Mark Millar (argumento)
John Romita Jr. (desenho)
Tom Palmer Sr. (arte-final)
Dan White (cor)
Panini Comics
Espanha, 2010
185 x 280 mm, 224 p., cor,
cartonado
19,95 €
Kick-Ass é uma ode
à violência, ao mesmo tempo que desconstrói, a dois tempos, os cânones dos
relatos de super-heróis.
No início, numa abordagem realista, quando apresenta Dave
Lizewski, um adolescente nerd fã de super-heróis que decide imitá-los,
acreditando que bastava vestir um fato de licra – faltaram-lhe as cuecas por
fora… - para adquirir poderes e sair pelas ruas a enfrentar marginais.
O resultado, mostrado de forma crua por Millar e Romita, é
demolidor (desculpem o trocadilho) para ele, que acaba – durante semanas… -
numa cama de hospital, com muitos ossos partidos, sujeito a várias operações e
a longas sessões de fisioterapia.
Esta abordagem – tivesse Kick-Ass
terminado aqui – faria desta uma obra sobre o fim dos sonhos infanto-juvenis e
o duro despertar para a (dolorosa) realidade da vida.
No entanto, Millar não parou e, num segundo fôlego, leva a
sua abordagem de desconstrução dos super-heróis, para o extremo oposto,
introduzindo Hit-Girl, pouco mais do que uma menina, exímia na utilização de
espadas de samurai, e transforma Kick-Ass
numa explosão de sangue a jorros – e não apenas ‘salpicos’ como lhes chama
Celes J. López no conseguido prefácio – mostrando o que realmente aconteceria
se a violência dos relatos de super-heróis fosse transposta para o mundo real.
E se, pessoalmente, penso que a obra ganharia se tivesse
ficado pela primeira parte - mas nesse caso não teriam surgido as inevitáveis
(e rentáveis) sequelas… - sem concessões reconheço que Kick-Ass, para lá de um regalo para os olhos – sim, eu sou fã do
traço de Romita Jr. – é também uma narrativa que vai além da leitura imediata,
provocadora e (muito) divertida, e desafia o leitor a (re)ler os comics de
super-heróis com outros olhos.
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