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24/09/2012

O Cavaleiro de Westeros

 
 
 


 
 
 
 
Ben Avery (argumento)
Mike S. Miller (desenho)
Mike Crowell (cor)
Saída de Emergência (Portugal, Setembro de 2012)
165 x 240 mm, 196 p., cor, brochada
16,50 €
 
 
Resumo
Baseado no universo de Westeros, onde se desenrolam as Crónicas de Gelo e Fogo, escritas por George R.R. Martin, este livro aborda um período anterior em cerca de 100 anos ao do inicio do primeiro livro das crónicas, no tempo do rei Daeron, com o reino em paz e a dinastia Targaryen no auge do seu poder.
Iniciado com a morte de Sor Arlan, narra a demanda do seu escudeiro Dunk, Sor Duncan, o Alto, para se impor como cavaleiro andante.
 
Desenvolvimento
Esta é uma bela história em ambiente medieval – a sua localização em Westeros, no universo criado por George R. R. Martin não é especialmente determinante para o desenrolar da história contada, pelo menos no que a este primeiro tomo diz respeito – bem construída, e explanada e competentemente recriada no seu novo suporte narrativo, onde apresenta vida própria.
Narrada em ritmo moderado, de certo modo imposto pelo recurso recorrente a texto em off, vai introduzindo ao leitor as questões pertinentes sobre os diversos reinos e dinastias de Westeros, sem que ele quase dê por isso, enquanto aprende a conhecer o protagonista Dunk, aliás Sor Duncan, o Alto, o seu escudeiro Egg e a bela bonecreira Tanselle.
A base da história é simples: um ex-escudeiro, agora cavaleiro andante, procura a honra e a glória (e também a riqueza) nos torneios que frequentemente têm lugar.
Cavaleiro andante, reforce-se a ideia, cuja diferença fundamental, para além de combater apeado, é servir apenas causas justas e estar ao lado dos fracos e oprimidos.
Só que, naquela época, no mundo de Westeros, como nos dias de hoje, no nosso mundo, a honra, a justiça, a verdade e a lealdade nem sempre (raramente?) são os valores mais praticados, como Dunk irá descobrir à sua custa, embora também encontre as virtudes que costumam estar no lado oposto da balança: a amizade, dedicação, entrega e mesmo o amor.
Desenvolvido num crescendo, que culmina numa justa entre dois grupos de sete cavaleiros, cujo resultado determinará o futuro do jovem, falta a essa cena fulcral mais arrojo gráfico – deveria ser mais visual e menos descritiva, possivelmente – para fazer dela um momento mais marcante.
Apesar disso, no geral o traço realista e detalhado de Mike Miller (com várias passagens por alguns dos principais super-heróis da Marvel) mostra-se ajustado ao registo narrativo, não sendo difícil encontrar belos pormenores, a par de uma planificação dinâmica e diversificada que utiliza com frequência planos arrojados que ajudam a ritmar as cenas.
E se é verdade que o final (provisório) é previsível, contem os leitores com diversos desenvolvimentos surpreendentes e alguns volte-faces até ele se concretizar.
 
A reter
- A aposta inteligente da Saída de Emergência numa boa adaptação aos quadradinhos de uma obra de um dos seus autores de referência, que poderá fazer a ponte entre dois universos de leitores: os de George Martin e os de BD.
- Uma boa edição, a que talvez só faltem umas badanas na capa e contracapa para lhe dar um pouco mais de consistência.
- A curiosa inclusão de uma “pré-visualização” do tomo seguinte, “A espada ajuramentada”, em que prossegue a saga de Sor Duncan e de Egg, sinal de que a editora pretende continuar a editar BD.
 
 

19/09/2012

Leituras Novas

Setembro de 2012

 

ASA
12 – A Doce
François Schuiten
Léon conhece bem a Doce. Compreende-a melhor do que ninguém e antecipa os seus mínimos desejos.
O que é muito natural, depois de tantos anos passados juntos a devorar quilómetros. Porque a Doce, ou melhor, a 12.004, é uma locomotiva a vapor. Uma rainha da velocidade, com uma mecânica sofisticada, que é o orgulho do seu maquinista.
Mas os tempos mudam, os transportes eléctricos ganham terreno e os dias da Doce estão contados.
Edição disponível com 2 capas diferentes.
É o primeiro livro de BD com realidade aumentada.
 

Astérix entre os Bretões (capa nova)
Goscinny e Uderzo
Decidido a expandir as fronteiras do seu império, Júlio César prepara um exército de legionários altamente treinados para invadir a Bretanha (a actual Grã-Bretanha).
Para ajudar o seu primo bretão Jolitorax na sua luta contra as legiões romanas, Astérix atravessa o Mare Britannicum (Mancha) na companhia de Obélix e de um barril cheio de «mágica poção».
Começa então para os dois amigos um périplo pelo país onde falam ao contrário, bebem cerveja quente, servem javali cozido e jogam râguebi (para grande satisfação de Obélix)!
Será que nossos heróis conseguirão resistir a todos estes desafios? 

 

Contraponto
Alison Bechdel
Vencedor do Eisner Award e do Lambda Book Award
Livro do Ano do New York Times, do Los Angeles Times, do San Francisco Chronicle, da Publishers Weekly, da Salon.com, da Amazon.com, do Guardian e do London Times
Best-seller internacional e obra pioneira, Fun Home descreve a relação frágil que Alison Bechdel manteve com o pai ao longo da sua infância e adolescência. Na sua narrativa, a história íntima e pessoal de uma família transforma-se numa obre cheia de subtileza e poder.
Exigente e distante, Bruce Bechdel era professor de Inglês e dirigia uma casa funerária – a que Alison e a família chamavam, numa pequena piada privada, a «Fun Home». Só quando estava na universidade é que Alison, que recentemente admitira aos pais que era lésbica, descobriu que o pai era gay. Umas semanas depois desta revelação, Bruce morreu, num suposto acidente, deixando à filha um legado de mistério, complexos e solidão.

 

Levoir/Público
Carl Potts e Jim Lee

#11 - “X-Men - Graduação”
Roy Thomas e Neal Adams

#12 - “Guerras Secretas - Heróis vs. Vilões”
Jim Shooter, Mike Zeck e Bob Layton

#13 - “Guerras Secretas - A Batalha Final”
Jim Shooter, Jay Faerber, Mike Zeck e Gregg Schiciel 

 

Saída de Emergência
Ben Avery, Mike S. Miller e Mike Crowell
O continente de Westeros é o cenário onde se desenrola a saga de George R. R. Martin, as Crónicas de Gelo e Fogo.
O Cavaleiro de Westeros decorre cerca de cem anos antes do início do primeiro livro das Crónicas, no tempo do rei Daeron, com o reino em paz e a dinastia Targaryen no auge do seu poder.
Quando a vida de um cavaleiro termina, a sua morte pode ser o começo de uma nova vida para o seu escudeiro. Intitulando-se de “Sor Duncan, o Alto”, o jovem Dunk parte em busca de fama e glória no torneio de Vaufreixo, mas também sonha em prestar juramento como cavaleiro dos Sete Reinos. No caminho, encontra um rapaz misterioso que está determinado em ajudá-lo na sua demanda.
Infelizmente para Dunk, o mundo pode não estar preparado para um cavaleiro que mantém a sua honra. E os seus métodos cavalheirescos podem vir a ser a sua ruína…
Uma história fascinante sobre honra, violência e amizade, pela mão do grande mestre da literatura fantástica: George R. R. Martin.  

 (Os textos, quando existem, são da responsabilidade das editoras)

16/09/2011

É de noite que faço as perguntas

David Soares 8argumento)Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho, Daniel da Silva e Richard Câmara (desenho)
Saída de Emergência (Portugal, 16 de Setembro e 2011)
210 x 297 mm, 64 p., cor, brochado com badanas
18,00 €

Chega hoje às livrarias o álbum “É de noite que faço as perguntas”, numa bela edição da Saída de Emergência, na qual o (também) romancista David Soares revisita a génese da Primeira República, partindo da sua cronologia e dos factos históricos para desenvolver uma observação sobre a vida, a política e o modo como ambas se influenciam.
Jorge Coelho
Passado num tempo indefinido, em que o nosso país está sob uma ditadura asfixiante, que coarcta qualquer forma de liberdade ou de expressão, a história tem como base uma carta escrita por um pai a um filho que há muito não vê, adivinhando-se que a falta de comunicação e algumas escolhas levaram a esse afastamento. Contando a sua própria relação com o seu pai (avô do filho), o homem – creio que não involuntariamente – de alguma forma traça um paralelo entre o percurso dos dois, tentando mostrar como o filho está a repetir os erros que ele já cometera. Como tempo da acção, David Soares escolheu o período que conduziu à implantação da Primeira República em Portugal e os anos que se lhe seguiram até ao início do Estado Novo, partindo da sua cronologia e dos factos históricos para desenvolver uma observação sobre a vida, as relações, a política e o modo como se influenciam.
João Maio Pinto
Esta escolha surgiu porque este álbum é resultado “de um convite conjunto do Centro Nacional de Banda Desenhada e da Imagem da Amadora e da Comissão Nacional Para as Comemorações do Centenário da República, que tinha como objectivo criar uma banda desenhada que contasse a história da Primeira República portuguesa”. No entanto, revelou o escritor, “desde o início que foi intenção de todos os envolvidos não incorrer num registo "pedagógico", normalmente associado a trabalhos desta natureza, mas num mais contemporâneo, mais sofisticado”. Propósito plenamente conseguido, pois os factos históricos surgem como elementos coerentes da narrativa principal, que ajudam a situar e a explicar a acção.
André Coelho
Daniel da Silva
Por isso, apesar de ser uma “encomenda, trabalhar neste álbum foi maravilhoso porque tive liberdade absoluta para escrever a história que achasse mais indicada”. Dessa forma, acrescenta, este livro “não se distancia em muitos graus dos meus restantes trabalhos, sendo mais um ensaio que questiona conceitos como liberdade, democracia, autoritarismo e livre-arbítrio, do que "apenas" uma história sobre o período da nossa primeira república”.
Aos temas indicados pelo argumentista, poder-se-ão também acrescentar outros, que suscitam igualmente reflexão demorada: a inevitabilidade da guerra apesar da sua inutilidade, a importância da informação – da sua busca, da sua disponibilização, da sua partilha -, a necessidade de entendimentos – a nível pessoal tanto quanto a outros níveis mais alargados -, a omnipresença televisiva em detrimento da comunicação pessoal, a necessidade (histórica) de cortes (aparente mas enganadoramente) bruscos com o passado, apesar da linearidade da passagem do tempo.
Richard Câmara
Richard Câmara
O desenho foi entregue a “cinco desenhadores, cujo trabalho admiro”, pois “considerou-se que deveria mostrar novos grafismos e novos artistas”. Apesar disso, de já terem dado (outras) provas noutros registos gráficos, de haver claramente diferenças – em termos de segurança, à-vontade, traço, sequência… - entre eles, há uma assinalável homogeneidade gráfica entre as pranchas de Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho, Daniel da Silva e Richard Câmara. Isto acontece quer em termos cromáticos, quer em termos de estilo, o que contribui para que a leitura se faça sem quebras, que o relato, em que predomina um tom intimista, que propõe/impõe silêncios reflexivos, não pede.
Agora, com a edição finalmente disponível nas livrarias e com o distanciamento que o tempo permite, o autor de “O Evangelho do Enforcado” e “Lisboa Triunfante” considera-o “um álbum importante” pois, “ao mesmo tempo que dá a conhecer um período crucial da nossa história, muitas vezes tão mal entendido, ainda coloca questões cada vez mais pertinentes nos tempos em que vivemos”.
Depois de os seus originais terem estado expostos no AmadoraBD 2010, o álbum terá uma sessão oficial de lançamento na edição deste ano do festival, em Outubro próximo.

(Versão revista e alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Setembro de 2011)
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