Topedro
Ar.Ed (Portugal, Dezembro de 2012)
150 x 230 mm, 100 p., pb,
brochado
9,00 €
Hesitei em trazer aqui este livro, porque as primeiras 60
páginas correspondem a “Auto Grafia – O nome do Pai” já aqui referenciado.
No entanto, a leitura atenta convenceu-me. Extensão daquela
(auto)biografia (ou uma versão díspar dela…?), destaca-se agora pelo facto de
as memórias transcritas para o papel se esfiarem ao ritmo das paixões,
namoradas e conquistas (não, não é tudo a mesma coisa…) enquanto que as outras
desfilavam sobre as quatro rodas dos carros conduzidos.
Curiosamente – e essa é uma das razões para este regresso de
Topedro às minhas leituras, a quem admiro a naturalidade das posições femininas
e a sensualidade de muitas – o tom é (enganadoramente?) o mesmo, como se ambas
as (suas) referências biográficas – carros e mulheres – fossem apenas âncoras –
similares? - das suas memórias…
Que, apesar de memórias, são desfiadas (quase sempre) num tom estranhamente distante e desprovido de emoções, como se fosse narrada a biografia de outrem, sem qualquer interesse.
Ou, noutra perspectiva, carros e mulheres funcionariam como
elementos unificadores destes relatos, obviamente complementares, que, no
entanto, podem existir independentemente, como o autor prova nas duas partes
que compõem o actual volume.
Por tudo o que atrás fica escrito, podendo ser um exercício
interessante tentar “montar” a biografia de Topedro a partir dos dois relatos, “combinando”
carros e mulheres em cada momento, fico-me pela proposta da análise das
primeiras quatro páginas de cada um dos relatos, para descobrirem como o mesmo
texto – escrito – embora por ordem diversa, assume tom e significado distinto
de acordo com as imagens que o acompanham…
Algo que, no fundo, talvez se possa classificar como manipulação das
memórias…
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