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30/08/2014

12/07/2014

Hergé cronista do século XX














A empresa Thinkers - Projectos com Arte e a Fundação Marquês de Pombal promovem, de 19 a 27 de Julho de 2014, uma semana dedicada à obra do famoso autor belga Georges Remi (Hergé), criador do célebre repórter da poupa.


Toda a informação já a seguir.

26/05/2014

Desenho com Tintin leiloado por 2,5 milhões de euros


O original deste desenho de Hergé, criador de Tintin, datado de 1937, foi vendido no sábado em França, pela leiloeira Artcurial, por 2,519 milhões de euros.
Conheça-o melhor já a seguir.

15/11/2013

Le Temple du Soleil





Les nouvelles aventures de Tintin et Milou
Hergé
Casterman
França, 2003
287 x 232, 80 p., cor, cartonado com caixa arquivadora brochada
19,80 €


A reter
- O regresso, sempre feliz e de descoberta, a uma das melhores histórias escritas e desenhadas por Hergé.
- A possibilidade de reler a primeira versão de “Le Temple du Soleil”, tal como os leitores da revista Tintin o descobriram – extasiados, acredito – desde o seu primeiro número, com o mesmo colorido e o mesmo formato à italiana - embora numa edição (compreensivelmente) com dimensões bem menores…
- O poder comparar esta versão, publicada em prancha dupla nas páginas centrais da revista, com a versão padrão em álbum e descobrir os cortes que suprimiram vinhetas e sequências equivalentes a 16 pranchas.

21/02/2013

30 anos sem(pre) Hergé



















No dia 3 de Março, domingo, às 17 horas, vou estar na FNAC do GaiaShopping, para uma conversa que tem por objectivo assinalar os 30 anos da morte de Hergé.
Apareçam… se quiserem!


25/12/2012

Feliz Natal

O Pedro, destas Leituras,
deseja a todos um natal repleto de quadradinhos 
e de tudo o mais que desejarem, 
na companhia daqueles que escolherem,
mesmo que sejam a vaca e o burro...


20/12/2012

23/11/2011

Tintin e a Alph-Art

Hergé (argumento e desenho)Edições ASA (Portugal, Novembro de 2011)
160 x 220 mm, 64 p., cor, cartonado
8,90 €

Um pouco de história: a 3 de Março de 1983, Hergé, falecia na Bélgica, aos 75 anos, vítima de leucemia e deixava incompleta aquela que deveria ser a 24ª aventura de Tintin, o mais célebre repórter dos quadradinhos, mesmo se foram poucas as linhas por si escritas.
Eram apenas 42 páginas, só esboçadas, aqui e ali com o desenho um pouco mais avançado, ainda com indecisões de nomes, nalguns casos com sequências alternativas. Em termos de argumento e diálogos, a obra estava mais adiantada, mas terminava igualmente nas primeiras quatro vinhetas da página 42.
Nelas, Tintin encontra-se em situação desesperada, avançando devido à pressão de uma pistola nas suas costas, sendo o seu destino... a imortalidade. Não como o célebre herói de BD que é, mas transformado em estátua, quando o seu corpo for coberto com poliéster líquido, para ser trabalhado por um famoso escultor. Isto porque, em Tintim e a Alph-Art, o herói evolui no meio da pintura moderna, um dos temas que apaixonou Hergé no final da sua vida, enfrentando um bando de falsificadores e traficantes de arte, liderados por um místico que, a ter continuado a história, acabaria por se revelar um dos seus grandes inimigos, o pérfido Rastapopoulos.
Para acalmar os rumores de uma eventual conclusão da obra pelos seus colaboradores, três anos depois, em 1986, era editado um álbum com dois cadernos: um, reproduzia as 42 páginas esboçadas por Hergé; o outro, continha a transcrição dos diálogos. A partir dele, rapidamente surgiram no mercado, a preços exorbitantes e com pequenas tiragens, diversas versões pirata “finalizadas” da história, algumas das quais ainda hoje circulam na net ou mesmo em edições impressas.

No início de 2004, a 29 de Janeiro, aproveitando o pretexto dos 75 anos do nascimento de Tintin, e tentando revitalizar um catálogo onde há muito faz falta uma novidade, foi editado em França Tintin e a Alph-Art, no formato habitual e ao mesmo preço da restante colecção, tal como a Verbo fez meses depois e a ASA faz hoje, concluindo a reedição integral das aventuras de Tintin, com nova tradução e formato reduzido.
Esta edição, reproduz as tais 42 pranchas, transcreve os respectivos diálogos e foi enriquecido com alguns documentos entretanto descobertos, quase todos respeitantes a uma fase mais inicial da obra, na qual Hergé explorava ainda diversas possibilidades temáticas, nomeadamente o tráfico de droga.
E mesmo estando a história numa fase tão embrionária, uma justificação surge de imediato para a edição: descobrir a forma de trabalhar de Hergé. Como ele ia esboçando a narrativa, como aqui e ali uma ou outra imagem ganhava mais importância, levando-o a aperfeiçoá-la ainda no esboço, como as ideias iam surgindo, sendo postas de parte ou integradas no relato, obrigando, quantas vezes, a renumerar as páginas. E ver a sua forma de desenhar, repetindo o traço diversas vezes, de forma sobreposta, até encontrar a versão ideal que, mais tarde copiaria, por decalque, para o original.
E há também um princípio de história, quase dois terços de um álbum, escrito já de forma consistente, com diálogos que, em muitos casos, se adivinham (quase) definitivos, com um fio condutor consistente e capaz de prender o leitor que chega à fatídica página 42 e fica em suspenso – desta vez para sempre – sem saber qual a sorte do herói.
Mas confiando que ele se irá libertar, mais uma vez, de uma situação delicada e aparentemente irresolúvel. Como nas outras 23 apaixonantes aventuras, que Hergé escreveu e desenhou, muitas delas autênticas obras-primas, que fizeram de Tintin um dos ícones mais celebrados da banda desenhada e do século XX.



(Versão revista e corrigida do texto publicado no Jornal de Notícias de 22 de Agosto de 2004)

18/10/2011

Tintin, Hergé et les autos

Charles Henry de Choiseul Praslin (texto)
Éditions Moulinsart (Bélgica, 2004)
220 x 300 mm, 64 p., cartonado
12,85 €

A falta de novos álbuns de Tintin – o que é comercialmente mau mas sem dúvida positivo do ponto de vista artístico e de conservação da obra original – tem obrigado a Foundation Moulinsart, detentora dos direitos de Hergé, a aguçar o engenho criando obras – leia-se motivos – que façam com que se continue a falar e a escrever sobre Hergé e a sua obra. Dois exemplos recentes* são os livros Tintin, Hergé et les autos e Nous Tintin.
O primeiro, profusamente ilustrado, esmiúça até ao ínfimo pormenor os automóveis que “circulam” pelos álbuns de Tintin, contabilizando-os, descrevendo-os, comparando-os com veículos reais, investigando em que situação Tintin os utiliza (táxi, roubo, empréstimo, …), analisando o seu sentido de marcha relativamente à situação na história e aos intentos de quem o conduz, e termina com a relação dos modelos 3D nascidos a partir das diversas aventuras de Tintin.

Nous Tintin
Diversos autores
Éditions Moulinsart + Télérama (Bélgica, 2004)
230 x 320 mm, 96 p., cor, cartonado
19,95 €

Quanto a Nous Tintin, recupera em forma de álbum o número especial que a revista Télérama dedicou aos 75 anos de Tintin e está dividido em três partes. Nas duas primeiras, Plumes pour Tintin e Une famille Ad Hoc historiadores, escritores, jornalistas, psicólogos e outros autores francófonos discorrem sobre a vinheta de Tintin que mais os marcou ou dissertam sobre as principais personagens de Hergé. A obra conclui com Hergé à l’0euvre, na qual são referidos aspectos curiosos da obra do autor, a par de uma entrevista inédita com ele e outra com a sua viúva, Fanny Rodwell.

Duas abordagens completamente diferentes (complementares?) que mostram a importância e a perenidade de um dos mitos dos nossos dias e que contribuem para o manter vivo.

(* texto publicado no Jornal de Notícias de 7 de Novembro de 2004)

Nota
Por sugestão do leitor Zé Dias da Silva, fica o convite para uma visita a Les Autos de Tintin, que é um bom complemento à leitura do primeiro livro aqui sugerido e também da colecção Os Carros de Tintin que a Planeta DeAgostini lançou há poucos anos em Portugal. Colecção que, no entanto, se limitou a 34 carros, apenas cerca de metade dos 70 exemplares diferentes da colecção original francesa, que pode ser apreciada na íntegra em Voitures Tintin – Collection Atlas.

11/10/2011

Tintin - As jóias de Castafiore

Hergé (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Setembro de 2011)
160 x 220 mm, 64 p., cor, cartonado
8,90 €

Amado pelos críticos mas menos considerado por muitos leitores de Tintin, sendo por isso, possivelmente a mais incompreendida das obras de Hergé, "As jóias de Castafiore" é um verdadeiro exercício de estilo, com o qual Hergé pretendeu "contar uma história em que nada se passasse".
Como palco da acção, um espaço fechado - o castelo e a propriedade de Moulinsart - satisfazendo um desejo do capitão Haddock no início de O caso Girassol, de que muito se irá ele arrepender, mais limitado àquele espaço fechado do que todos os outros…
E onde, na verdade, pouco é aquilo que parece e (quase) nada acontece: não há as longas viagens que marcaram as outras aventuras, não há tiros nem perseguições, não há raptos nem grandes descobertas científicas, não há tesouros nem meteoritos, não há traficantes nem ladrões…
Mas estão lá muitas das personagens recorrentes da série, assumindo os papéis habituais, quase como que numa reunião da família Tintin: o irascível Haddock, o surdo Girassol, os trapalhões Dupond e Dupont, a distraída (diva) Castafiore, o insuportável Serafim Lampião, o imperturbável Nestor, o anónimo talhante Sanzot, o aldrabão marmorista Boullu, o enigmático pianista Wagner, a servil Irma…
Estão lá, em grande número, passando as pranchas a correr de um lado para o outro, sempre em busca de alguma coisa ou de alguém, mantendo o leitor em constante suspense à espera de algo que (apesar de tudo) nunca acontecerá, numa história em que o humor – brilhante no gag do degrau que percorre todo o álbum, na distracção constante de Castafiore, nas trapalhadas dos Dupondt, nas intervenções do papagaio, nos sucessivos motivos de exasperação de Haddock que culminam no anúncio do seu casamento com o “Rouxinol milanês” - tem um papel ímpar, e que o filósofo francês Michel Serres definiu como "um tratado da teoria da comunicação".
Por isso, também “As jóias da Castafiore”, datadas de 1961, revelam-se um fabuloso jogo de equívocos e de crítica de costumes – veja-se a forma como (quase) todos olham de soslaio os ciganos, veja-se a relação de (pouco) ódio/(muito) amor da cantora com a imprens, veja-se o retrato pouco abonatório da sub-espécie dos paparazzi (que apenas têm equivalente nos ignorantes bacocos cujo interesse doentio pelos ditos “famosos” os alimenta)…
A todos estes ingredientes, Hergé acrescentou uma técnica narrativa ímpar, numa perfeita conjugação de desenho e texto, numa legibilidade extrema – nada, em cada prancha, está lá por acaso… - numa sábia utilização dos balões ou da sua ausência, guiando o leitor de engano em engano, de pista falsa em pista falsa, de surpresa em surpresa, de conclusão enganadora em conclusão enganadora… até ao final surpreendente, inesperado, que coloca tudo no seu lugar, que revela como tudo aquilo em que Tintin se baseia para fazer diversas deduções ao longo do álbum estava antes disponível para o leitor, em que tudo encaixa na perfeição, em que tudo é explicado de forma (mais que) satisfatória, em que os intrusos que se multiplicaram em Moulinsart finalmente partem, deixando vazia a casa e sossegados os seus moradores, num regresso à normalidade.

A reter
- Julgo que não há álbuns perfeitos mas, a haver, este seria um dos candidatos àquele título…

30/07/2011

As Figuras do Pedro (II)

Figurines Tintin – la Collection Officielle
2. Haddock dubitatif

Figura: Haddock
Colecção: Figurines Tintin – la Collection Officielle
Número : 2
Fabricante/Distribuidor : Moulinsart + TF1 Enterprises
Ano : 2011
Altura : 13 cm
Preço original: 6,99 €
Extras: Livro formato 170 x 190 mm, com 16 páginas a cores, cartonado, com diversas abordagens à figura e à personagem - Votre figurine, le personage, À l’aventure, Portfolio, Hergé dans le texte, la séquence commentée, Chef-d’oeuvre á la une, Le saviez-vous? - e Passaporte Haddock.
Curiosidades: Esta é a segunda figura desta colecção, para já lançada apenas a título de teste em algumas regiões francesas.
Se o teste com 5 fascículos – Tintin, Haddock, Tournesol, Dupond, Milou – resultar, a colecção deverá estar disponível no mercado francófono no final do ano.

23/07/2011

As Figuras do Pedro (I)

Figurines Tintin – la Collection Officielle
1. Tintin en french coat

As férias obrigam e por isso aqui vai mais uma nova secção deste blog, dedicada às figuras que (me) fazem perder a cabeça e que enchem uma das várias estantes que me vejo obrigado a dedicar aos produtos derivados da banda desenhada.
Depois de muito pensar, decidi abrir com Tintin, não só pelo muito que admiro a criação de Hergé, mas pela (relativa) raridade desta figura que está soberba!

Figura: Tintin
Colecção: Figurines Tintin – la Collection Officielle
Número: 1
Fabricante/Distribuidor: Moulinsart + TF1 Enterprises
Ano: 2011
Altura: 13 cm
Preço original: 2,99 €
Extras: Livro formato 170 x 190 mm, com 16 páginas a cores, cartonado, com diversas abordagens à figura e à personagem - Votre figurine, le personage, À l’aventure, Portfolio, Hergé dans le texte, la séquence, Chef-d’oeuvre á la une, Le saviez-vous? - e Passaporte Tintin.
Curiosidades: Esta é a primeira figura desta colecção, para já lançada apenas a título de teste em algumas regiões francesas e que mão (muito) amiga fez chegar às mãos da minha esposa para ela me oferecer!
Se o teste com 5 fascículos – Tintin, Haddock, Tournesol, Dupond, Milou – resultar, a colecção deverá estar disponível no mercado francófono no final do ano.

11/07/2011

Le Perroquet des Batignolles

#1 – L’Énigmatique Monsieur Schmutz
Michel Boujut e Jacques Tardi (argumento)
Stanislas (adaptação e desenho)
Dargaud (França, 17 de Junho de 2011)
240 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado
13,95 €


Resumo
Criado como folhetim radiofónico de sucesso, escrito por Michel Boujut, crítico de cinema recentemente falecido, e Jacques Tardi, autor de Adèle Blanc-Sec, e difundido entre 1997 e 1998 na rádio France Inter, este é um policial denso e rocambolesco em torno do mundo da rádio e da arte, semeado de referências, da literatura à música, do cinema clássico à banda desenhada, em especial a Hergé.



Desenvolvimento
Tudo começa com a morte de uma famosa cantora de ópera, Christina Volgesang, seguida da tentativa de assassinato de Edith, apresentadora do boletim meteorológico na rádio e companheira de Oscar Moulinet, técnico de som, que será o protagonista da história, no papel de detective amador. A uni-las há dois exemplares de uma pequena caixa de música com a forma de um pato dourado. No interior de cada um, como se há-de vir a descobrir, existe um fragmento de uma fita magnética, com uma mensagem gravada. As duas caixas de música – a par de diversas outras – foram enviadas a diversas pessoas por um conhecido falsário de arte, entretanto falecido.

Oscar, acompanhado de alguns amigos e de conhecimentos que vai fazendo, parte à procura de outros exemplares existentes, para tentar completar a mensagem neles escondida enquanto tenta descobrir o responsável pelo assassinato – e por outros que se seguirão.
Se este resumo soa vagamente familiar, a razão é a proximidade deste ideia aquela que serve de base a “Tintin e o Segredo da Licorne”, onde a pista para o tesouro do pirata Rackham o terrível, se encontra no interior de três miniaturas da caravela Licorne. Não um plágio, mas uma homenagem sincera a Hergé e à sua obra, alvo de múltiplas referências ao longo deste primeiro tomo, de que a poupa de Oscar é apenas mais um exemplo, deixando ao leitor o prazer de descobrir outras. Mas não só Hergé e a BD – Jacobs, Tillieux… - são citados em “Le Perroquet des Batignoles, já que o mundo da arte e da falsificação – tal como em “Tintin e a Arte-Alfa” – a rádio, o cinema clássico e a literatura são alvo de múltiplas referências nesta obra entre a nostalgia e a modernidade.

A história em si – apenas no começo pois são 5 os tomos previstos – é densa e bem trabalhada, aqui e ali rocambolesca, avança a um ritmo moderado – embora por vezes se torna trepidante quando a acção acelera - para dar tempo ao leitor de apreender tudo o que vai ser transmitido, mas prende e cativa, resultando bem e suscitando a curiosidade de ouvir como funcionou na sua versão radiofónica.
Como aspecto menos positivo poder-se-á apontar algum excesso de balões de texto, que sobrecarregam as pranchas e não permitem desfrutar tão bem da arte de Stanislas (um dos co-fundadores de L’Association), que – não por caso, acredito – foi o desenhador de “As Aventuras de Hergé”, uma biografia não autorizada do pai de Tintin, que teve edição portuguesa da MaisBD. Dono de uma linha clara, algo estilizada, muito legível e agradável, Stanislas mostra-se à vontade quer no tratamento da figura humana, quer nos cenários urbanos de Paris do final do século XX, quer no retrato da Bretanha onde a natureza impera.

No final deste tomo, Oscar e os seus amigos, após inúmeras peripécias, atentados e investigações, apesar de já terem reunido alguns dos patos dourados existentes, pouco parecem ter avançado na investigação (e na história…), até porque a pista aparentemente mais evidente, possivelmente será falsa como mandam as regras que norteiam qualquer bom policial. Resta esperar pelos próximos volumes – Stanislas promete o próximo para daqui a… um ano e meio - para confirmar – ou não - as suas (e as nossas) suspeitas.

A reter
- A trama densa e bem delineada.
- A presença constante de Hergé e da sua obra, numa bela homenagem ao pai de Tintin.
- O traço de Stanislas, mais um cultor de linha clara a que não consigo resistir.

Menos conseguido
- Algum excesso de texto, embora perceba que seria difícil transmitir toda a informação necessária sem o utilizar, já que a única alternativa, possivelmente inviável do ponto de vista comercial (e criativo?) seria estender a obra por alguns volumes mais…
- Alguma falta de consistência no tratamento de Oscar, o protagonista, bem menos interessante do que alguns dos secundários, como a sua companheira Edith ou Patafoin, a sua filha.

22/05/2011

Selos & Quadradinhos (47)

Stamps & Comics / Timbres & BD (47)
Tema/subject/sujet: Hergé (22.05.1907-03.03.2007)
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2007

16/04/2011

Tintin: Há 75 anos em Portugal… e a cores

Foi há 75 anos, em “O Papagaio”, que Tintin foi publicado pela primeira vez em Portugal. A par dessa estreia, uma outra, a nível mundial, bem mais marcante: a publicação, a cores, do repórter dos quadradinhos criado por Hergé, na altura rebaptizado “Tim-Tim”.
Isso aconteceu no número 53 daquela revista infantil, datado de 16 de Abril de 1936, mas os leitores já vinham a ser preparados desde o número 49. Nele, era anunciado que Tim-Tim, “enviado especial à América do Norte”, iria correr “sérios riscos”, pois aquele país “civilizadíssimo, donde nos chegam as maiores invenções e belas afirmações de espírito artístico”, era também um “território onde o banditismo impera, no qual indivíduos da pior espécie e de todas as nacionalidades estabeleceram há muito arraiais”. E continuava: “acompanhado pela fidelíssima cadela Pom-Pom, o moço e ilustre jornalista partiu há dias para Nova Iorque, a bordo do Vulcãnia”. O seu destino era no entanto Chicago, “a capital do crime, o principal antro dos bandidos que vai desmascarar e vencer”. E explicava: “o facto de se fazer acompanhar da cadelinha não é (…) de somenos importância. O inteligente animal é o melhor companheiro do famoso repórter a quem já por mais duma vez salvou a vida.
Curiosamente, dois números passados, já protagonizava a capa e, em novo anúncio, Milu afinal chamava-se Rom-Rom, mas continuava “cadelinha”, e Tim-Tim, medindo “apenas 1,45 metros” tinha “a coragem de um gigante”.
A primeira aventura publicada foi rebaptizada como “Tim-Tim na América do Norte” e prolongar-se-ia até ao número 110, recheada de atropelos ao original hoje inimagináveis: remontagem de pranchas, supressão ou ampliação de vinhetas e de texto, alterações do conteúdo…
Exemplo deste último aspecto, é a substituição de uma greve de operários (algo ilegal na época em Portugal) por uma pausa para almoço... Alterações que desagradaram a Hergé que, em contrapartida, apreciou as cores feitas em Portugal.
Estas e outras curiosidades – como o facto de parte dos direitos de Tintin, durante a Segunda Guerra Mundial, terem sido pagos por Simões Müller, director da revista, a Hergé em géneros alimentícios enviados para a Alemanha, onde um irmão do autor estava preso – são referidos por José Azevedo e Menezes em “O Papagaio – Um estudo do que foi uma grande revista infantil portuguesa” (edição do autor).O sucesso de Tim-Tim – e dos seus companheiros Rom-Rom, Capitão Rosa (Haddock), Professor Pintadinho (Tournesol) – foi tão grande que protagonizaria diversas capas (criadas por autores portugueses) da revista, números hoje bem pagos por coleccionadores nacionais e estrangeiros que também valorizam aqueles em que Tintin é publicado.
“O Papagaio” viria a apresentar mais oito histórias, transitando depois o herói, sucessivamente, para o “Diabrete”, “Cavaleiro Andante”, “Foguetão” e “Zorro” até chegar à revista com o seu nome, em 1968. Curiosamente, se Portugal foi pioneiro na publicação colorida das histórias aos quadradinhos de Tintin, teve que esperar até meados da década de 1990 para assistir á sua edição em álbum, pela Verbo.Actualmente, o herói faz parte do catálogo da ASA, que tem programada a conclusão da edição integral das suas aventuras, em formato reduzido e com nova tradução, até final do corrente ano, bem como uma edição fac-similada do original a preto e branco de “Tintin na América”, em Junho.
Mas se há banda desenhada de Tintin que merecia ser reeditada tal e qual como foi publicada pela primeira vez, ela é sem dúvida o “Tim-Tim na América do Norte” tal e qual apareceu em “O Papagaio”.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Abril de 2011)



14/04/2011

Polémicas aos quadradinhos

Tintin racista?
Tintin, esse mesmo, o herói dos quadradinhos, vai a tribunal acusado de racismo. A razão: o retrato complacente e paternalista que o álbum “Tintin no Congo”, transmite dos habitantes locais negros.
Esta é, pelo menos, a óptica do cidadão congolês Bienvenu Mbutu Mondondo, que à custa deste caso já teve (bem) mais do que os 15 minutos de fama a que (teoricamente) todos temos direito. Isto porque foi ele o responsável pela queixa apresentada em tribunal em 2007, e que na semana passada, depois de muitos avanços e recuos, foi finalmente aceite pelo Tribunal de Primeira Instância de Bruxelas, contra a opinião do Procurador Real belga.
Baseado numa lei de 1981 que “proíbe propósitos racistas ou atentados contra uma franja da população”, o cidadão congolês deseja que a venda do segundo álbum das aventuras de Tintin seja interdita a não ser que ele passe a incluir um prefácio que “explique o contexto colonial e histórico da época da concepção do álbum” e também “um alerta para o facto de algumas das suas personagens terem propósitos racistas”.
Relembre-se que na senda do sucesso de “Tintin no País dos Sovietes”, Hergé, nesta história, decidiu enviar o seu repórter para o Congo, então uma província belga, tendo a história sido publicada a preto e branco no jornal “Le Petit Vingtième” entre 5 de Junho de 1930 e 11 de Junho de 1931, seguindo-se de imediato uma edição em álbum.
Desenvolvida semana após semana, ao sabor da inspiração do autor e sem um guião prévio, “Tintin no Congo” é caracterizado por uma grande ingenuidade, ou não estivesse Hergé - e a própria banda desenhada – a dar os primeiros passos à procura da sua identidade. O autor, ao longo dos anos, em diversas entrevistas, explicou que “se baseou nos preconceitos existentes no meio burguês em que estava inserido”, tendo desenhado os africanos de acordo com os critérios da sua época”. Talvez por isso, tal como “No país dos Sovietes”, este álbum nunca foi adaptado em desenhos animados.
Esta obra já foi alvo de outros ataques, nomeadamente de associações de defesas de animais “escandalizadas” pelo grande número de bichos que o herói abate ao longo do álbum.
Agora, resta esperar pelos próximos capítulos, o primeiro dos quais já no dia 18 de Abril, quando o tribunal definirá o calendário dos trâmites que se seguem no processo.


Sexo e super-heróis
Cada vez mais mediáticos, os quadradinhos, também por isso, atraem cada vez mais polémicas. No cento de outro caso recente, também ligado a questões raciais, está Batman, numa história escrita por David Hine, em que o homem-morcego decide internacionalizar a marca “Batman”, contratando “duplos” em diversos países. O problema surgiu quando, em França, a escolha recaiu sobre Bilal Asselah, um muçulmano sunita filho de pais argelinos que vive num dos bairros parisienses que mais tem sido assolado por manifestações violentas, o que levantou um coro (internacional) de protestos, entre os quais uma história pirata que mostrava o novo Batman a explodir a Torre Eiffel num ataque suicida.
Por outro lado, o crescendo de violência e erotismo nas bandas desenhadas da Marvel e da DC Comics, coincidente com o aumento da idade de quem os lê, tem provocado alguma polémica e levantado questões que geralmente ficam por responder. Os problemas geralmente começam nas capas, pelos atributos generosos ou exagerados que os super-heróis (dos dois sexos) revelam, mas também se estendem aos conteúdos. Há poucas semanas, a revista “Batman Confidential” #18, levantada por uma mãe numa biblioteca, na Carolina do Norte, para ser lida pelo filho de 12 anos, valeu acusações de pornografia pois numa das histórias a Batgirl e a Cat Woman vão ao Clube Hedonista de Gotham, onde ficam vestidas apenas com as suas máscaras. Apesar de não haver nus nem sexo explícito, algumas cenas (relativamente) mais ousadas chocaram a senhora, que iniciou uma cruzada contra a nudez dos super-heróis, sem reparar que a editora aconselha a revista para maiores de 16 anos...
Situação similar teve lugar no Brasil, onde diversas obras aos quadradinhos, entre as quais livros de Will Eisner, direccionadas para adultos devido à sua temática e a algumas cenas mais fortes, foram incluídas no lote de leituras aconselhadas aos alunos mais novos e compradas por bibliotecas, com as consequências que facilmente se adivinham.
Claro que, na prática, na base destes casos, está a ideia (cada vez mais em desuso) de que (toda) a banda desenhada é para crianças, ficando a sensação de que os responsáveis pelas escolhas nem sequer se deram ao trabalho de as ler previamente.


(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 12 de Abril de 2010)
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