A 14 de
Janeiro de 1863 nascia Richard Felton Outcault que estava destinado a ser o
criador da primeira banda desenhada da história, “The Yellow Kid”.
Não o sabia
quando nasceu, nem o soube durante a sua vida, que terminou cedo, aos 55 anos,
a 25 de Setembro de 1928.
Na
realidade, essa escolha só seria feita bastante mais tarde, em 1988, em Lucca,
na Itália, quando um painel de especialistas mundiais em BD – que incluía o
português Vasco Granja – fez coincidir a nascença desta arte com a publicação do
painel de “The Yellow Kid” de 18 de Outubro de 1896.
Apesar da
existência de exemplos anteriores de histórias aos quadradinhos, da autoria de pioneiros
como o suíço Rudolphe Toppfer (cujas primeiras obras datam de 1827!) e também do
português Raphael Bordallo Pinheiro, foram apontadas três razões principais
para aquela decisão: a utilização regular da personagem, a introdução de balões
de fala (que eram escritas na larga camisola que o protagonista vestia) e a sua
divulgação em larga escala, uma vez que era publicado no jornal “New York
World”, de Joseph Pulitzer. A proximidade do (mediático) centenário da data
escolhida, também não terá sido indiferente para a decisão tomada.
Nascido em
1895, como série de cartoons intitulados “Hogan’s Alley”, “The Yellow Kid”
(nome devido à camisola amarela do rapaz careca que protagonizava a série)
duraria até 1898.
O seu
autor, que frequentara a MacMicken University de Cincinnati e, após se formar,
trabalhara para Thomas Edison, o inventor da lâmpada eléctrica, dedicou grande
parte da vida ao desenho, tendo ficado mais famoso no seu tempo pela criação de
“Buster Brown”, uma verdadeira banda desenhada, que escreveu e desenhou no “New
York Herald” a partir de 1902.
Crónica de
tom social, tinha como figura principal um menino rico mimado, autor de grandes
partidas e tropelias com o seu buldogue. Após três anos bem-sucedidos, o
magnata William Randolph Hearst contratou Outcault, que levou Buster Brown
consigo para o “New Yorker Journal”, apesar da BD ter continuado em publicação
no jornal de Pulitzer. O sucesso, que se prolongaria até 1921 e levaria mesmo à
sua adaptação em cinema mudo, levou Outcault a desenvolver uma linha de
merchandising baseada na sua criação que o tornou rico e o levou a abandonar a
BD.
(Versão revista do texto que publiquei no Jornal de Notícias
de 14 de Janeiro de 2013)
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