Concretizar sonhos serve para nos tornar felizes ou, pelo
contrário, esvazia-nos pois é ‘o sonho que comanda a vida…’?
Ou, aplicando a ideia a Par
perfeito, unir o Super-Homem e a Mulher Maravilha finalmente como casal (perfeito?)
satisfaz os fãs que (pensavam que) o queriam - como bem explana Filipe Faria na
introdução – mas esvazia a narrativa do que a tornava tão forte - a tensão
sexual latente entre os dois - ou deixa-os a salivar pelo (super-)passo
seguinte, a concretização carnal da união - umas quantas vezes prometida nesta
centena e meia de pranchas…?
Independentemente disso – e o ponto central de Par perfeito é, sem dúvida, a
concretização do super-casal DC, e a forma como a sua (des)estruturação vai avançando
- esta é uma história escorreita, sem surpresas de vulto, para além daquela
maior, baseada na forma como tentam (ou não…) encaixar-se na sua nova realidade
e no combate (a dois…?) de ameaças provenientes dos respectivos universos e
passados a solo, aqui e ali com um grau de violência visualmente acima do que
nas histórias de super-heróis é vulgar.
Graficamente, se Tony Daniel denota algumas dificuldades com
a anatomia humana, em especial com a constância e expressividade dos rostos,
acaba por o compensar com uma planificação que usa e abusa das pranchas duplas,
de belo efeito visual e, pontualmente, também capazes de detalhar pormenores da
acção contra o fundo expandido, e pelas longas sequências (quase) puramente visuais
impregnadas de grande dinamismo.
A primeira, tem a ver com o absurdo que (geralmente) constituem
estes recontos e recomeços dos universos de super-heróis onde, para além de
pedirem aos leitores para esquecerem, pura e simplesmente, muito do que até aí
era uma evidência inegável – como o facto de durante décadas o Super-Homeem e
Lois Lane terem sido o… par perfeito – aplicam aos protagonistas lavagens cerebrais
semelhantes mas selectivas – porque razão o Super-Homem recorda o Apocalipse
mas desconhece quem é Zod?
A segunda, mais importante talvez no contexto desta análise,
é a certeza que fica de que o ‘par perfeito’ tem os dias contados e afinal de
contas aquilo que parecia evidente – que dois dos mais poderosos seres à face da
Terra estavam (desde sempre?) condenados a ficarem juntos – têm mais a
separá-los do que a uni-los. Para além de aspectos fulcrais nas suas
idiossincrasias – o Super-Homem preza a vida acima de tudo, Diana relativiza-a
em função das circunstâncias; ele quer a todo o custo ser (parecer?) igual aos
humanos que o acolheram (daí a sua identidade secreta), ela, como deusa e ser
superior, pouco mais do que os suporta… - é na forma como vivem a nova relação –
ele, receoso e inseguro e priorizando-a sempre a seguir ao salvamento de vidas,
ela de forma apaixonada e com uma entrega total mesmo quando isso vai contra a
sua forma de ser e de estar – que ao longo das páginas adivinhamos que a
ruptura, não sendo para já – os fãs têm direito a um momento de felicidade… -
chegará mais cedo do que seria espectável…
Colecção DC #14
Inclui Superman/Wonder
Woman #1-7 (Vol 1)
Charles Soule (argumento) e Tony Daniel (desenho)
Levoir / Público
Portugal, 5 de Maio de 2016
175 x 265 mm, 176 p., cor, capa dura
9,90 €
Como seria uma sessão de sexo entre estes dois? Será que o SH cosegue ter uma 'erecção de aço'? Seria uma sequência quase infidável de 'Rapidinhas'? Questões..questões...
ResponderEliminar