Mais cedo do que previa, volto a Étienne Davodeau, desta vez
numa obra que junta as pontas soltas do tríptico Geronimo, feito em parceria com Joub.
Para descobrir, já a seguir.
Se a leitura de Geronimo
– que eu (ainda) não fiz - ajudará (com certeza) a compreender melhor o que se
passa neste livro, a verdade é que a informação nele contida é suficiente para permitir
uma leitura autónoma desta obra.
Geronimo é um jovem francês, educado numa comunidade ecológica
(atípica), que sonha partir para os Estados Unidos, “o país dos índios”…
Um dia, para cumprir o sonho, quando a oportunidade surge, foge
da quinta onde vivia e esgueira-se clandestinamente para o interior de um
cargueiro. Já em alto-mar, descobre que se dirige afinal para a Guiana francesa,
onde o destino lhe reserva grandes surpresas e a oportunidade de mudar de vida
e de identidade, de formas que só a leitura de Il s’appelait Geronimo permitirá descobrir.
Como é timbre de Davodeau, esta viagem iniciática, de
conhecimento dos outros e do mundo e (re)conhecimento de si mesmo, num percurso
entre a banalidade europeia e o exotismo sul-americano, a solidão e a necessidade
dos outros, a paz da natureza e a violência urbana, assenta num olhar atento
sobre a sociedade e o ser humano, estando presentes muitas das questões que
desde sempre inquietam o autor.
Isto, mesmo que a abordagem seja aqui um pouco mais leve e
descontraída do que noutras obras de Davodeau – o que não significa que seja esta
uma narrativa de contos de fadas com (desenvolvimento) e final feliz(es). É, isso
sim, escrita à imagem do traço agradável e fluído de Joub, mais simples e caricatural
do que o de Davodeau, e quase sempre servido por cores quentes e agradáveis.
Uma palavra final para o dossier de duas dezenas de páginas
nas quais os autores, com recurso a muitas fotos, explicam o porquê, o como e o
onde do livro que construíram juntos.
Il s’Appelait Geronimo
Étienne Davodeau (argumento)
Joub (desenho)
Vents d’Ouest
França, Abril de 2014
200 x 265 mm, 128 p., cor, cartonado
18,25 €
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