O investimento em originais de banda desenhada e em edições
antigas é um fenómeno recente, em crescimento, que vai conhecer um novo
episódio a partir de hoje e nos próximos dias com leilões online de revistas
com a origem de Superman e Batman.
Pormenores já de seguida.
Nos últimos anos, têm-se multiplicado as notícias de vendas
milionárias relacionadas com banda desenhada. Os números de estreia dos mais
famosos super-heróis, nos Estados Unidos, ou originais de Hergé, criador de
Tintin, na Europa, são recorrentes nesta área e batem sucessivos recordes,
atingindo números inimagináveis há uma década.
Estes resultados, têm contribuído para reforçar o fenómeno e
para levar muitos investidores a aplicar o seu dinheiro num nicho do mercado de
arte até agora exclusivo dos grandes nomes da pintura.
Só a título de exemplo, o leilão em que foi vendido o
original de Hergé que encabeça a lista que está no final deste texto,
ultrapassou os sete milhões, e, há poucos anos, exemplares das revistas Actions
Comics #1 e de Detective Comics #27, respectivamente com as estreias de Superman
e Batman, disputaram ombro a ombro o título de “revista de BD mais cara do
mundo”.
Agora, este mercado vai voltar a agitar-se pois durante este
mês de Agosto vão decorrer dois leilões que prometem disputa renhida por
exemplares cada vez mais raros de revistas aos quadradinhos com 50, 60, 70 ou mais
anos, que na origem foram vendidas por apenas 10 ou 15 cêntimos.
Hoje, dia 14, começa no e-bay o leilão de um exemplar da Action Comics #1, que obteve a classificação 9,0 do Certified
Guaranty Company (CGC), uma tabela que varia de 1 a 10, utilizada para avaliar
o estado de conservação e a raridade de publicações.
Considerado o exemplar mais bem conservado conhecido da
revista em que Jerry Siegel e Joe Schuster publicaram pela primeira vez
Superman, teve apenas três donos. O actual proprietário, que a manteve dentro
de um cofre, durante anos, longe de temperaturas extremas e da luz, para a
preservar, afirma já ter recusado uma oferta privada de 3 milhões de dólares.
Se é este o valor a ultrapassar no leilão é impossível saber, mas esta é uma
edição candidata ao Top 5 das maiores vendas de sempre de artigos de BD
Alguns dias depois, entre 25 e 29 de Agosto, o site Comic Connect, que
detém o recorde da venda da mais cara revista de BD, promove um leilão de
edições que pertenciam a Bob Kane, criador de Batman.
Sem apontar previsões de vendas, o site tem um lote
invejável de revistas à venda. Entre elas estão cópias de arquivo das revistas
Detective Comics #27 a #45 e Batman #1 a #3 e exemplares (alguns com
classificação superior a 9,0 atribuída pelo CGC) das revistas de estreia do Homem-Aranha,
Thor, Hulk, Demolidor ou Archie, que devem garantir muitos milhares de dólares.
É por esta razão que, em especial nos Estados Unidos, muita
gente vasculha sótãos e caves à procura de revistas “premiadas”. Até porque nem todos têm a sorte do empreiteiro que ao deitar abaixo uma parede de uma casa
velha, comprada por 7600 €, encontrou entre os papeis velhos que faziam de
isolamento, um exemplar da Action Comics #1, que vendeu por 130 mil euros!
É por isso que cada vez mais pessoas compram os
números #1 das colecções de super-heróis – que as editoras multiplicam
actualmente – esperando vendê-los, daqui a 30 ou 40 anos, por uma grande
fortuna…
Top 5 vendas de BD
Maio 2014
Páginas de guarda de
Tintin (1937)
Hergé
2.100.000 €
Dezembro 2011
Action Comics #1
(1938)
Estreia Superman
1.600.000 €
Junho 2012
Capa de Tintin na
América (1932)
Hergé
1.100.000 €
Maio de 2014
Capa de Tintin e a
Ilha Negra (1942)
Desenho a
tinta-da-china
Hergé
840.000 €
Fevereiro 2010
Detective Comics #27
(1939)
Estreia Batman
800.000 €
(versão revista do
texto publicado no Jornal de Notícias de 10 de Agosto de 2014)
"É por isso que cada vez mais pessoas compram os números #1 das colecções de super-heróis – que as editoras multiplicam actualmente – esperando vendê-los, daqui a 30 ou 40 anos, por uma grande fortuna…"
ResponderEliminarE isso vai criar novos problemas series mais caras e curtas e 1s a cadda 2 anos ou menos.