu “nada de especial” por desenhar uma personagem da dimensão do Homem de Ferro, mas sim uma “enorme responsabilidade pois o primeiro trabalho é sempre importante para chamar a atenção”.
E tão bem funcionou esta estreia que, depois dela, Filipe Andrade já desenhou “uma nova BD do Homem de Ferro, outra com os Vingadores, um one-shot da X-23”, já editado, e “uma mini-história do Homem-Formiga que sairá agora em Novembro”.
Para além disso, está “a finalizar um conjunto de 7 historias curtas de Nomad”, em publicação na revista “Captain America” (do #608 ao #614), que possivelmente serão depois compiladas em livro”.
Por tudo isto, tem “tido pouco tempo para trabalhos mais pessoais”, como é o caso de “BRK” (ASA), cujo primeiro tomo lhe valeu este ano no Amadora BD o Prémio Nacional de BD para Melhor Desenho de Autor Português. O restante deste tríptico “já está escrito e todas as páginas do segundo livro estão planificadas, estando 10 páginas desenhadas…”

Curiosidade
Mas a grande novidade, que a Marvel acaba de revelar, é que durante a New York Comic Con que teve lugar no início de Outubro, Filipe Andrade assinou contrato para desenhar os 5 números da mini-série “Onslaught Unleashed”, que começará a sair em Fevereiro de 2011. Escrita por Sean McKeever, que já trabalhou com super-heróis da Marvel e da DC Comics, reunirá o Capitão América e alguns dos X-Men , marcará a volta do vilão Massacre e terá capas de dois nomes grandes dos comics de super-heróis: Humberto Ramos e Rob Liefeld.

(Versão muito expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Novembro de 2010)

26/07/2010

X-23

Marjorie Liu (argumento)
Filipe Andrade (desenho das pranchas 3-10,12-18, 30-36 e parte das pranchas 19-22)
Nuno Alves (desenho, arte-final e cor das pranchas 1-2, 11, 23-29 e parte das pranchas 19-22)
Jay Leisten (arte-final)
Sandu Flórea (arte-final)
SotoColor (cor)
Marvel Comics (EUA, Maio de 2010)
168 x 257 mm, 48 p., cor, comic-book


Esta é mais uma edição da Marvel com assinatura portuguesa, uma história completa em 36 páginas, escrita por Marjorie Liu, cujo desenho a lápis foi feito por Filipe Andrade (desenhador de BRK)e Nuno Plati Alves, tendo este último sido também responsável pela arte-final e a cor das pranchas em que participou. A passagem a tinta das restantes esteve a cargo de Jay Jensen e Sandu Flórea, que desenhou a saga “Batman: R.I.P.”, na qual o Homem-Morcego perdeu (?) a vida.
Ao Jornal de Notícias, Filipe Andrade revelou que “este trabalho veio como consequência directa da não realização a tempo da autora predestinada ao mesmo” e também “porque devem ter ficado satisfeitos com a minha primeira colaboração com eles”, uma BD do Homem de Ferro, ainda inédita.
E acrescenta: “As maiores dificuldades foram os prazos curtíssimos. Cerca de 20 dias para desenhar 24 pranchas com layouts e estudos de personagens pelo meio”. Andrade teve ainda que suprir o desconhecimento que tinha da personagem principal, X-23: “quando fechei o negócio estava ainda no primeiro dia de Angoulême. Não tive grande tempo para me familiarizar com a personagem. Fui-a conhecendo ao longo da BD”.
X-23 é o pseudónimo de Laura Kinney, uma clone de Wolverine, que possui garras retrácteis nas mãos e também nos pés, que apareceu pela primeira vez na série animada “X-Men Evolution”, tendo depois passado para os quadradinhos onde é actualmente um dos membros da X-Force.
Esta história, conta a sua partida da ilha de Utopia, refúgio dos X-Men, na baía de S. Francisco, e o seu regresso provisório às ruas sombrias e degradadas de Nova Iorque, “um tipo de ambiente com o qual me sinto à vontade, o que me ajudou”, revela o desenhador. E fá-lo numa tentativa de encontrar o seu próprio caminho e começar a lutar por si própria, depois de uma vida em que sempre se sentiu usada por aqueles que a rodeavam, desde a sua criadora aos próprios X-Men, numa narrativa mais próxima do registo psicológico do que do registo de acção habitual no género de super-heróis.
A escolha de dois desenhadores serviu para tornar mais distintos os momentos em que a acção se desenrola no plano real - executados por Filipe Andrade, com um traço mais realista -, daqueles em que a personagem mergulha em si própria, tentando encontrar-se e ao caminho a trilhar - que couberam a Nuno Plati Alves, que optou por um desenho mais estilizado, sem contornos e trabalhados com uma reduzida paleta de cores, em que imperam o negro, o vermelho e o amarelo.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 9 de Maio de 2010)

04/11/2009

As Leituras dos Heróis – David, de “BRK”

(Segundo Filipe Pina)

Pergunta: Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas do David?

Resposta – Sendo um gajo que tem a mania que é fixe, que tem a mania que está numa fase de mudança, tinha que ser uma cena tipo Homem-Aranha, com aquele género de humor e as suas dúvidas todas. Mas o David não é do tipo de ler BD.

09/10/2009

Lançamento - BRK na Central Comics

O álbum BRK, vai ser apresentado amanhã, sábado, 10 de Outubro, às 16h30, na livraria especializada em banda desenhada Central Comics (Rua do Bonjardim, 505, no Porto), com a presença dos autores, Filipe Pina (argumento) e Filipe Andrade (desenho), para uma sessão de autógrafos.
Neste dia, excepcionalmente, a Central Comics irá beneficiar todos os seus clientes registados com 10% de desconto em qualquer produto (excepto material em saldos e reservas).

16/09/2009

BRK – Tomo 1

Filipe Pina (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
ASA (Portugal, Setembro de 2009)
190 x 274 mm, 80 p., cor, capa brochada com badanas

Em 2008, escrevi o texto seguinte (que agora actualizei) para o catálogo do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja:


"BRK" é o diminuitivo de break, designação de uma organização antiglobalização internacional na história mas simboliza também a vontade dos autores de "quebrar com o molde da BD em Portugal", justificando também o inglês pela vontade de "a de vender internacionalmente".
Anunciada no "BDJornal", onde foi publicada desde o #14, de Agosto/Setembro de 2006, (com excepção do #21), como "uma saga que vai deixar marcas na BD portuguesa", sendo necessário o passar do tempo para o confirmar, não tenho, no entanto, dúvidas de que, em muitos aspectos, "BRK" é (e será), sem dúvida, uma marca nestes tempos que vão correndo.
Sem ordenação de razões por importância, desde logo pela forma como foi sendo publicada, regularmente, em episódios, ao longo de vários meses, retomando um formato que durante muito tempo imperou, o da história em continuação, que prendia e deixava o leitor suspenso, ansiando pelo número seguinta da revista/jornal para conhecer cada nova peripécia da narrativa. E Filipe Pina, o argumentista, soube gerir bem este aspecto, conseguindo criar momentos de suspense em cada suspensão da história, surpresas, dúvidas, falsas certezas até, criando mais e novas razões para que a leitura fosse retomada posteriormente, dois meses depois.
"BRK", explicavam os seus autores no início, é a história de "David, um rapaz" (sub)urbano "de 17 anos, bastante diferente dos outros". Porque, ao contrário da maior parte dos adolescentes de hoje, é bastante consciente de si e do mundo, responsável e interessado, com vontade de mudar e provocar mudanças. Embora como quase todos os adolescentes - só os adolescentes? - perdido num mundo em constante mudança, cada vez menos propício à actuação individual e menos receptivo aos que querem fazer inflectir o curso dos acontecimentos globalizadores.
O retrato traçado de David - bem como daqueles que lhe são próximos - é bastante realista e credível. Para além de David ser bem trabalhado a nível psicológico, o tom realista é aprofundado pelo facto de os cenários da acção serem também reais: do Porto a Almada ou Lisboa, e de algumas situações - a repórter da RTP que faz a reportagem do atentado, … - apelarem para o Portugal real e existente, que todos conhecemos e onde tudo se passa. Realismo extendido pela ancoragem à realidade actual - para lá das questões e vivências da adolescência, a boleia dos perigos do terrorismo mundial e das questões antiglobalização. Destes dois tópicos, alimenta-se boa parte da trama; do primeiro, sobram razões para as duas situações mais espectaculares da BD até agora: o atentado no "MkDonaldes" (é mesmo assim), na Avenida dos Aliados, no Porto, logo nas primeiras pranchas, e a (surpreendente) falta de gravidade, que encerra o 3º capítulo.
A contrastar com estes dois actos espectaculares, que por isso ganham maior relevância, o tom do resto da narrativa é voluntariamente contido, pausado, lento até, feito principalmente de diálogos e monólogos, para aprofundar dúvidas e sentimentos, que justificam as hesitações e as acções. Como em qualquer ser humano.
Tom, já escrevi, apenas entrecortado com as tais duas cenas espectaculares e pela morte, a tiro, de um familiar de David, na página 67, a última que eu li… E que, apesar de menos impactante que as outras duas citadas, de um ponto de vista global - tem mais condições para provocar mudanças e inflexões, que, com sinceridade, fico a agurdar com interesse, porque interage directamente com David, protagonista mas não herói - afirmando, mais uma vez, o lado humano da narrativa, que é sobre gente, não sobre sítios ou grupos.
Graficamente, em "BRK", Filipe Andrade percorre caminhos que cada vez mais autores experimentam e que eu acredito cada vez mais serão seguidos neste milénio há pouco iniciado. Fazendo a síntese entre a banda desenhada tradicional franco-belga (em especial no que à forma narrativa diz respeito), os comics norte-americanos (de super-heróis, que com certeza, inspiram as cenas mais espectaculares e arrojadas) e os mangas japoneses (no desenho da figura humana e na expressividade dos rostos), numa mescla harmoniosa que assenta numa planificação que embora algo tradicional, não deixa de ser variada no que a ângulos e planos diz respeito, e plenamente capaz de ajudar a marcar o ritmo que interessa aos dois autores.

A abrir este texto, fazia uma ressalva: Escrevo conhecendo apenas as primeiras 67 pranchas de "BRK". Desconheço, portanto como a história vai terminar. Mais, fico suspenso numa altura em que uma inflexão importante na narrativa, até no seu tom, é introduzida.
Agora, ano e meio depois, conhecendo o final deste primeiro volume, acho que pouco há a acrescentar. Confirma-se que o tom inicial do relato, que privilegiava os relacionamentos e as dúvidas de David foi progressvamente evoluindo até transformar num relato de acção, com um toque até de antecipação científica. A surpresa final, acrescentada a algumas mudanças significativas, deixa tudo em aberto para o segundo tomo. Resta saber qual o caminho que os dois Filipe vão seguir e esperar que o conheçamos mais depressa do que o tempo que este primeiro álbum demorou a ver a luz do dia.

A reter
- O tom certo dos diálogos.
- O ritmo da obra
- A forma como os autores prendem e mantem o interesse do leitor.

Menos conseguido
- O (muito) tempo que transcorreu entre a suspensão da publicação no BDJornal e a edição em álbum.

Curiosidades
- Quando o restaurante de fast-food do Porto explode, vêem-se na imagem claramente as letras “aldes” (p. 8); quando o facto é referido no noticiário da TV (p. 16), é designado por “MkDonalds”. Não sendo raros – longe disso – os erros – escritos, de pronúncia, … - nas nossas televisões, afinal em que ficamos? MkDonalds ou MkDonaldes?
- Personagens reais em obras de ficção, geralmente são uma mais valia. E o que acontece com a aparição da reporter Rita (Marrafa) de Carvalho. Tornada mais credível por possuir um dos tiques da maior parte dos reporteres televisivos portugueses, ou seja, fazer perguntas em catadupa, sem deixar o entrevistado responder. Pena é que tão poucos respondam como o comandante dos bombeiros faz em BRK…!
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