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13/01/2012

Steve Canyon, 65 anos

Os leitores portugueses que a 18 de Agosto de 1949 viram na capa de estreia do Mundo de Aventuras uma prancha de um certo Luís Ciclón (assim mesmo, com sotaque hispânico), estavam certamente longe de imaginar que se tratava de uma criação norte-americana, na origem intitulada Steve Canyon.
E também que apanhavam a meio uma aventura de um herói que tinha nascido cerca de dois anos antes, a 13 de Janeiro de 1947, há precisamente 65 anos.
Canyon era um veterano da Força Aérea norte-americana, que dirigia a sua própria companhia de aviação, o que o fez visitar destinos exóticos em África, na Ásia ou na América Latina.
Aventureiro sensível ao sofrimento dos menos bafejados pela sorte e à beleza feminina – embora as mulheres com quem se cruzou e por quem se apaixonou tivessem geralmente tanto de belo como de malvado e inacessível - voltaria ao activo no início da década de 1950, para participar na Guerra da Coreia (e depois na do Vietname), assumindo aí a série um tom que alguns classificam como imperialista e de cariz propagandístico da política dos EUA, mas que deve ser interpretado á luz da Guerra Fria que então se vivia. O seu casamento com Summer Smith, uma das suas antigas paixões, em 1970, retirou interesse à série, que assumiu então um tom mais próximo do melodrama.



A estreia de Steve Canyon, no formato de tira diária de imprensa, aconteceu em simultâneo em 168 jornais, muito por força da fama granjeada pelo seu autor Milton Caniff, igualmente criador de Terry e os Piratas, série que abandonara em 1946, desagradado pelo facto de os direitos não lhe pertencerem.
Caniff, um dos maiores desenhadores de sempre a preto e branco, assistido por Dick Rockwell (sobrinho do famoso Norman Rockwell), dedicou-se ao novo herói até à data da sua morte, a 3 de Maio de 1988, tendo a última tira sido publicada a 4 de Junho desse mesmo ano.


 

Em Portugal, “Luís Ciclón” (ou Ciclone), marcou presença no Mundo de Aventuras, embora de forma irregular, até ao final da década de 1980, tendo surgido igualmente em publicações como Ciclone, Condor ou Condor Popular.



(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Janeiro de 2012)
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