Edição (mais ou menos!) recente, Ofélia compartilha com outras séries de autora uma visão feminina
do quotidiano.
Tem, no entanto, aspectos distintivos que explano já a
seguir.
Na verdade, na obra da argentina Julieta Arroquy encontramos –
naturalmente – temáticas similares às da argentina Maitena ou da
norte-americana Cathy Guisewite, com a sua visão do mundo centrada na vivência feminina,
nas suas expectativas, sonhos, medos e angústias.
Apesar disso, na verdade, quase se pode escrever que é ‘só’
isso que as une, pois nas tiras de imprensa de Cathy o sexo, as dietas e os relacionamentos são muito mais
obsessivos e nas Mulheres de Maitena
prevalece uma feroz comparação com o sexo dito forte.
Em Ofélia, pelo
contrário, o olhar é mais introspectivo e íntimo, mais centrado nos sentimentos
do que na acção, o que faz com que a carga humorística provoque mais sorrisos tímidos
do que gargalhadas francas.
Mas, a principal nota distintiva nesta obra é gráfica já
que, se o traço de Arroquy – como o das suas parceiras cartoonistas – é simples
e muito legível, distingue-se no aproveitamento diversificado da página e na
forma como joga com as características próprios do seu meio de expressão, a
banda desenhada – com enquadramentos, planificação e códigos específicos – e também
pelas múltiplas citações (gráficas) de outros meios como a pintura, os jogos de
computador ou até objectos do quotidiano, facilmente reconhecíveis e que são um
estímulo extra para estabelecer pontes com as suas leitoras… e leitores porque
nós também podemos sorrir e pensar com Ofélia.
Ofélia: Pare, escute e olhe
Julieta Arroquy
Clube do Autor
Portugal, Novembro de 2013
195 x 255 mm, 96 p., cor, brochado com badanas
12,50 €
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