O western puro e duro é o tema por excelência em Tex, mas ao
longo dos seus quase 70 anos de existência, tem havido curiosas excepções. Mas talvez
nenhuma tão estranha como a deste díptico.
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08/11/2015
14/06/2012
Tex - Edição Histórica #81
A Flor da Morte
Gianluigi Bonelli (argumento)
Gianluigi Bonelli (argumento)
Guglielmo Letteri (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Novembro de 2011)
135 x 175 mm, pb, 162 p., brochado
R$ 13,90 / 7,00 €
1.
Esta é uma aventura de Tex atípica, para não escrever
mesmo de todo invulgar.
2.
Desde logo porque ao longo dela, o ranger não
dispara um único tiro, nunca empunha uma arma, não anda à pancada com ninguém,
não persegue facínoras em longas cavalgadas, não defronta índios nem mexicanos…
3.
Mais ainda, porque Tex está ausente de 49 das
suas 149 pranchas (cerca de 33% do relato) e não tem qualquer influência – bem pelo
contrário - no desenlace final.
4.
(O que justifica a sua omissão nas imagens que
escolhi para ilustrar este texto).
5.
Depois, pela forma bastante invulgar em Tex,
como o argumentista introduz a história, numa página de vinheta única, em que afirma
tratar-se de um acontecimento real que lhe teria sido contada por alguém.
6.
Em acréscimo ao que já não era pouco, grande
parte do relato assume um tom “científico”, com enunciação de hipóteses e realização
de experiências para as confirmar (ou não) – no contexto da época, bem
entendido - com El Morisco a surgi como protagonista na avaliação da origem da ameaça,
o que faz de Tex e dos seus habituais companheiros pouco mais do que meros
figurantes em mais um significativo trecho do relato.
7.
Finalmente, porque esta estranha história – originalmente
datada de 1974 – tem na sua origem uma forma de vida extraterrestre, que chega ao
território do Arizona num meteorito, logo no seu início, e assume o papel de
ameaça que Tex vai combater.
8.
Desta forma, quanto mais não seja pelo seu invulgar
tema e pelo atípico desenvolvimento, já se justifica a leitura de “A flor da
morte”.
06/04/2010
Tex Edição Histórica #77 – Mescaleros!
Giovanni Luigi Bonelli (argumento)
Guglielmo Letteri (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Julho de 2009)
135 x 178 mm, 324 p., pb, brochado
Resumo
Um bando de índios mescaleros, liderados por um tal Lucero, espalha o terror e a morte nos ranchos e povoados próximos da fronteira entre os Estados Unidos e o México, aparentemente desaparecendo neste último território após cada assalto. Nomeados e, depois, retirados do caso pelo governo, para não criarem problemas com o governo mexicano, Tex Willer, Kit Carson, Jack Tigre e Kit Willer, decidem assumir o caso a título pessoal.
Desenvolvimento
Esta é mais uma história bem escrita e desenvolvida a bom ritmo por Giovanni Luigi Bonelli que, em relação a outros relatos do ranger, tem algumas particularidades que justificam esta chamada de atenção.
Desde logo o esquema engenhoso e bem montado que permite aos mescaleros desapa-recer sem deixar rastos após cada massacre, o que faz com que, durante grande parte do relato, Tex e os seus companheiros andam positivamente às cegas, sem conseguirem antecipar os movimentos dos bandidos, para os impedir, nem encetarem com êxito uma perseguição, para os capturar. Algo que não é muito habitual em histórias protagonizadas por Tex Willer. A boa cobertura de que Lucero dispõe, sob outra identidade, tem também um peso significativo para que as coisas se desenrolem desta forma.
Depois, pese embora os métodos utilizados, a verdade é que o fim a que o chefe dos mescaleros se propõe – a recuperação dos territórios de que o seu povo foi espoliado – noutra conjuntura seria um motivo para o ranger se colocar ao seu lado, como aconteceu em tantas outras das suas aventuras. O que mostra Tex sob a óptica de uma inesperada dualidade de critérios… O que o torna mais humano?
Finalmente – e este é, para mim, a razão principal – o facto de Tex nunca estar face a face com o chefe do bando de mescaleros ao longo de todo o relato, encontrando-o apenas depois de morto e enterrado, nunca conseguindo consumar – pessoalmente – os desejos de justiça (e vingança…) que o movem, confere ao relato – e em Lucero em particular - uma aura especial.
Graficamente, confesso que o desenho de Letteri, possivelmente pressionado pelos prazos de entrega, algo (quase) inevitável em publicações que têm que chegar às bancas periodicamente, não me seduziu com a maioria dos rostos demasiado parecidos, algumas posturas demasiado rígidas e desequilíbrios no tratamento dos fundos das vinhetas.
Para finalizar, a título de curiosidade, pelo invulgar da imagem no contexto do universo do ranger, deixo uma referência para as duas últimas vinhetas da página 310, em que Lucero surge – literalmente – ameaçado pela imagem da morte.
A reter
- Os aspectos originais da historia desenvolvidos atrás.
Menos conseguido
- Os desequilíbrios do desenho. Noutros contextos editoriais ou no meio cinematográfico, não seria descabido que um argumento destes fosse redesenhado ou filmado de novo.
Curiosidades
- Na vinheta aqui reproduzida, Tex faz uma “promessa” que fica por cumprir… outro facto raro na sua carreira.
- Esta história foi original-mente publicada em Itália entre Maio e Agosto de 1973, nos números 151 a 154 do Tex italiano, e no Brasil surgiu na revista Tex, números 62 a 64, e também na Tex Colecção, entre os números 203 e 205.
(Texto publicado originalmente a 26 de Março de 2010 no Tex Willer Blog)
Guglielmo Letteri (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Julho de 2009)
135 x 178 mm, 324 p., pb, brochado
Resumo
Um bando de índios mescaleros, liderados por um tal Lucero, espalha o terror e a morte nos ranchos e povoados próximos da fronteira entre os Estados Unidos e o México, aparentemente desaparecendo neste último território após cada assalto. Nomeados e, depois, retirados do caso pelo governo, para não criarem problemas com o governo mexicano, Tex Willer, Kit Carson, Jack Tigre e Kit Willer, decidem assumir o caso a título pessoal.
Desenvolvimento
Esta é mais uma história bem escrita e desenvolvida a bom ritmo por Giovanni Luigi Bonelli que, em relação a outros relatos do ranger, tem algumas particularidades que justificam esta chamada de atenção.
Desde logo o esquema engenhoso e bem montado que permite aos mescaleros desapa-recer sem deixar rastos após cada massacre, o que faz com que, durante grande parte do relato, Tex e os seus companheiros andam positivamente às cegas, sem conseguirem antecipar os movimentos dos bandidos, para os impedir, nem encetarem com êxito uma perseguição, para os capturar. Algo que não é muito habitual em histórias protagonizadas por Tex Willer. A boa cobertura de que Lucero dispõe, sob outra identidade, tem também um peso significativo para que as coisas se desenrolem desta forma.
Depois, pese embora os métodos utilizados, a verdade é que o fim a que o chefe dos mescaleros se propõe – a recuperação dos territórios de que o seu povo foi espoliado – noutra conjuntura seria um motivo para o ranger se colocar ao seu lado, como aconteceu em tantas outras das suas aventuras. O que mostra Tex sob a óptica de uma inesperada dualidade de critérios… O que o torna mais humano?
Finalmente – e este é, para mim, a razão principal – o facto de Tex nunca estar face a face com o chefe do bando de mescaleros ao longo de todo o relato, encontrando-o apenas depois de morto e enterrado, nunca conseguindo consumar – pessoalmente – os desejos de justiça (e vingança…) que o movem, confere ao relato – e em Lucero em particular - uma aura especial.
Graficamente, confesso que o desenho de Letteri, possivelmente pressionado pelos prazos de entrega, algo (quase) inevitável em publicações que têm que chegar às bancas periodicamente, não me seduziu com a maioria dos rostos demasiado parecidos, algumas posturas demasiado rígidas e desequilíbrios no tratamento dos fundos das vinhetas.
Para finalizar, a título de curiosidade, pelo invulgar da imagem no contexto do universo do ranger, deixo uma referência para as duas últimas vinhetas da página 310, em que Lucero surge – literalmente – ameaçado pela imagem da morte.
A reter
- Os aspectos originais da historia desenvolvidos atrás.
Menos conseguido
- Os desequilíbrios do desenho. Noutros contextos editoriais ou no meio cinematográfico, não seria descabido que um argumento destes fosse redesenhado ou filmado de novo.
Curiosidades
- Na vinheta aqui reproduzida, Tex faz uma “promessa” que fica por cumprir… outro facto raro na sua carreira.
- Esta história foi original-mente publicada em Itália entre Maio e Agosto de 1973, nos números 151 a 154 do Tex italiano, e no Brasil surgiu na revista Tex, números 62 a 64, e também na Tex Colecção, entre os números 203 e 205.
(Texto publicado originalmente a 26 de Março de 2010 no Tex Willer Blog)
Leituras relacionadas
Bonelli,
Letteri,
Martin Mystère,
Tex
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