08/11/2011

Leituras Novas

Outubro 2011

ASA
Alix #26 – O Ibero
Jacques Martin, François Maingoval e Patrick Weber (argumento) e Christophe Simon (desenho)
À frente das suas legiões, César prepara--se para enfrentar os seguidores de Pompeu na região da Hispânia. Nessa mesma região, Alix vê-se forçado a habitar uma quinta que lhe foi oferecida por César.
É no decorrer de uma perseguição que Alix conhece Tarago, o chefe Ibero apoiante de Pompeu, a quem acaba por poupar a vida. Mas Tarago , um orgulhoso Ibero resistente aos invasores, entra num duelo com Alix onde só é permitido um dos desfechos: a vitória ou a morte.

Dragon Ball #13 – Son-Goku contra-ataca
Akira Toriyama
Piccolo recupera a sua juventude, tornando-se mais poderoso que nunca! Depois de voar até ao palácio do Rei do Mundo, anuncia que é ele o novo Rei, e dá a conhecer o seu reinado de terror pela TV internacional! Só Tenshinhan e Goku têm hipóteses de parar Piccolo: Tenshinhan através de um golpe de artes marciais que pode matar aquele que o usar e Goku bebendo uma poção que o pode tornar mais forte – mas também o pode matar!
Os dois heróis arriscam a vida para salvar o planeta – e entretanto, Yajirobe come demais e fica doente!

Os Informáticos
Brrémaud, Reynès e Toulon
Os Informáticos é um programa e peras! Com o Fil, o ignorante, que espatifa o computador ao menor bug, o Mike, o especialista a sacar filmes em chinês sem legendas, e o Kevin, o estagiário que conhece o verdadeiro significado da expressão “SO” (só ócio), não se percebe como é que a firma Trempa continua a funcionar sem bloquear.
O chefe desta empresa familiar, especializada na concepção de produtos informáticos, tem de andar de olho no pessoal, porque, como toda a gente sabe, “com o patrão fora, é dia santo para o servidor...
No auge das novas tecnologias, dos viciados na Internet de alta lentidade e nos jogos estupidificativos, Brrémaud, Reynès e Toulon apresentam A banda desenhada para animar o sistema. Com Os Informáticos, as gargalhadas são garantidas (CTRL + G).

Os Bombeiros
Cazenove e Stédo
Apetece-lhe incendiar as preocupações do seu dia-a-dia? Precisa urgentemente de piadas escaldantes? Não precisa de ligar para o 112: “Os Bombeiros” de Cazenove e Stédo estão já ao seu alcance!
Os nossos heróis não hesitam em aventurar-se até ao topo de escada do humor e em correr os riscos mais absurdos para o salvar do tédio.
Sempre prontos a circunscrever o pessimismo, os bombeiros não hesitam em usar o prestígio que o seu uniforme lhes confere para engatarem miúdas nas discotecas... ou usarem a mangueira para fazer hidromassagens!
Para que estes bombeiros entrem na nossa vida, quase estamos dispostos a tornar-nos piromaníacos! Mas não é preciso ir tão longe: basta entrar numa livraria para que “Os Bombeiros” de Cazenove e Stédo provoquem ardentes gargalhadas, impossíveis de apagar!
E não esqueçam: uma notícia como esta tem de ser bem regada!

Os Comerciais
Bloz, Plumeri e Boitelle
De olho vivo, cabelo brilhante, fato engomado e gravata bem apertada, os nossos amigos comerciais, preparam-se para lhe oferecer uma série de piadas a preços competitivos.
O jovem Bernardo Maçarico, acabadinho de sair da faculdade, inicia a dura aprendizagem das vendas porta a porta. Entretanto, Chico Valetudo, o seu mentor, vende facilmente aos chineses uma dúzia de aviões... Gina, a boazona, consegue que os clientes assinem um contrato chorudo sem sequer verem a mercadoria... Quanto ao pobre Inocêncio, faz figura de parvo ao tentar vender um pente a um careca... Mas de facto, na Globarep, vende-se tudo o que se compra!
Como já deve ter percebido, com os comerciais, de Bloz, Plumeri & Boitelle, o stock de piadas nunca se esgota!

Os Chuis
Jenfevre, Sulpice e Cazenove
Com uma enorme propensão para “flagrantes delitos”, os “Chuis” de Jenfevre, Sulpice e Cazenove invadiram a cidade e você não tem qualquer hipótese de lhes escapar!
Quer se trate de polícia a pé, a cavalo ou de bicicleta, os gags que lhe apresentamos ao longo destas páginas vão provocar-lhe sonoras gargalhadas.
Atenção aos radares, aos testes de alcoolemia, às multas… os Chuis andam por aí e nada os poderá deter.
P.S.: Se é “Chui”, não se preocupe: nem mesmo você vai conseguir ficar insensível ao humor dos autores.

Bizâncio
Dustin: O Com-Abrigo
Steve Kelley (argumento) e Jeff Parker (desenho)
Numa idade em que muitos jovens se preparam para dar início à sua carreira, Dustin Kudlick vive ainda com os pais e a irmã mais nova. Aos 23 anos, é solteiro, desempregado, e… qual é o problema? Dustin aguarda que um dos seus múltiplos talentos naturais se revele lucrativo. Será a stand-up comedy? Leva-lo-á a sua destreza ainda-não-concretizada no golfe até ao circuito profissional? Ou, quem sabe, bastar-lhe-á patentear uma das suas invenções e esperar que os direitos comecem a pingar? Entretanto, Dustin é encaminhado para trabalhos temporários na Turbo Temps, uma agência de emprego dirigida por Simone Fontenot, uma empresária que gosta de ter Dustin por perto, fundamentalmente, para o usar como saco de boxe para o seu humor ácido. Talvez um dia Dustin cresça. Até que esse dia chegue, porém, Dustin é uma excelente razão para continuarmos a rir com as suas aventuras!

Roche Farmacêutica
O que se passa com a Leonor?
Chilman-Blair (argumento) e deLoache (desenho)
No âmbito do Dia Internacional das Doenças Reumáticas, a que se assinala a 12 de Outubro, a Roche Farmacêutica apresenta uma obra inédita em Portugal. O livro de banda desenhada intitulado: “O que se passa com a Leonor?” aborda, numa linguagem simples, apelativa e cientificamente validada, a artrite idiopática juvenil, avança a companhia, em comunicado de imprensa.
A obra, criada pela “Medikidz”, uma instituição inglesa especializada na realização de livros infantis sobre saúde, mostra as aventuras de cinco super-heróis da “Mediland”, um planeta com a forma do corpo humano. Com um vocabulário acessível e estabelecendo analogias com situações do dia-a-dia, estas personagens vão explicando, de uma forma divertida, diferentes particularidades da doença como sintomas, diagnóstico e tratamento.
Em Portugal, a obra conta com a revisão científica de José Melo Gomes, médico reumatologista do Instituto Português de Reumatologia e Presidente da Direcção da ANDAI, que considera que “uma imagem vale mais que mil palavras e no caso desta obra são as imagens que mais contribuem para o esclarecimento dos mais novos (e também dos pais) sobre o que é a artrite idiopática juvenil, que afecta cerca de 1 em cada 1000 jovens de idade inferior a 16 anos em Portugal. O aspecto gráfico apelativo, associado a uma mensagem cientificamente validada trazem valor acrescentado para a educação para a saúde dos doentes com AIJ e suas famílias”.
Os livros serão distribuídos gratuitamente, no âmbito da política de responsabilidade social da Roche, aos doentes e familiares através dos médicos especialistas e da Associação Nacional de Doentes com Artrites e outros Reumatismos da Infância (ANDAI), a partir do dia 12 de Outubro.

Liga Portuguesa Contra o Cancro
A Liga dos 4
O estranho caso das 3 professoras
Festival de Verão em risco
Maria Inês Almeida (argumento) e Pedro Afonso (desenho)
Num projecto inovador, a Liga Portuguesa Contra o Cancro lança uma colecção de livros juvenis de banda desenhada “A Liga dos 4”. Os primeiros dois números pretendem sensibilizar os jovens para os temas do Cancro do Colo do Útero e do Cancro da Mama e integram-se nas actividades de comemoração dos 70 anos da Liga. Esta iniciativa da Liga conta com o apoio da Sanofi Pasteur MSD.
«A Liga dos 4» conta a história de quatro amigos que frequentam a mesma escola - André, Margarida, Pedro e Rita - e se vêm confrontados com histórias próximas de pessoas com diferentes tipos de cancro. Ao mesmo tempo didática e recreativa, esta coleção pretende alertar os mais jovens para doenças que poderão vir a viver, ajudá-los a compreender cada problemática e dar-lhes a conhecer as formas de prevenção e de diagnóstico precoce.
Segundo o Presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro, Professor Doutor Carlos de Oliveira “o lançamento destas duas edições prende-se com a necessidade de consciencializar, informar e alertar os adolescentes para a prevenção do cancro e para uma maior compreensão dos doentes e seus familiares. Assim, procuramos contribuir para o seu conhecimento geral enquanto cidadãos informados no que respeita à sua saúde e à de quem os rodeia”.
O objectivo da Liga é preparar os adolescentes e dotá-los de um conhecimento prático para que se sintam à vontade para falar ou procurar mais informação útil a respeito destas doenças, com as quais nem sempre é fácil lidar.

(Textos da responsabiliadde das editoras)

07/11/2011

1001 Comics You Must Read Before You Die

Paul Gravett (coordenação)Terry Gilliam (prefácio)
Universe/Cassell (EUA/Inglaterra, Outubro de 2011)
$36.95/£20.00

Lançado nos Estados Unidos no início de Outubro, 1001 Comics You Must Read Before You Die (algo como 1001 bandas desenhadas que deve ler antes de morrer) é uma lista de obras aos quadradinhos fundamentais, compilada pelo especialista britânico Paul Gravett, e que inclui uma criação portuguesa: “O diário de K”, de Filipe Abranches.
Obra a preto e branco, lançada pela Polvo em 2001, “O diário de K.” é uma adaptação livre de “A morte do palhaço”, de Raul Brandão, desenvolvida por Filipe Abranches ao abrigo de uma Bolsa de Criação Literária, na categoria de BD, atribuída pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas e do Ministério da Cultura.
Se esta é a única obra portuguesa presente no volume com quase 1000 páginas, a participação lusa contou com a consultoria de dois especialistas, Domingos Isabelinho e Pedro Moura, responsáveis por alguns dos textos que apresentam cada uma das obras seleccionadas.
Este último referiu ao JN ter “participado “no processo de propostas numa fase tardia, pelo que as escolhas estavam já quase fechadas”.
Dos 10 títulos nacionais que entendeu “como "indispensáveis" num contexto de conhecimento mundial, tendo em conta a ausência da sua tradução, a periferia a que pertencemos, a política de géneros mais generalizada, e o estado da arte contemporânea” apenas restou “O Diário de K.” que na sua óptica “é um título inteligente, adulto, contemporâneo e que ficará bem em estantes internacionais” assim possa haver uma tradução.
Pedro Moura considera ainda que 1001 títulos são “já em si uma boa escolha, que não pretende ser nem fechada nem absoluta”. E mesmo admitindo que possam faltar “outros 1001”, considera não haver nenhum “capítulo inteiro ausente de forma gritante”.

Descrito por Gravett como uma “tentativa de fazer uma abordagem histórica aos melhores ou mais significativos títulos do género”, 1001 Comic You Must Read Before You Die, que tem introdução de Terry Gilliam, não pretende de forma alguma criar uma listagem definitiva ou absoluta num meio “tão internacionalizado e em constante fluxo”.

As 1001 bandas desenhadas escolhidas – que, de forma estranha, inclui obras únicas, como Maus, Persépolis ou Palestina, títulos individuais de algumas histórias de Astérix, Batman, Corto Maltese ou Tintin, e séries no seu todo, como acontece com Alix, The Spirit ou o Superman de Siegel e Schuster – cobrem um período de 174 anos, começando com o precursor “Les aventures de Monsieur Vieuxbois”, do suíço Rodolphe Töpffer, de 1837 e concluindo com cinco títulos editados já este ano. Embora haja uma maior presença de títulos mais recentes – 214 são da primeira década deste século, 191 da década de 1990 e 152 da década imediatamente anterior – clássicos como Popeye, Krazy Kat, Dick Tracy ou Príncipe Valente não foram esquecidos estando incluídos nesta selecção que abrange as mais díspares temáticas, do biográfico ao western, do humor ao erótico, da BD infantil ao romance, do underground aos super-heróis.

E se Portugal está representado por apenas um título, tal como o Quénia e a Malásia (!), dada a origem do projecto não surpreenderá ninguém que os Estados Unidos sejam o país com maior representação (385 títulos), seguidos de Japão (149), França (123), Inglaterra (80) e Bélgica (63), sendo no total 41 os países contemplados. No entanto, os portugueses encontrarão outros títulos bem familiares, como a Turma da Mônica e Tex distribuídos mensalmente nos nossos quiosques, Cuto, que fez as delícias da geração que leu o Mosquito, ou séries nipónicas mais actuais como Dragon Ball ou Naruto, preferidas das novas gerações.

A reter
- Este livro representa apenas uma selecção. Que, como todas as selecções, vale o que vale. Pode valer mais – vale com certeza - pela reconhecida competência de quem a encabeçou e pela grande quantidade de títulos seleccionados. O que me leva ao ponto seguinte:
- 1001 bandas desenhadas são muitas bandas desenhadas!
- Uma análise breve aos títulos seleccionados, confirmou algo que já sabia: ainda tenho muita BD para ler! Mesmo que tenha lido (nalguns casos só parcialmente) cerca de quatro centenas dos títulos/séries seleccionadas. O próprio Paul Gravett confessa não as ter lido todas – O diário de K é, possivelmente, uma das suas falhas – embora justifique o facto pelo medo de morrer após concluir a leitura das 1001 BD!

Menos conseguido
- A confusão entre episódios e séries integrais, que me parece difícil de justificar, nomeadamente no que diz respeito à banda desenhada europeia.

Desafio
Como disse atrás, li total ou parcialmente cerca de 400 das obras incluídas neste livro. E os leitores deste texto, quantas conhecem? Confiram na lista que está já a seguir e deixem a resposta em forma de comentário.

1001 Comics You Must Read Before You Die
- As obras
- Os autores
- Por países
- Por ano
Por temáticas

(versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 25 de Outubro de 2011)

05/11/2011

AmadoraBD 2011 (IV)

5 e 6 de Novembro
Balanço

Chega ao fim este fim-de-semana o AmadoraBD. Como todos os anos, são mais as críticas do que os elogios, pois a natureza humana está sempre mais predisposta para aqueles. O que não quer dizer que muitas delas não sejam justas.
Pessoalmente, confesso que o facto de este ano ter estado mais próximo da organização, como comissário de uma exposição – a par da leitura da entrevista ao vereador da Cultura da C.M. Amadora, António Moreira, publicada no BDJornal #28 – me ajudou a perceber algumas das condicionantes que o festival tem que, se não justificam tudo, explicam algumas coisas.
Desde logo a necessidade de o projecto de arquitectura do Fórum Luís de Camões – este ano mais funcional e melhor sinalizado - ter de estar pronto em Janeiro, muito antes de estarem definidas as exposições…
Depois, o facto de o orçamento ser aprovado apenas em Julho, o que condiciona enormemente a programação e a sua divulgação, em especial, a possibilidade de ter grandes nomes da BD como convidados, daqueles que chamam fãs e o grande público e provocam as grandes enchentes que o festival já teve. Como contrapartida surgem no festival autores pouco ou nada conhecidos, sem exposição e sem livros à venda, condenados a passar despercebidos ou a desenhar em folhas soltas de papel.
Os aspectos atrás citados são burocráticos, chamemos-lhe assim, mas devem ser repensados, sob pena de a continuidade do festival ser colocada em risco.

Recorrentemente, tem surgido a ideia de que o festival poderia ser melhor se durasse apenas 4 ou 5 dias em lugar de três fins-de-semana. Se para mim, que moro em V. N. Gaia e normalmente só vou uma vez à Amadora, seria melhor, percebo perfeitamente a necessidade da autarquia rentabilizar o (grande) esforço financeiro feito. Quer prolongando no tempo o evento – e, dessa forma, o seu mediatismo – quer aproveitando-o para levar lá os alunos das escolas locais.
Além disso, a BD não tem em Portugal - em termos culturais e financeiros - o peso que tem nos países francófonos, nos EUA ou mesmo em Espanha, pelo que estas diferentes realidades dificilmente são comparáveis. E o mesmo se aplica aos modelos.
Questões semelhantes justificam a dispersão do festival pela cidade da Amadora, no aproveitamento e ocupação (durante algumas semanas ou meses…) de espaços camarários, possivelmente sem custos directos. A verdade, no entanto, é que, devido à distância entre elas a maioria dos visitantes passa ao lado dessas mostras. E, este ano, exposições como as de Relvas ou José Pires, mereciam ter mais público (digo eu, que não tive hipótese de as visitar…)

Em termos de exposições, cujo bom nível deve ser salientado, regista-se mais uma vez a ausência de autores ligados ao manga e aos super-heróis – e não têm de ser japoneses ou norte-americanos, podem ser europeus… - por ser lacuna grave e por serem passíveis de contribuir para a renovação geracional dos visitantes do AmadoraBD.
Isto não invalida o interesse das que foram apresentadas, onde me apraz destacar as dedicadas a Filipe Melo (enquanto argumentista…), Filipe Andrade, a solo e com Filipe Pina, Rui Lacas, Carlos Roque (relativamente simples mas bastante abrangente), Nelson Martins ou David Soares/Pedro Serpa…
A estas, há que acrescentar a mostra central, uma proposta de leitura – uma das possíveis – feita por Osvaldo Macedo de Sousa acerca do papel do humor nos quadradinhos ao longo da sua história, onde, a par do aspecto didáctico foi possível encontrar originais bem interessantes.
Originais também presentes na dedicada aos 60 anos dos Peanuts, embora em número reduzido, com a agravante, aqui, da (aparente) falta de parte dos painéis previstos…

Voltando à questão arquitectural - que compensou bem a redução do número de exposições a que o corte de um terço do orçamento obrigou - penso que as mostras do piso inferior continuam a ter alguma falta de visibilidade, pela colocação da feira logo no início. Quanto à zona dos autógrafos, se este ano esteve melhor do que em anos recentes, pecou por “encerrar” os autores longe da vista de quem pass(e)ava. Já agora, porque não criar um espaço único mais aberto, de venda e autógrafos, em que os autores assinem junto das bancas que têm os seus livros, potenciando um e outro aspecto?
Podendo ser questão de pormenor para a generalidade dos visitantes, há que saudar o facto de este ano o programa e o catálogo estarem disponíveis desde o início do festival. O que prova que tal é possível.
Em termos de edições, penso que continua a faltar a publicação autónoma dos premiados do concurso e de outros trabalhos que o júri ache relevantes, mesmo que numa edição sem luxos nem manias de grandeza. Porque a BD – toda a BD – antes do mais é para ser lida.
Ainda em termos editoriais, este ano o AmadoraBD – mais uma vez – fica marcado pelo bom número de lançamentos nacionais, sendo incontornável o sucesso – a vários níveis – do lançamento de “As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse”. E num aparte, quero frisar a importância da acção dos autores neste particular, substituindo-se à editora, sim, mas “fazendo pela vida” – algo que muitas vezes tem faltado na BD nacional. O que também ajuda a explicar aquele sucesso.

Mais poderia ser dito, sem dúvida, mas penso que foquei os aspectos mais relevantes.
Com o pano a cair sobre a 22º Festival de BD da Amadora, fica a proposta de uma visita
hoje e/ou amanhã – o que, claro está, recomendo – e o programa previsto para estes dois dias.

AUDITÓRIO
Sábado, 5 de Novembro
16 h
Apresentação de “É de Noite Que Faço as Perguntas” (Edições Saída de Emergência), com David Soares (argumento), e os desenhadores Jorge Coelho, André Coelho, João Maio Pinto e Daniel Silvestre da Silva
18 h
Apresentação de “Mahou na Origem da Magia” (Edições ASA), com Hugo Teixeira (desenho) e Vidazinha (argumento) e Pedro Mota
Domingo, 6 de Novembro
16 h
Lançamento informal de “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy” pela Dark Horse, seguido de visita à exposição, com Filipe Melo (argumento), Juan Cavia (desenho) e Santiago Villa (cor) e Pedro Mota
AUTÓGRAFOS
Sábado, 5 de Novembro
15h
André Coelho
Daniel Silvestre da Silva
David Soares
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
João Maio Pinto
Jorge Coelho
José Ruy
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Victor Mesquita
Vidazinha
Yara Kono

16h
António Gomes dAlmeida
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
José Ruy
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Victor Mesquita
Vidazinha
Yara Kono

17h
António Gomes dAlmeida
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
GEvan…
Hugo Teixeira
José Ruy
Mário Freitas
Nuno Duarte
Nuno Saraiva
Osvaldo Medina
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Victor Mesquita
Vidazinha

18h
Carlos Pedro
Fernando Dordio
Geral & Derradé
GEvan…
José Ruy
Mário Freitas
Nuno Duarte
Nuno Saraiva
Osvaldo Medina
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Victor Mesquita

Domingo, 6 de Novembro
15h
André Coelho
Daniel Silvestre da Silva
David Soares
Filipe Melo
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
João Maio Pinto
João Mascarenhas
Jorge Coelho
Juan Cavia
Maria João Worm
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Santiago Villa
Victor Mesquita
Vidazinha

16h
André Coelho
António Gomes dAlmeida
Daniel Silvestre da Silva
David Soares
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
João Maio Pinto
João Mascarenhas
Jorge Coelho
Maria João Worm
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Victor Mesquita
Vidazinha

17h
António Gomes dAlmeida
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
Filipe Melo
GEvan…
Hugo Teixeira
Juan Cavia
Mário Freitas
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Pedro Serpa
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Santiago Villa
Vidazinha

18h
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
Filipe Melo
Geral & Derradé
GEvan…
Hugo Teixeira
Juan Cavia
Mário Freitas
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Pedro Serpa
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Santiago Villa
Vidazinha

04/11/2011

BD e ilustração na Mundo Fantasma

Lançamento de As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse

O livro de banda desenhada “As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse”, editado pela Tinta-da-china, vai ser apresentado hoje no Porto, às 18h na FNAC de Santa Catarina, e às 19h30 na Livraria Mundo Fantasma, no Centro Comercial Brasília, à Rotunda da Boavista, no Porto, com a presença dos respectivos autores: o português Filipe Melo (argumento) e os argentinos Juan Cavia (desenho) e Santiago Villa (cor).
Se no primeiro volume, que teve 3 edições, o lobisomen Dog Mendonça, o atendedor de call-center PizzaBoy, o demónio Pazuul e Edgar Agostinho, a gárgula falante, evitaram o fim do mundo planeado por nazis no subsolo de Lisboa, desta vez têm de evitar o Apocalipse bíblico, contando com a ajuda da Virgem Maria.
Trata-se de um relato divertido e repleto de acção, que tem prefácio do cineasta George Romero, a quem Filipe Melo pediu “emprestados” os zombies que surgem no livro, uma das muitas referências à cultura pop (cinematográfica, musical, televisiva e da própria BD) nele inscritas. Em relação ao primeiro tomo é notório o refinamento da escrita e a melhoria em termos de traço e de cor, qualidades que levaram a editora norte-americana Dark Horse Comics a encomendar uma história original aos autores, actualmente em publicação na revista Dark Horse Previews.

Exposição de José Manuel Saraiva: Divagando entre as palavras
Data: 5 de Novembro a 4 de Dezembro de 2011
Local: Galeria Mundo Fantasma, loja 509/510, Centro Comercial Brasília, Avenida da Boavista, 267, Porto
Horário: de 2ª a sábado, das 10h às 20h: Domingos e feriados, das 15h às 19h

Entretanto, amanhã, sábado, às 17 horas, também na Mundo Fantasma, será inaugurada a exposição “Divagando entre as palavras”, que reúne as ilustrações feitas por José Manuel Saraiva para um livro com poemas de Cesário Verde, publicado pela Faktoria K de Livros.
A mostra, que está patente até 4 de Dezembro, desvenda parte do processo criativo seguido pelo ilustrador, natural do Porto e professor na Escola Superior de Artes e Design, para captar graficamente a extraordinária plasticidade poética de Cesário Verde.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 4 de Novembro de 2011)

03/11/2011

Charlie Hebdo sofre atentado

As instalações da revista satírica francesa Charlie Hebdo foram destruídas anteontem de madrugada por um incêndio causado por um cocktail Molotov, previsivelmente lançado por fundamentalistas islâmicos. O atentado, que surge na sequência das ameaças que a publicação tinha recebido nos últimos dias, não foi reivindicado e terá sido a resposta ao número 1011 da revista, ontem posto à venda em França, que trazia na capa uma imagem do profeta Maomé, “convidado” para dirigir esse número, intitulado “Charia Hebdo”, a propósito da vitória do partido islamita Ennahda nas recentes eleições tunisinas.
Na caricatura, o profeta ameaça dar “100 chicotadas a quem não morrer de riso”. No miolo da publicação, a par das suas rubricas habituais, há diversos desenhos e artigos que têm os fanáticos religiosos como alvo e um editorial assinado por um tal “Mohamed Rassoul Allah” cujo e-mail é leprophete@charliehebdo.fr...
Os dois andares do edifício, recentemente ocupados pela publicação, ficaram completamente destruídos, o mesmo tendo acontecido com todo o equipamento informático. Ao mesmo tempo o site da revista era vítima de pirataria informática, sendo substituído por uma mensagem integrista islâmica.
As primeiras notícias indicam, no entanto, que a sobrevivência da revista não está em causa, uma vez que os seus arquivos em papel e digitais estavam noutro local. Entretanto, já diversos jornais franceses ofereceram as suas instalações para alojarem provisoriamente a “Charlie Hebdo” tendo o presidente da câmara de Paris feito uma proposta no mesmo sentido.
Durante a manhã de ontem os diversos colaboradores da revista, visivelmente abalados, foram passando pelo local. Charb, o desenhador que dirige a revista afirmou que os “autores do atentado não são verdadeiros muçulmanos”, acrescentando que o incêndio serve “os interesses da Frente Nacional” (partido de extrema-direita francês). E, com algum humor, acrescentou: “Nós combatemos os integristas com desenhos, textos e papel… e o papel arde bem.” Na mesma linha, Luz, autor do desenho de Maomé, ironizou: “A primeira vez que um islamista se serve de um cocktail, é para enfiá-lo pela nossa garganta abaixo”.
Entre as primeiras reacções ao sucedido contam-se as de Dominique Sopo, presidente do SOS Racisme, que afirmou : “A democracia é o direito à blasfémia. Os que cometeram este atentado são inimigos da democracia. Isto foi um auto de fé de que a Charlie Hebdo foi vítima”.
Entretanto, o primeiro efeito do atentado foi uma corrida aos quiosques, tendo a “Charia Hebdo” esgotado em poucos minutos em muitos pontos de venda. Uma situação similar à que se passou quando a “Charlie Hebdo” publicou as caricaturas dinamarquesas do mesmo profeta Maomé, em 2005, num número cujas vendas ultrapassaram os 400 mil exemplares. O que será sem dúvida um balão de oxigénio para a revista, que desde há alguns meses está a ultrapassar problemas financeiros.
A revista “Charlie Hebdo” existe desde 1970, tendo sido criada por Georges Bernier e François Cavanna, uma semana após a proibição pelo governo francês da “Hara-Kiri Hebdo”, nascida dois anos antes, na sequência dos ventos de mudança introduzidos pelas manifestações de Maio de 1968, mantendo a mesma linha satírica, contundente e incómoda, que não poupa ninguém nem respeita qualquer tabu.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 3 de Novembro de 2011)

02/11/2011

Monica’s gang

Mónica y su Pandilla
Maurício de Sousa Produções (argumento e desenho)
Panini Comics (Brasil, Setembro de 2009)
135x190 mm, 68 p., cor, revista mensal
1,50€ / R$ 3,20

A Turma da Mônica, para além da óbvia componente de diversão, desde há muito está associada a preocupações educativas. Não só com a participação das suas personagens (e do seu autor!) em campanhas institucionais, brasileiras e internacionais - sobre educação, vacinação, alimentação, prevenção, etc. – mas também através dos ensinamentos e valores explícitos nas suas histórias aos quadradinhos e na forma como interagem e se relacionam os seus diferentes membros.
Em meados de Outubro, chegaram às bancas portuguesas as versões inglesa - Monica’s gang - e espanhola - Mónica y su Pandilla – que são mais dois vectores dessa vocação educativa.
Na sua origem, estão duas preocupações: chegar a falantes daqueles idiomas residentes no Brasil e iniciar os leitores mais pequenos em duas línguas cada vez mais fundamentais no mundo actual.
A mudança, em relação às edições originais, é só uma: os nomes dos protagonistas. Por isso, em vez de Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Penadinho ou Bidú, em inglês, descobrimos Monica, Jimmy Five (que troca os “rr” por “ww”), Smudge, Maggy, Bug-a-Booo ou Blu, e, em espanhol, encontramos Mónica, Cebollita, Cascarón, Magáli, Penadito e Bidú… Quanto ao resto, se é verdade que alguns trocadilhos se perdem, a boa disposição e o humor continuam os mesmos, mostrando a intemporalidade e a universalidade da criação de Maurício de Sousa.
Estas duas revistas, agora disponíveis entre nós, poderão até, em muitos casos, ser melhor porta de entrada para esse universo que tem entretido e formado gerações de leitores, do que as edições originais no (estranho) brasileiro que, apesar do (triste e ilusório) Acordo Ortográfico, muitas vezes as novas gerações (já) não entendem nem acompanham…

01/11/2011

Tintin por... (II)

Nelson Martins
Miguel Rocha

As Melhores Leituras

Outubro 2011

Mágico Vento #106 – Confronto final (Mythos Editora),
de Manfredi (argumento) e Siniscalchi (desenho)

de Bryan Lee O’Malley (argumento e desenho)

de Hergé (argumento e desenho)

Portugal (Dupuis), de Cyril Pedrosa (argumento e desenho)

J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga #77 - Ameaça em domicílio (Mythos Editora), de Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento) e Enio (desenho)

de Dupa (argumento e desenho)

Les Ignorants (Futuropolis),
de Étienne Davodeau (argumento e desenho)

o pEQUENO dEUS CEGO (Kingpin Books),
de David Soares (argumento) e Pedro Serpa (desenho)

Dragon Ball #13 – Son Goku contra-ataca (Edições ASA),
de Akira Toriyama (argumento e desenho)

As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse (Tinta da China), de Filipe Melo (argumento), Juan Cavia (desenho), Santiago Villa (cor) e Martin Tejada (adaptação sequencial)
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