Jaime Cortez Martins nasceu em Lisboa, a 8 de Setembro de 1926. Depois de curtas investidas nas histórias aos quadradinhos no Pim-Pam-Pum!, suplemento de O Século, em 1941, estreou-se no Mosquito em 1943 com “Uma Estranha Aventura”. Naquele jornal infantil, que marcou uma época e várias gerações, publicaria mais uma mão cheia de bandas desenhadas, com incursões no fantástico, no western e na ficção-científica, entre as quais “Os 2 amigos na cidade dos monstros marinhos” e “Os Espíritos assassinos”. Comum a todas elas era o protagonismo entregue a miúdos – inspirados nos seus amigos do Bairro Alto –, o realismo do traço baseado em modelos vivos e o grande dinamismo das histórias cujo argumento também assinava.
Em 1947, partia para o Brasil, em busca de melhores oportunidades e do sonho da quadricromia. Para ultrapassar as dificuldades, Cortez foi jornalista, ilustrador, cartoonista, autor, professor e autor de livros sobre ilustração e histórias aos quadradinhos, director de Arte dos Estúdios Maurício de Sousa e fez parte da organização da “Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos”, que teve lugar em São Paulo, em 1951, e ficou como primeiro evento de género realizado em todo o mundo.
Tendo adoptado a nacionalidade brasileira em 1957, é considerado um dos grandes mestres dos quadradinhos do Brasil, onde, entre outras, criou “O retrato do mal” ou “Zodíaco”. Distinguido com o troféu Caran d’Ache, pelo Festival de Banda Desenhada e Cinema de Animação de Lucca (Itália), na categoria Uma vida dedicada à Banda Desenhada, Jayme Cortez viria a falecer a 4 de Julho de 1987, em São Paulo.
O blog, disponível desde há poucas semanas, é actualizado diariamente e destaca-se pela divulgação de documentos inéditos ou pouco conhecidos, que podem ser divididos em dois grandes grupos. Por um lado, os que estão relacionados com a sua vida pessoal: fotos de várias épocas, em que se destacam aquelas em que surge com autores de renome mundial como Stan Lee ou Maurício de Sousa, ficheiros de áudio ou vídeo com entrevistas.
A par deles, uma vez que o blog pretende ser essen-cialmente visual, com os textos reduzido ao mínimo indispensável, surgem as reproduções de aspectos diversos da sua obra multifacetada, dividida entre a banda desenhada, a ilustração, a publicidade, a televisão e o cinema. Em muitos casos – capas de livros, ilustrações, desenhos publicitários, pranchas de BD - são mostradas as várias fases do seu labor criativo, desde os primeiros estudos até ao desenho definitivo e posterior aplicação da cor. São igualmente referidas algumas curiosidades, como o facto de ter sido Cortez a desenhar a capa do nº 1 da revista de Bidu, um dos primeiros heróis de Maurício de Sousa.
Os autores do blog, que o actualizam diariamente, solicitam a colaboração de todos os que possuam documentos ou publicações relacionados com Cortez, pois a intenção é que ele se transforme se num autêntico museu virtual.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 26 de Maio de 2011)