Eric Borg (argumento)
P-H Gomont (desenho)
Casterman/KSTR (França, Agosto de 2012)
190 x 277 mm, 128 p., cor, cartonado
16 €
Resumo
Concretizando um reencontro há muito marcado, algures numa
vilazinha perdida na França profunda, Théo e Clara evocam recordações e
preparam uma vingança que esperou muitos anos.
Desenvolvimento
Théo e Clara são as personagens centrais deste romance negro
desenhado. Claramente desequilibrados, marcados pela vida e disfuncionais,
desde o início deixam o leitor em dúvida sobre os laços que os unem.
O reencontro, após a saída de Théo da prisão, é atípico,
parecendo mais forte o seu objectivo do que propriamente o reatar da relação.
Com uma introdução (relativamente) longa e alguns saltos ao
passado que nos ajudam a compreender – ou pelo menos a aceitar – os
comportamentos errantes e anti-sociais de Théo e Clara e porque regressam a uma
terra marcada pelo abandono, que os esqueceu – ou quis esquecer? – a história,
apesar de um certo tom depressivo, acaba
por prender o leitor, pelas dúvidas quanto à forma como vai evoluir.
Aos poucos – também com a entrada em cena de um gang local
que não hesita em utilizar meios extremos para se impor - o ritmo vai
crescendo, os acontecimentos precipitam-se e a violência explode, de forma
amoral, explícita mas nem sempre justificada, conduzindo o leitor para um final
inesperado, cru e chocante, que obriga a uma segunda leitura à luz das
revelações entretanto feitas, mas que não esconde algumas insuficiências no
argumento que deixa algumas pontas por atar.
Sem deslumbrar, o traço anguloso e propositadamente pouco
preciso de Gomont revela-se de uma grande agilidade e bastante expressivo, o
que ajuda a dar consistência ao todo.
A reter
- A paleta cromática utilizada, voluntariamente limitada
tons frios – mesmo quando impera o vermelho do sangue – que define o tom das
cenas.
- A eficácia narrativa do traço de Gomont apesar de algumas
limitações.
- O desfecho surpresa e o retrato convincente do casal que
protagoniza Crematorium.
Menos conseguido
- Algumas oscilações de ritmo e algumas indefinições na
narrativa, que complicam um pouco a vida ao leitor.
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