Yves Sente (argumento)
Iouri Jigounov (desenho)
Dargaud
França, 22 de Novembro de 2013
220 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
A retoma de séries marcantes ou de sucesso por outros autores
– e falo em termos europeus, obviamente – apresenta dois problemas principais.
Por um lado, a sombra das versões originais é demasiado incómoda,
o que faz com que – geralmente – as novas versões não consigam ser mais do que
clones.
Depois, o suceder de novas aventuras, acaba por esvaziar ou
reduzir a importância dos originais, chamem-se eles Blake e Mortimer, XIII,
Spirou, Astérix ou Lucky Luke. Porque, hoje, usando um dos exemplos que atrás
ficou, Blake e Mortimer não é a obra-prima de Edgar P. Jacobs, mas sim, para o
bem (menos) e para o mal (mais), a soma da dezena de títulos que ele legou mais
os vários volumes que, de forma mais ou menos inspirada, outros escreveram ou
desenharam.
Isso é notório neste segundo ciclo de XIII, de que este álbum,
lançado hoje no mercado francófono, é já o terceiro tomo, onde a sua falta de
memória continua a ser pretexto para novas conspirações, desta vez com a
agravante (bem menos credível do que tudo que Van Hamme alguma vez escreveu na
série) de estar relacionada com alguns dos seus antepassados, que viajando a
bordo do Mayflower, no século XVII, fizeram parte dos fundadores dos Estados Unidos.
A procura de um documento dessa época que, supostamente,
pode mudar a face do país, torna Jason Fly (a verdadeira identidade de XIII) o
alvo preferencial da Fundação e o centro de uma perseguição encetada por
diversas organizações. Betty, o major Jones e o general Carrington, (res)surgem
também na trama que, apesar do que atrás ficou exposto, está bem delineada e escrita
em bom ritmo mas não disfarça um certo sabor a déjà vu…
Por outro lado, graficamente, embora competente – e até com
um traço mais limpo – o russo Jigounov não é Vance e falta a esta nova vida do
amnésico mais célebre da BD o carácter agreste e rude do desenho dos primeiros
álbuns.
Se tudo isto não será um óbice para quem trava agora
conhecimento com uma das séries que mais mal tratada foi em Portugal, para os
que, ao contrário do protagonista - J – têm memória, a leitura acaba por deixar um travo
algo amargo.
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