Mulher Fatal, que
estreia hoje nos cinemas portugueses, marca o regresso à Cidade do Pecado,
imaginada por Frank Miller na banda desenhada.
Pormenores, imagens e trailer já a seguir.
Segundo filme da franquia, é de novo realizado por Roberto
Rodriguez e Frank Miller e combina duas histórias provenientes dos quadradinhos
- Mais Uma Noite de Sábado e Mulher Fatal – com dois outros relatos
ainda inéditos em BD, um deles The Long,
Bad Night.
A acção de Mulher
Fatal desenrola-se antes do que foi narrado no filme de estreia, em 2005,
embora haja diversos pontos de contacto entre ambas as narrativas, incluindo
algumas cenas cruzadas, e serve para esclarecer algumas questões então deixadas
em aberto, nomeadamente como a cara de Dwight McCarthy (interpretado por Josh
Brolin) mudou radicalmente.
Tudo começa com um lancinante e sensual pedido de ajuda de
Ava (Eva Green, embora aparentemente a primeira escolha para o papel fosse
Angelina Jolie), a Dwight, reacendendo a paixão que ele nunca conseguiu apagar,
que desencadeia uma série de vinganças e nova onda de violência e mortes na Cidade
do Pecado. Aparentemente linear, a história acaba por revelar algumas surpresas,
que contribuem para a tornar mais interessante e chamativa.
Com argumento do próprio Frank Miller em parceria com
William Monahan (já galardoado com um Óscar por The Departed, em 2006), Mulher Fatal marca também o reencontro com
Marv (Mickey Rourke) e John Hartigan (Bruce Willis), bem como com as belíssimas
e sensuais – mas também mortíferas - mulheres da Cidade Velha que já
conhecíamos da primeira fita: Nancy Callahan (Jessica Alba), Miho (Jamie Chung)
ou Gail (Rosario Dawson). A eles juntam-se agora Bertha (Lady Gaga), Manute
(Dennis Haysbert) e Joey (Ray Liotta), entre outros.
Mais uma vez, nas filmagens, Rodriguez e Miller recorreram a
câmaras digitais de alta definição, tal como no primeiro filme, tendo os
actores contracenado à frente de um cenário verde, sendo os fundos ou elementos
como os edifícios ou os automóveis adicionados posteriormente. Apesar de o
filme apresentar mais uma vez uma estética própria, que de alguma forma tenta
transportar para o ecrã o preto e branco contrastante que é imagem de marca da
BD (ver caixa), ele foi todo filmado a cores, sendo convertido para preto e
branco de alta definição apenas na fase de pós-produção. Dessa forma, é
possível preservar a cor pontualmente em roupas, objectos, olhos ou lábios,
para conferir destaque a esses elementos.
A proximidade ao conteúdo violento e, em especial, erótico
da banda desenhada levantou a Sin City
alguns problemas com os moralistas códigos norte-americanos, o que levou mesmo à
interdição de um dos trailers nas televisões, à classificação de outro para
maior de 18 anos, e a proibição de um dos cartazes, pois supostamente seriam
demasiado reveladores.
Sin City nasceu
aos quadradinhos em 1991, na revista Dark
Horse Presents.
Tal como outras criações de Frank Miller, a outros níveis, provocou
uma ruptura com o que até aí a BD tinha feito, dessa vez em termos de policial.
Amoral e violento, com doses generosas de sangue e sexo, destacava-se
igualmente pelo grafismo, assente num traço (quase) indefinido, baseado em
manchas de branco e negro, altamente contrastantes, numa ou noutra narrativa
pontuado aqui e ali pela utilização de pequenos apontamentos de uma cor.
Sin City está
integralmente editado em Portugal pela Devir, em sete volumes lançados entre
2003 e 2012.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 28 de Agosto de 2014)
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