“Sinto-me fascinado pelas cidades cheias de
história”
A edição em Junho próximo, na revista Dampyr #147,
da história “Tributo di sangue”, que traz aquele herói da Sergio
Bonelli Editore de novo a terras portuguesas, foi o pretexto para uma pequena
conversa com o seu desenhador, o italiano Maurizio Dotti.
As
Leituras do Pedro - De que trata esta história de Dampyr?
Maurizio
Dotti - A trama, ambientada entre a
cidade do Porto, Vila Nova de Gaia e Miranda do Douro, começa com a aparição de
um fantasma inquieto, testemunha de um terrível passado distante, do século
XVI, feito de inquisição e minoria judaica, que aparece à boquiaberta e
sensitiva Maud Nightingale, que fica bastante curiosa. Na tentativa de
descobrir quem é a pessoa que se esconde por trás da aparição fantasmagórica,
os nossos heróis conhecerão a terrível verdade ligada a Torke e aos seus
truculentos rituais antropofágicos que, como uma aura de morte, paira sobre uma
importante e antiga cave vinícola. É o que eu posso dizer, o resto é um
mistério.
ALP
– Conhece as cidades de Porto e Vila Nova de Gaia?
MD - Não! Infelizmente nunca tive o prazer de visitá-las, mas pelo que as
fotos me mostraram, são certamente cidades belíssimas.
ALP
- Que documentação utilizou para as retratar na BD?
MD - Eu recebi do óptimo Giovanni Eccher uma grande quantidade de imagens
realmente muito bonitas, escolhidas com o gosto formal de um realizador de um
filme, coisa que afinal ele é.
ALP
- Quais as maiores dificuldades que enfrentou para a desenhar?
MD - Uma dificuldade é a de tornar os lugares e itinerários reconhecíveis.
Nem sempre as fotos, por mais bonitas que sejam, mostram com clareza o que se
deve desenhar. Eu tenho uma certa dificuldade em realizar graficamente as
figuras fantásticas, por isso sou sempre muito crítico e hesitante, quando
tenho de as fazer.
ALP
- Que relação existe na história entre os produtores de vinho e os
extraterrestres?
MD - Mais que de extraterrestres, eu falaria de figuras evanescentes,
aparições fantasmagóricas. De todo modo, eu não posso responder a essa
pergunta, seria como revelar quem é o assassino num romance policial, não acha?
ALP
- Que outra cidade portuguesa gostaria de desenhar?
MD - Certamente Lisboa. Eu creio que ali há
muitos lugares interessantes para reproduzir. Eu sinto-me fascinado pelas
cidades cheias de história. Eu tive a oportunidade de visitar muitas delas no
meu distante passado de actor teatral andarilho e, naquelas ocasiões, eu
gostava de captar os melhores ângulos com papel e aquarela. Odeio desenhar as
cidades modernas: eu sou um verdadeiro dinossauro!
Esta
entrevista não teria sido possível sem a inestimável colaboração de José Carlos
Pereira Francisco, para o contacto com o autor e a Sergio Bonelli Editore, e de
Julio Schneider, para a tradução das questões e das respectivas respostas. A
ambos o meu muito obrigado.
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